Na Contra Mão Do Amor

2

"Da próxima vez eu me mando, que se dane meu jeito inseguro, nosso amor vale tanto [...]" - Rita Lee.

Sim, este trecho da música define a vida de Tainá neste momento, se bem que a parte "nosso amor vale tanto", nosso talvez não fosse a palavra ideal. Se ela estivesse apaixonada e ele não? Se o sentimento dele fosse apenas amizade? Será que ele tinha interesse por ela? Eram muitas perguntas sem respostas e iria continuar daquele jeito se ela não tomasse uma posição. Mas, como se abrir para alguém que nem ao menos continuaria estudando na mesma escola ou melhor, ela nem sabia para que escola ele iria. Mil perguntas atormentava Tainá, mas ela decidiu deixar tudo aquilo de lado e seguir para mais um ano letivo, talvez o que aconteceu no ano anterior foi apenas uma " paixonite" que logo iria passar, é como dizem: quem vive de passado é museu.

O ano começou sem muitas mudanças na classe, algumas pessoas saíram, outras chegaram, mas nada que agradece os olhos e a mente de Tainá, então ela e sua amiga Luana, decidiram que naquele ano elas seriam mais estudiosas do nunca.

Elas foram as primeiras da turma todo o ano, mas sempre que tinha uma aula vaga elas iam com o restante da turma para o último andar do colégio, numa sala abandonada, para brincar de "verdade ou desafio", brincadeira que gerava muitos beijos, mas não havia sentimentos, não para Tainá. Afinal, ela só conseguia pensar em uma pessoa e infelizmente não era quem ela estava beijando naquele momento.

Nos jogos apenas o pessoal da turma participava, Tainá não entendia muito bem o porquê que toda vez que caia em Rodrigo ele escolhia desafio e faziam ele beija-la. Ok, ela era um tanto quanto lerda para observar que alguém estava gostando dela, mas não era possível que ele sentia alguma coisa. Então certo dia perguntou a sua fiel escudeira, Luana, se ela havia reparado no comportamento de Rodrigo.

- Olha amiga, eu acho que ele "tá afim" de você.
- O quê? Desde quando? Aaaah, fala sério! - Tainá, parecia incrédula com a afirmação da amiga, ela não sentia nada por Rodrigo, mas não gostava de magoar as pessoas.
- É sério, às vezes ele fica lerdo te olhando na aula, principalmente quando você está lá na frente apresentando alguma coisa, o cara fica babando, já até pensei em lhe oferecer um babador, hahaha.
- Não pode ser, você tá de brincadeira com a minha cara, hahaha.

Não que Rodrigo fosse feio ou algo parecido, ele era bem simpático, moreno, dos olhos pretos feito carvão, alto, vivia com o cabelo raspado e era sempre atencioso. Mas, ele não chamava atenção de Tainá, não despertava nenhum sentimento além da amizade que os dois tinham, então, para ela não havia porque ele nutrir algum outro tipo de sentimento.

Depois que ela ficou sabendo disso evitou ficar participando dos jogos de "verdade ou desafio", afinal ela já havia se machucado com essa história de gostar de alguém e não ser correspondida, pretendia não deixar ninguém sofrendo por sua causa.

O ano estava chegando ao fim quando a mãe de Tainá a chamou para uma conversa.

- Filha, tenho uma novidade para você. Sei que você gosta de mudanças, mas não sei se especialmente essa, irá lhe agradar. - Disse Joana cautelosamente.
- Sim, continue. - Tainá não estava muito interessada na conversa, queria apenas que acabasse logo para que ela pudesse ir fazer alguma coisa interessante.
- Então, vou falar de uma vez por todas. Seu pai mudou de emprego e nós conseguimos uma bolsa para você estudar em outra escola e ano que vem você irá mudar.

Tainá estava digerindo a informação, no primeiro momento pensou em ficar super brava, ela já tinha se acostumado com a escola, os amigos, os professores até mesmo os funcionários. Mas, mudar nem sempre foi ruim, então ela respondeu:

- Ah, OK! Mas, se eu não me adaptar ano que vem, no próximo posso voltar pra escola antiga?
- Podemos pensar a respeito disso, mas por favor não dificulte as coisas.

Tainá, sempre foi uma boa filha (pelo menos ela pensava assim), era obediente na maioria das vezes, batia de frente quando algo não a agradava, mas sempre respeitou seus pais, não dava nenhum palavrão na frente deles, se esforçava para tirar as melhores notas, afinal para a mãe dela "estudar era obrigação" e tirar notas altas fazia parte disso.

Então ela entrou no Messenger (MSN) para dar a nova notícia a sua amiga da escola.

Tainá: Oi amiga, tenho uma novidade.
Luana: Espero que seja boa, fala.
Tainá: Não sei, é booooa...
Eu não vou ser mais da sua turma ano que vem, a minha mãe vai me matricular em outra escola.
Luana: Hum, não é tão boa. Mas veja pelo lado bom, vamos poder ir uma para festa da outra, vai ter mais gatinhos, mais gente pra resenhar, vai ser legal.
Tainá: É... Tomara que seja, vou sentir sua falta.
Luana: Hellooo ! Nós vamos poder nos ver aos fins de semana.
Tainá: Mas não será a mesma coisa, vou ter que fazer novas amizades.
Luana: espero que o pessoal do seu novo colégio seja legal.
Tainá: é... Eu também.
Tenho que sair aqui, beijo.

Mais um ano escolar se passou e agora Tainá terá que começar de novo em outra escola, será que ela vai se adaptar? Fazer novas amizades? Conhecer um novo amor? Talvez fosse realmente melhor ela mudar de escola, respirar novos ares, esquecer o passado...