Gabriela aos 24 anos dedicou a sua vida apenas a estudar, sem permitir distrações. Está noiva de um homem que não ama, ela sabe que o amor vem com o tempo.
O que Gabriela não sabe é que sua vida mudará drasticamente durante uma viagem comemorativa...
Nunca achei que estaria em uma situação assim, em outro país procurando por minha noiva. Gabriela desapareceu há exatos 12 dias, a última vez que nos falamos ela estava em Aruba prestes a desembarcar em um cruzeiro. Agora estou conversando com um antigo colega de curso, de quando fiz uma especialização e treinamentos operacionais antes de me tornar delegado. Mike Morgan e eu nos tornamos amigos depois do final do curso, por isso pedi ajuda a ele. Eu estava desesperado, minha noiva não me amava como eu a amava e sabia disso, mas estava disposto a dedicar cada dia da minha vida a fazer com que seus sentimentos por mim crescessem.
Conhecemo-nos há bastante tempo, somos praticamente amigos de infância e eu sempre fui louco por ela. Gabi é uma mulher linda, forte e decidida. Começamos a namorar há três anos e nunca tivemos um contato mais íntimo. Decidimos esperar para depois de casados. Não, eu não sou um santo se é o que estão pensando, apenas respeitei a decisão dela, e em todo nosso tempo de noivado eu nunca fiquei com nenhuma mulher, eu a respeitava acima de tudo. Sabia que a espera valeria a pena.
Já fui um cara que tive muitas mulheres e nunca escondi dela, contei a vida que levava antes do nosso compromisso. Eu era um mulherengo de primeira.
Tínhamos os mesmos objetivos, frequentávamos a mesma igreja e seus pais me adoravam. Tínhamos tudo para uma vida conjugal perfeita.
Estava sendo um momento complicado para os pais da Gabi, a Fernanda voltou da viagem aos prantos dizendo que suas duas amigas haviam desaparecido no cruzeiro. Imediatamente comecei uma investigação, junto com meu sogro que é juiz. Entramos em contato com várias pessoas conhecidas que poderiam nos ajudar. Aqui e nos Estados Unidos.
Como duas pessoas podem sumir de um navio no meio do mar? É isso que estou tentando descobrir aqui.
Já cogitaram a hipótese de suicídio, coisa que a Gabriela nunca faria, nunca mesmo. Outra foi a de que ela não queria ser encontrada e estava em uma aventura. Ela nunca deixaria os pais preocupados assim, eles eram tudo para ela e não faria nada para desapontar nenhum dos dois, ela presava a família acima de tudo.
Agora acabei de ouvir do Mike que tinha uma grande possibilidade de ela ter sido sequestrada por traficantes de mulheres. Isso estava acontecendo muito por aquela região do Caribe, por isso eles estavam tentando desmanchar a quadrilha.
— Rafael, faremos o possível para encontrar sua noiva, eu te garanto. — Alguém bateu na porta e ele autorizou a entrada. Ele se levantou para fazer as apresentações.
— Que bom que pôde vir, Sr. Maldonado, esse é o Rafael Lacerda, um amigo meu, ele está à procura da noiva dele e, como sabemos, o senhor teve acesso ao último leilão. — Ele estende a mão para mim e logo senta ou meu lado. — Temos esperança de que o senhor possa nos ajudar.
— Espero ser útil, Mike. — Ele olha fixo para mim. — Como posso ajudar?
— Rafael, o Ian está nos ajudando com as investigações, ele teve a noiva sequestrada há alguns anos assim como você, mas infelizmente demorou muito para constatar o desaparecimento e sabemos que em muitos casos não encontramos as vítimas.
— Espero que não seja o seu caso — o homem fala.
— Tenho fé em Deus que não — digo com a certeza que tenho no coração.
— Também espero que não.
— Essa é a noiva do Rafael que desapareceu em um cruzeiro há 12 dias. — Ele estende a foto para o Ian e continua a falar: — Achamos que como você participou do leilão próximo a data do desaparecimento dela...
