Devido a uma noite insone, ao alvorecer, Edward decidiu cavalgar. Pensou que o exercício fosse capaz de fazer com que aquela ansiedade que o tomava pudesse se dissipar, mas a visão das prímulas, campanulas e toda sorte de flores que encontrou pelo caminho, só fez com que ele se recordasse ainda mais daquela que habitava seus pensamentos e seu coração.
Jane estava a um dia de partir, e a promessa de não tê-la mais ali o afligia grandemente. Embora tivesse passado boa parte daquelas semanas tentando escapar dela, de tudo que ela representava e de tudo que ela o fazia sentir, saber que Jane estava perto lhe era reconfortante. A consciência de que poderia ter um vislumbre daquele sorriso espontâneo, dos olhos gentis e de toda sua figura delicada fazia com que ele se regozijasse de uma paz que há muito não sentia.
O Sol que Edward vira saudá-lo timidamente ao nascer do dia, agora beijava seu rosto sem nenhum pudor. Já havia passado muito tempo cavalgando a esmo pela propriedade e nem sequer sabia ao certo em que parte de Worthen estava, quando reparou que já deveria estar em casa.
Cavalgou de volta. Ao chegar, Elliot saudou-o e entregou-lhe uma missiva. Edward pegou o papel de suas mãos e franziu o cenho quando viu que era uma carta de Annabelle. Já fazia algum tempo que ele e ela não tinham nenhum tipo de contato. Na verdade, desde a chegada das irmãs a Worthen, Edward e Annabelle nunca mais haviam se visto ou se falado. Ele sabia que provavelmente não era o único amante da bela cantora, ainda que ela fizesse questão de exibi-lo como se fosse.
Ele precisava respondê-la, mas antes de seguir para o escritório, não resistiu à curiosidade de saber sobre o paradeiro de Jane:
- Sabe onde está a Srta. Jane?
- Está em seu quarto com sua tia e a prima dos McFarland, senhor - informou-lhe.
- Está bem, Elliot, obrigado - agradeceu e se retirou da presença do mordomo.
Edward rumou para o escritório e sentou-se em sua escrivaninha. Molhou a ponta da pena na tinta preta e posicionou-se para escrever. Pedia na carta que Annabelle o esquecesse. Não usou palavras ríspidas como seria do seu feitio em outros tempos, mas deixou muito claro que não haveria mais nada entre eles.
Depois de terminada a carta, Edward pediu a um dos criados que a levasse ao mensageiro. Não iria esperar para enviá-la. Queria resolver aquela situação o mais rápido possível, pois se, de fato, ele realmente fosse seguir seu coração, precisava se ver livre da amante.
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- Mal posso acreditar que você irá embora, querida Jane - lamentou Charity, sentada na cama ao lado de Catherine, observando a amiga dobrar seus vestidos.
- Eu também não compreendo! De fato, não compreendo! - reclamou Catherine. - Minha querida, você já falou com Edward? O que ele acha disso? - quis saber.
As duas mulheres olharam para ela. Enquanto Charity aparentava apenas uma curiosidade comum, a matrona a analisava com cuidado, avaliando-a e Jane não pôde deixar de notar aquilo.
- O seu sobrinho foi o primeiro a saber - disse e percebeu a decepção no olhar de Catherine.
A matrona que, secretamente, acalentava a esperança de que seu sobrinho e Jane viessem um dia a se apaixonar, sentiu-se bastante frustrada por saber que aquela possibilidade havia se perdido e que Edward não havia feito nada para persuadir a jovem a ficar.
Jane caminhou até a penteadeira e recolheu alguns de seus pertences. Repetiu o mesmo processo pelo menos mais duas vezes até ver que não havia mais nada ali que fosse seu. Então pegou o livro de poemas que Charity havia lhe emprestado e aproximou-se dela. Estendeu-lhe o volume para devolvê-lo.
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