Capítulo 16

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De olhos fechados, o menininho sentia a brisa do vento suave e calma, trazendo o cheiro das rosas colhidas de seu jardim. Ele ergueu o rosto para sentir o sol tocá-lo, enquanto ouvia os pássaros cantando.

- Edward, meu querido - gritou Eleanor ao longe.

O pequeno abriu rapidamente os olhos e, agitado, correu pelo gramado, indo de encontro a sua mãe que estava ajoelhada. Ele ajoelhou-se ao lado dela e percebeu que havia uma linda borboleta, de asas azuis, sobre seu dedo indicador. Eleanor olhou para o filho e fez sinal para que ele ficasse quieto.

- Está vendo essa borboleta, Edward? - Com delicadeza para que ela não voasse, Eleanor girou para que o filho pudesse observá-la melhor.

- Sim, mamãe. É apenas uma borboleta - ele desdenhou.

Eleanor sorriu.

- E você sabe o que ela era antes de se tornar uma borboleta?

- Uma lagarta feia e nojenta - respondeu com uma careta.

- Você a achava feia e nojenta antes? - reforçou Eleanor.

O menino fez que sim com a cabeça.

- Mas ela se transformou, não foi? E ficou muito bonita. - Edward concordou, mas não compreendeu exatamente onde sua mãe queria chegar com aquilo. - Mas e se ela não tivesse se transformado e, em vez disso, tentasse se disfarçar dizendo que era uma borboleta usando duas folhas de cada lado?

A ideia absurda de uma lagarta usando folhas para fingir ser uma borboleta fez Edward dar risada.

- Ela continuaria sendo uma lagarta feia e nojenta!

- Sim, Edward, ela ainda seria uma lagarta - firmou Eleanor. - E, além de ser uma lagarta feia e nojenta, como você diz, ela seria uma mentirosa, pois estaria tentando enganar aos outros.

Edward riu e protestou.

- Mas as pessoas iriam perceber, mamãe!

- Talvez não num primeiro momento se observassem de longe. Mas, quando chegassem perto e pedissem a ela que voasse, ela não conseguiria, então a verdade iria aparecer. Saberiam que ela tentou enganá-los.

Eleanor sacudiu o indicador e a linda borboleta bateu suavemente suas asas e voou, pousando em uma flor próxima. Edward a observou e depois voltou a atenção para a mãe que acariciava seus cabelos.

- Entenda o que eu quero dizer, meu filho. Se quiser ser como aquela borboleta, você precisa se transformar verdadeiramente. Nunca esconda ou diga meias verdades a alguém. A mentira nunca, nunca fica encoberta por muito tempo.

Edward abriu os olhos de repente e sentiu como se o ar houvesse se esvaído de seus pulmões. Viu-se perdido e olhou ao redor sem saber as horas. Como estava escuro e o quarto era iluminado apenas pelas estrelas, deduziu que ainda fosse de noite. As cobertas o sufocavam e, sentando-se, jogou-as para o lado. Que lembrança havia sido aquela?! Certamente fora sua consciência pesada que o fizera reviver aquele momento.

Ainda um tanto ofegante, Edward levantou-se, acendeu uma vela, vestiu a calça e a camisa, e desceu as escadas em busca de ar. O quarto parecia sufocante e ele sabia que não conseguiria voltar a dormir. Não depois daquele sonho. Não com aquela sensação angustiante em seu peito.

Edward foi até a biblioteca. As grandes janelas estavam com as cortinas fechadas e por isso o ambiente estava bastante escuro. Ele pousou a vela sobre a mesinha, ao lado do vaso de cristal e caminhou até as janelas. Abriu-as e afastou as cortinas, permitindo a entrada da luz e da brisa que percorreu o cômodo.

Nunca Tinha sonhado com a mãe depois do falecimento dela. Ele sabia o significado daquela lembrança em sua mente, mas não sabia se era capaz de afastar o medo que sentia de perder sua Jane. Ficou a divagar sobre o assunto, quando foi surpreendido pela voz feminina que o assustou, fazendo com que ele se levantasse rapidamente como um ladrão que tivesse sido pego.

Tudo o Que Mais Importa (Versão Wattpad)Onde histórias criam vida. Descubra agora