— Espera, sua noiva era virgem? — ele me pergunta com cara de espanto olhando para a foto.
— Isso vem ao caso? — pergunto já sabendo que só participava do leilão as virgens ou extremamente lindas, e a Gabriela se enquadra perfeitamente nos dois quesitos. Ele fica um tempo olhando a foto, seu maxilar trincado, sacode a cabeça entregando a foto de volta para o Mike.
— Não me lembro de ter visto, esse é o tipo de mulher que não se esquece quando vê. — Sinto um tom de provocação em sua voz. Definitivamente eu não gostei desse cara.
— Tem certeza, Sr. Maldonado? — Mike pergunta. — Insisto para que olhe melhor a foto e...
— Não esqueceria se tivesse visto uma mulher assim. Não mesmo. — Ele devolve a foto. — Sinto muito não poder ajudar.
— Tudo bem, mas se souber de...
— Avisarei, pode ficar certo disso. — Me levanto para sair, pois minha conversa com o Mike já estava encerrada e ele tinha assuntos para tratar com o tal Sr. Maldonado.
— Obrigado, Mike, foi bom reencontrar você mesmo que nessas circunstâncias. — Estendo a mão para o Ian. — Foi um prazer conhecê-lo.
Saio da sala deixando os dois sozinhos e vou rumo ao elevador, tenho que ligar para o meu sogro que está louco por notícias, que infelizmente não são boas. Procuro meu telefone e não encontro.
— Deve ter caído do bolso. — Volto para a sala, mas antes de abrir a porta que havia deixado entreaberta ouço o Ian falar para o Mike.
— Mike, esse seu amigo é um idiota, eu nunca deixaria uma mulher dessas viajar sozinha, ainda mais sendo minha noiva. Com toda certeza eu não sairia do lado dela.
— O Rafael fala da noiva dele com verdadeira adoração, ele é louco por ela, então não o julgue, Ian.
— Não estou. — Para não ficar uma situação constrangedora, os espero terminarem de falar para entrar na sala, tenho vontade de entrar e falar umas boas verdades para esse idiota. Quando percebo que o assunto acabou, bato na porta.
— Pode entrar.
— Desculpe, esqueci meu celular. — Peguei o aparelho que ficou na poltrona — Deve ter caído. Até mais, rapazes.
Saio da sala sem olhar para a cara do sujeito, achei muito estranho a reação dele quando viu a foto dela, parecia com raiva, apreensivo, foi tão rápida sua reação que não pude identificar o que era. Uma coisa ele tinha razão, minha noiva é uma mulher linda e eu um babaca por ter a deixado viajar sozinha. Deveria ter acompanhado.
Entro no táxi e sigo para o hotel onde estou hospedado, em dois dias eu volto para o Brasil, já estou há seis dias aqui e preciso voltar ao trabalho. Confio no Mike e sei que ele vai levar essa investigação a fundo.
Uma angústia toma conta de mim, um medo e sensação de perda que me assustam, apertam meu peito. Sinto vontade de chorar por causa do fracasso, mas não vou desistir de encontrar minha futura mulher, minha amiga, meu amor.
— Gabriela, onde você está? — Encosto a cabeça no banco do táxi, respiro fundo e tento pensar que nem tudo está perdido. — Ainda vou te encontrar. Sei que vou.
Faz vinte e oito dias que minha noiva desapareceu sem deixar rastros, estamos em uma busca incessante sem retorno. Estou na delegacia quando meu telefone toca interrompendo minha análise de investigação.
— Delegado Lacerda...
— Rafael? Aqui é o Mike. — Meu coração dispara, me sento ereto na cadeira. — Acabamos de receber informação sobre o caso da sua noiva.
— Mike, isso é ótimo...
— Suspeitamos que ela esteja em uma ilha nas Bahamas, vamos até lá em dois dias — ele fala me fazendo abrir um sorriso.
— Estou embarcando para Miami no primeiro voo.
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