O Suicídio Das Pedras

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De tanto pensar, um dia desses meu travesseiro vai engolir minha cabeça. Meus restos mortais ficarão jogados pelo quarto, que há muito tempo não vê uma pá e uma vassoura. Perto de uma mochila jogada no chão, ao lado de camisas sujas. Não confunda minhas entranhas com versos em um papel amassado. Os versos pesam mais. Não se incomode com o cheiro, é cheiro de ilusão. Ilusão que, por tanto tempo era bombeado junto com meu sangue. Meu coração ficou confuso, as mesas não tinham cadeiras, então deitei no chão e chorei. Um dia a gente acorda com vontade de cortar os pulsos, fazer uma última tatuagem, onde não haverá tempo pra cicatrização. Mas a gente erra o corte, não afiamos a faca da forma correta. Não temos tinta suficiente pra isso. Cada dia a mais é um dia de derrota, se engana quem pensa o contrário, a mãe natureza não vem. O coração não para de bater. A natureza é cruel, mata as crianças erradas. Não cortem o cabelo delas. Cortem meus pulsos. Eu coleciono navalhas, pra não ter que colecionar novas tristezas. Já colecionei milhões de dias vividos em vão. Mas eu insisto em acordar. Eu sempre acordo. "Talvez hoje seja diferente."

Desastre: Poesia e TristezaOnde histórias criam vida. Descubra agora