Capítulo Cinco

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Estava mais do que na hora de conhecer de perto aquele imenso jardim, e mais precisamente aquela piscina maravilhosa. Pôs um biquíni preto e um vestido leve e desceu animada. Deveria aproveitar, pois logo a chamariam para o almoço. "Aff! Como comem cedo por aqui".

Passeou calmamente entre as diversas espécies de flores que haviam ali. Uma variedade gigantesca de rosas de todas as cores e tamanhos que se pode imaginar. Cravos, margaridas, girassóis, begônias, orquídeas, crisântemos de muitas cores, e outras espécies que Isabela não saberia nomear.

- É maravilhosa a criação não concorda? - Chegou-se o velho jardineiro ao perceber Isabela acariciando as pétalas de alguma flor. Ela apenas sorriu. - Ele é realmente magnifico e tudo que ele faz é bom.

- Quem? - Isabela não compreendia.

- O Criador. - Demonstrou desapontamento por ela não saber de quem falava. - O nosso Deus.

- A sim. É. - Não deu muita importância a conversa do velho. Não se ligava nesse tipo de assunto. Pediu licença e foi para a piscina.

No momento em que avistou aquela água azul sentiu a energia que lhe puxava para dentro dela. Tirou o vestido e preparou-se para pular, mas... O sonho lhe veio à mente novamente. Aquele mesmo sonho perturbador em que tudo ficava negro no momento em que pulava. Fechou os olhos. Abriu novamente como fizera no sonho, mas nada ficara negro. Fechou-os novamente. Dessa vez ia pular, e mais uma vez o pavor do sonho lhe assombrou. Definitivamente não conseguiria pular.

"O que há comigo? Por que isso me perturba? Por que tenho medo?" Uma lágrima saiu, mas foi limpa rapidamente logo que ouviu passos atrás de si.

- Oi Isabela. - Era Mateus.

-Oi. - Falou ainda de costas para ele.

- O que faz agachada aí na beira da piscina? Perdeu um brinco?

- Não. - Levantou-se. - Já vou indo.

- Desculpe, pode ficar aí, não imaginei que queria ficar sozinha. - Desculpou-se tomando a sua frente. - Pode ficar tranquila, eu vou voltar para o meu trabalho.

- Não, espera! Eu não... - fez confusão com as palavras e acabou não dizendo nada.

- Tudo bem. - Sorriu. - Eu queria saber se você sabe montar, temos ótimos cavalos e paisagens muito bonitas.

- Qualquer hora irei conhece-los. - Distraidamente Isabela olhou para a janela do quarto de Eduardo no exato momento em que ele aparecia na mesma. Olhou para a piscina e sentiu um arrepio na espinha. Não pensou duas vezes, sem dizer uma palavra a Mateus retirou-se decidida a ir falar com Eduardo.

Pensou em bater, mas seu impulso foi maior e apenas girou a maçaneta. Estava destrancada. Eduardo voltou-se no mesmo instante para a porta. Estava sem os óculos e ao invés de calças, bermuda. PRETA. O contraste entre o preto das roupas e o branco da sua pele era meio atormentador.

- Não lhe passou pela cabeça que eu poderia estar trocando de roupas? - Reagiu Eduardo secamente.

- Se fosse o caso trancaria a porta, não?

- As pessoas com quem convivo costumam bater à porta antes de entrar.

- Eu não. E mais, vi você na janela. - Sentou-se na cama.

- O que você quer Isa?

-Isabela.

-?

- Vim conversar com você.

- Não quero conversar. Acho bom você já saber que não gosto de ser incomodado no meu quarto.

- Você está no seu direito, mas preciso mesmo falar contigo.

- Sabe que eu poderia te expulsar daqui como você fez comigo.

- Mas você não vai fazer isso. Você é um homem educado.

-Quem te garante?

-?

- Sobre o que quer falar?

-Sobre você. Não entendo como você é meu primo e meu pai nunca me falou de você. Da sua mãe ele já falou, mas de você, nunca. Você sabe por que?

- Não.

- Seu NÃO não foi convincente.

- Isso não é assunto para começarmos uma conversa Isa.

- Então por onde começamos? - Ajeitou-se na cama o que demonstrava que estava disposta a ceder a favor de sanar suas dúvidas - curiosidades, melhor dizendo.

- Começamos pela regra número 1: Nunca mais entre no meu quarto sem bater. Por favor. Pode fazer isso?

-OK. Vou tentar lembrar da próxima vez. - Sorriu.

- Então. Você poderia começar me contando por que veio parar aqui e tão revoltada. - Instigou Eduardo.

- Revoltada? Eu? - Fingiu -se ofendida.

- Se não era revolta como explica ficar 5 dias trancada no quarto? E mais o episódio na casa da vovó! - Lembrou.

- Eu precisava de solidão. - Respondeu Isabela e respirando fundo continuou. - E a respeito do acontecido na casa da vovó foi despeito mesmo. Insegurança... Medo, talvez. - Acrescentou meneando a cabeça. Estirou-se na cama. - Na verdade eu queria ser arrogante.

- E você conseguiu com maestria. Tive ímpeto de deixá-la lá mesmo na casa da vovó naquele dia. - riram alto. - Mas eu espero que você não consiga mais. Não é legal Isa.

- Mas é que estou cheia de pr...

- Problemas - completou interrompendo-a. - Eu sei Isa, mas quem não tem problemas? E acredite, nunca seu problema será maior que o do seu próximo. Você não conseguiu ser apenas arrogante, mas egoísta.

- Desculpe. - Pediu envergonhada.

- Não precisa se desculpar. E não estou falando isso para te punir, apenas quero que você reflita. No dia em que fui ao seu quarto querendo conversar e você me expulsou estava completando mais um ano que perdi meus pais. E eu só queria distrair um pouco a minha mente. - Lamentou entristecido por tocar no assunto.

Isabela queria achar um buraco para enfiar a cara, mesmo Eduardo sendo cego não era o bastante para ela, queria esconder-se, sumir.

Toc toc. A salvação batia à porta. Isabela respirou aliviada.

-Entre Clara. - Disse Eduardo.

- Como sabe que é ela? - Perguntou Isabela baixinho antes que ela entrasse sorridente como sempre.

Ele apenas sorriu.

- O almoço está pronto. - Avisou da porta mesmo.

-Obrigado Clara. – Eduardo agradeceu. - Mas entre, não precisa essa pressa toda.

-Precisa de algo? - Perguntou Clara entrando finalmente no quarto.

- Rafael já está lá embaixo?

- Sim. Acabou de chegar juntamente com os gêmeos.

- Então desça com a Isa que já descerei também. Preciso conversar com ele. - Pediu. - Tudo bem para você Isa?

- Claro! - Exclamou levantando-se num pulo. - Sem problemas primo. Temais.

- Acho muito cedo o horário de almoço de vocês. - Comentou Isabela enquanto desciam as escadas.

- A Gabriele diz a mesma coisa quando está aqui. Acho que é porque o dia aqui começa muito cedo, então tudo é antecipado. - Argumentou Clara.

- Deve ser.

Poucos minutos depois das duas terem chego à sala ouviram os passos de Eduardo descendo as escadas. Sempre de PRETO. Trocara o short pela calça e estava mais uma vez de óculos. Infinitamente lindo.

Durante o almoço Isabela parecia outra pessoa aos olhos de todos. Definitivamente não conseguira usar seu método tão bem planejado antes de sair de casa.

...

Ao fim do almoço alcançou Eduardo nas escadas.

- Já vai se entocar? - Provocou.


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