Conversas

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A,
Eu estava tão cansada que nem sentia meu corpo e sinceramente, a última pessoa no mundo que eu queria ver era o German, mesmo depois daquele beijo. Eu não aguentava mais tantos problemas. Estava exausta.

– Angie... – Eu simplesmente não acreditava que estava escutando aquela voz. De todas as pessoas possíveis para me visitar, o primeiro teria de ser logo ele?

Não falei absolutamente nada. Fiquei olhando para aquele ser humano por alguns segundos, até ele se aproximar e sentar ao meu lado em uma pequena cadeira que se encontrava ao lado da cama.

– Perdão. – Foi o único que ele falou.
Esperei alguns minutos, imaginando que fosse falar algo ou pelo menos olhar para mim, mas ele não o fez.

– Eu sinto muito, German.

– Sente muito? Como assim? – Escutei sua voz rouca ecoar pelo quarto e ele me observou com os olhos tristes.

– Eu não posso perdoar você. Não agora.

Ele fechou os olhos e respirou fundo, como se estivesse procurando forças para conseguir falar alguma coisa.

– O que você sente por mim? – Perguntou baixinho.

– Eu amo você, German Castillo. Mas meu coração está totalmente destruído.

– Eu também amo você. Muito.

Ele ficou me observando por um momento e hesitou um pouco antes de levantar a mão do colo e pôr sobre a minha.

– Preciso que você fique bem.

– Eu vou ficar, foram só alguns arranhões e...

– Não. Preciso que você fique bem consigo mesma. – Ele suspirou ao falar as últimas palavras.

– Não sou eu quem precisa ficar bem. Meus únicos problemas são um coração quebrado e uma costela fraturada, mas esse segundo problema já está bem encarregado. – E sorri ao falar aquilo.

– E o primeiro?

– O primeiro problema, deixa que o tempo resolve.

– Nós dois podemos resolver juntos...

Respirei tão fundo que quase mandei ele sair do quarto, estava sem paciência.

– Não quero que isso seja assim. Não quero resolver assim. Não quero me envolver mais. Então, por favor, deixe-me sozinha ou vá e peça pra alguém que queira falar comigo sobre um assunto que não seja esse entrar.

Ele ficou me olhando, então levantou e saiu. Fiquei observando a porta por um tempo, parada. A porta, não eu.


G,
Eu percebi o erro que cometi e não me restava mais nada fora tentar reconquistar ela. Ou desistir. Um dos dois. E eu tinha que escolher. Era difícil pra mim porque eu estava brincando com a felicidade dela. Ela falou que é submissa a mim e se isso é verdade, ela me ama e tendo isso como referência, eu não poderia magoar ela outra vez. Já bastava de dor. Não queria ver ela sofrendo novamente por mim. Então se eu quisesse ficar com ela, teria de fazer direito, sem erros. Sem mágoas e com amor, muito mais amor.

– German... Como está a Angie? – O Pablo tinha se aproximado e eu nem notei.

– Ela está bem. Melhor agora, suponho.

– Como assim melhor agora? Eu não entendi.

– Minha presença não pareceu muito bem-vinda pra ela. – Passei a mão lentamente pelos fios de cabelo e percebi que ele acabou entendendo o que eu quis dizer.

– Será que eu poderia entrar?

– Espero que tenha mais sorte que eu. – Coloquei as mãos nos bolsos da calça jeans.

– Você sabe que ela te ama, não sabe? – Ele me olhou antes de pôr a mão na maçaneta da porta.

– O que faltou não foi amor, foi coragem.

– German, vocês se amam. Vão ser felizes juntos.

– E quem disse que amor é sinônimo de felicidade? – Ri e balancei a cabeça.

Ele me ignorou e entrou no quarto. Sentei-me ao lado da Violetta que pelas graças de todos os santos ficou calada e não me perguntou nada sobre a Angeles. Ela deve ter percebido como eu entrei e como acabei saindo.

A,
Duas horas. Exatamente duas horas conversando com o Pablo. E foi como colocar minha cabeça no lugar, tirar o peso dos meus ombros.

Eu estava muito mais tranquila agora que tinha conversado com alguém sobre o German que não fosse o German. Especialmente quando esse alguém é o melhor amigo.

Já tinha anoitecido e as únicas pessoas que estavam comigo era a minha mãe e o German. Ele não havia saído da sala de espera desde que conversou comigo.

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