Angeles observava o nome brilhar na tela e respirou fundo para aceitar a ligação.
– TIA!!! – A voz de Violetta causou certo alívio, mas a decepção também estava presente.
– Oi meu amor, como você está? – Falou baixo segurando o celular com uma das mãos enquanto terminava de se arrumar.
Elas conversaram durante alguns minutos sobre Leon e Angie desligou a ligação, ainda sentindo as mãos trêmulas ao temer que quem ligava era o dono do celular.
Encostou a cintura no móvel e pôs as mãos na cabeça. Tentou segurar as lágrimas que estavam prestes a descer, mas não conseguiu. Desabou por alguns minutos e foi apelar para a maquiagem em seguida. Não poderia perder essa festa de forma alguma. Precisa começar a se divertir com outras pessoas e essa noite ela iria conseguir.
– BUENOS AIRES, ARGENTINA –
Ele estava em seu escritório, observando a porta com certa frustração. Esperava que pudesse vê-la entrando enquanto brigava por ele ter feito algo errado. Suspirou e ficou batendo a mão de leve na mesa, tentando entender o que estava acontecendo. Desde que ela tinha ido embora, não ficou em uma situação muito desastrosa, mas também não estava bem. Precisava dos beijos e da voz dela sussurrando em seu ouvido que o amava, mas sabia que aquilo havia se tornado algo impossível.
Dedicou todos os seus dias em conseguir ser um pai melhor para a Violetta, tentando dar a maior atenção possível, mas ela não ficava quieta em casa. Sempre estava com os amigos e isso dificultou um pouco para ele, porque tinham momentos em que começava a pensar que estava ficando sozinho. Sua filha estava crescendo e não demoraria muito para sair de casa. Esse foi o momento em que percebeu que sempre fez as coisas muito tarde, ficando apenas com o final.
Com tantos problemas, decidiu voltar sua atenção para o trabalho, esquecendo-se de qualquer coisa que tivesse relação com Angeles. Iria dedicar seu tempo exclusivamente para a empresa e deixar de lado os sentimentos e lembranças que o atordoavam.
– PARIS, FRANÇA –
– Ele é um gato e não para de te olhar, Angie. – Silvia tentava empurrar a melhor amiga para os braços de um homem que estava na festa.
Alejandro Vázquez. Um homem alto e bonito, 37 anos. Solteiro e médico especializado em cardiologia. Usava uma camisa social azul e uma calça jeans. Era extremamente estiloso e além de tudo, tinha um corpo invejável.
– Eu já falei que não quero me relacionar com ninguém, Silvia. – Riu e balançou a cabeça.
– Com licença, Senhoritas. – Uma voz calma acabou atrapalhando a conversa das duas.
– Senhora para mim, por favor. – Silvia levantou a mão.
– Perdão, Silvia. Eu tinha esquecido. Espero que também não tenha que lhe chamar de senhora. – Direcionou o olhar para Angie.
– Não, não. No meu caso é senhorita mesmo. – Sorriu e olhou dentro dos olhos azuis do homem.
– Fico feliz, senhorita...? – Esticou a mão.
– Angeles Carrara. – Deu a mão para ele e sorriu. – Pode chamar só de Angie mesmo.
– Um nome encantador para uma mulher encantadora. E muito prazer, Alejandro Vázquez. – Beijou as costas da mão dela.
Silvia soltou uma risada, cutucou a amiga e foi atrás do seu marido.
– Você não é da França, tenho certeza. – Ele falou enquanto colocava as duas mãos nos bolsos da calça.
– Sou argentina. – Olhou ao redor, sentindo-se intimidada por aqueles olhos que a fitavam quase com propriedade.
– Imaginei. Eu sou mexicano. Pode perceber até mesmo pelo nome.
A conversa entre os dois fluiu tão normalmente que decidiram marcar um encontro para o dia seguinte. Ele tinha gostado do jeito dela e não queria desperdiçar a chance de finalmente ter algo com uma mulher depois de tanto tempo.
– BUENOS AIRES, ARGENTINA –
Quase seis meses desde que Angie tinha ido para Paris e German continuava o mesmo. Não havia se transformado em um amargurado que não acreditava no amor, só não gostava de lembrar.
– O que você acha de irmos ao Studio? A Violetta vai estar lá hoje cantando. – Ramallo falava enquanto tentava conseguir fazer German sair do escritório.
– Eu vi minha filha cantar ontem no show que ela fez aqui em Buenos Aires. A turnê dela começou e não vou ficar pulando de um país para outro.
– Você deveria tentar ir em um país um pouco distante, e acho que valeria a pena.
– O que você está insinuando, Ramallo? – Deixou a xícara de café na mesa e levantou.
– Não estou insinuando nada. Acho apenas que você deveria tentar correr atrás de certas coisas, ou certas pessoas.
Ele sentou-se novamente e balançou a cabeça, rindo.
– O que eu e a Angie tivemos, acabou. Como todas as minhas outras tentativas de amar alguém. – Riu novamente.
– Eu sinto muito, German. Você está errado, porque não tentou amar a Angie. Você apenas amou. Involuntariamente.
Ele ficou sério e olhou ao redor, respirando fundo. Começou a lembrar de tudo que ela havia falado antes de ir para Paris e sorriu recordando do beijo.
– Eu não posso. Não é que não queira, mas eu sei que se for atrás dela, vamos brigar mais ainda e não seria bom forçar. Vai ser melhor deixar do jeito que está e ficar com as ótimas lembranças que ainda temos.
Levantou-se quando terminou de falar e pegou as chaves do carro. Dirigiu até uma praia pouco movimentada onde tinha construído uma casa grande, não muito próxima do mar. Entrou e olhou ao redor. Sorriu ao perceber tudo o que tinha conseguido. As ações da empresa ficavam cada vez mais valorizadas e os lucros subiam exageradamente. Construiu a casa para ter um lugar quieto e distante de tudo que lotava sua cabeça em momentos como aquele. Abriu uma garrafa de whisky e encheu um copo. Tirou o terno e folgou a gravata, jogando-se no sofá e ligando a enorme TV de plasma. Não queria ficar bêbado, apenas relaxar. Começou a assistir o mundial de Motovelocidade e a beber, sem exagerar. O dia estava claro, mas nem por isso era motivo para um calor insuportável. O vento entrava na casa pela grande porta e tomava de conta de todos os cômodos, principalmente da sala.
Ele sabia que aquilo o acalmava, mas faltava algo. Faltava a presença dela e quando imaginava como seria se ela estivesse ali, tudo mudava. Imaginava passar o dia inteiro fazendo amor, no sofá, na cama, na praia. Era incrível como aqueles simples pensamentos o faziam sorrir.
Lembrar dela já não era mais uma tortura. Havia se tornado algo lindo e que ele ficava tranquilo em recordar, mesmo com tanta saudade.
VOCÊ ESTÁ LENDO
One more try
RomanceGermangie. "Um único beijo fez com que eu me derramasse de amor por ela novamente."