Depois de colocar as velhas botas, e envolver seu xale nos ombros, Jane afundou os pés na camada de gelo que se formara no chão e caminhou contra o vento frio que soprava ferozmente em seu rosto. Levava consigo a cesta com as geleias e conservas, rumando direto para a casa onde o pároco, a esposa e os filhos moravam. Àquela altura, pensou ela, suas irmãs já estariam em Shropshire. Não podia deixar de sentir um temor no coração como se a decisão de deixar que elas fossem para lá talvez não tivesse sido a certa. Mas também podia apenas estar sendo tola. De qualquer forma, se continuassem naquele estado em que viviam, suas irmãs não teriam chance de um futuro promissor, como teriam na casa do rico Radford.
Estava tão distraída que quase passou da casa dos Wiltshire. Jane parou em frente à porta de madeira e bateu de leve, observando a entrada e os arredores cobertos pela neve.
- Entre, querida! - pediu a Sra. Wiltshire. - Venha, dê-me aqui essa cesta - e ela a tomou gentilmente de suas mãos, guiando Jane até a sala.
Assim que entrou no cômodo, Jane percebeu o Sr. Wiltshire e o filho mais novo sentados numa cadeira, em frente à lareira. O pároco lia um jornal, enquanto Frederick mantinha-se entretido com o gatinho que estava sobre seu colo. O filho mais velho, Patrick, encontrava-se de pé, com a cabeça repousada no braço que estava encostado na cornija, e a outra mão reavivando as chamas com o atiçador. Os três pararam suas atividades para fitá-la.
- Srta. McCarthy - saudou Patrick e seus olhos se demoraram nela por um tempo considerável.
- Olá, Sr. Wiltshire! Olá, Frederick - ela saudou os dois que estavam sentados e depois voltou-se para o jovem que estava de pé. - Olá, Patrick!
Ele sorriu e a cumprimentou, deixando que a mão dela se encaixasse levemente na sua e apertou-a com gentileza.
- Sente-se aqui, Jane - pediu Patrick, indicando uma cadeira para ela.
- Oh, não, eu não quero incomodá-lo; e, além do mais, não ficarei por muito tempo - informou.
- Bobagem - insistiu o jovem, persuadindo-a a aceitar o convite.
Sem conseguir se esquivar, Jane acabou cedendo e sentou-se. Tinha de confessar que a sensação de estar numa sala tão bem aquecida era extremamente agradável, ainda mais para ela que não podia dispor de tal luxo.
- Como estão suas irmãs? - inquiriu Frederick, mas a verdade é que a única que o interessava era Kimberly.
- Bem, Frederick - respondeu Jane, tentando conter um riso.
- Eu não as vi na igreja domingo. Aconteceu alguma coisa? - observou o pároco.
- Elas foram convidadas a viajar, Sr. Wiltshire, para a casa de uma pessoa muito querida, e eu permiti que fossem.
- E por que você não foi também? - perguntou, franzindo o cenho.
- Eu preferi permanecer, pois há muitas coisas a se fazer por aqui - explicou com firmeza. Não queria falar sobre o assunto e achou por bem se despedir. - Eu tenho mesmo que voltar, Sr. Wiltshire.
- Não vai ficar para tomar ao menos um chá? - interpelou Patrick com certa urgência na voz.
Assim que abriu a boca para declinar do convite, a Sra. Wiltshire adentrou a sala, carregando uma bandeja.
- Desculpe a demora, querida Jane - disse ela, enquanto depositava a bandeja em uma mesinha. - Mas os biscoitos ainda estavam muito quentes e queria servi-los na temperatura ideal! Sabe como sou com essas coisas, não é?
Jane sorriu e correu para ajudá-la.
O pároco e os filhos sentaram-se em cadeiras, deixando que as duas damas permanecessem no sofá. Conversaram um pouco e, assim que sentiu que já estava tarde, Jane despediu-se.
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