Capítulo Vinte

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Já era fim de tarde embora num quarto de hospital todas as horas sejam iguais. Cíntia entrou acompanhada de um outro médico e um enfermeiro. Felizmente os resultados dos exames foram satisfatórios e Isabela não estava tendo nenhuma infecção.
- Então podemos ir pra casa?
- É aconselhável que fique pelo menos mais um dia. - Respondeu o médico.
- Doutor, o senhor não entende. Já passei tanto tempo aqui, e além do mais tenho a melhor médica do mundo em casa.
- Ah! - Cíntia revirou os olhos.
- Só mais um dia Isabela. - Insistiu o médico.
- Mamãe!
- É, acho que posso dar conta dessa paciente teimosinha, mas tenho uma condição. - levantou um dedo indicador e fez uma cara de arteira.
- Qualquer coisa mamãe!
- Precisa me prometer que vai se alimentar!
- E tomar banho né?!
- Isac!
Seu irmão acabara de entrar no quarto.
- Então tudo bem. Se a doutora disse que da conta. - O médico sorriu e levantou as mãos abertas como indicativo de rendição. - MELHORAS Isabela, espero demorar a te ver aqui de novo. - Piscou antes de sair.
Isabela estava aliviada por poder voltar pra casa.
- Filha, meu plantão termina daqui a pouco, pode esperar na recepção de quiser. Isac, use essa cadeira de rodas tá? - Terminou a frase já do lado de fora, tinha muito trabalho ainda.
- E você viu a vovó Isac?
- Sim, almocei em casa, ela estava lá.
- E ele?
- Ele quem?
Isac a pegou no colo e pôs na cadeira de rodas.
- Eduardo.
- Não. Não vi.
- Como assim?
Isac abriu a porta para levá-la pra fora.
- Pare de brincadeiras!- Isabela estava muito nervosa. - Onde está o Eduardo?
- Estou aqui.
Isabela ouviu sua voz logo que saiu na porta, ele estava se levantando do mesmo banco em que se sentara ao sair do seu quarto.
- Então esse é o Eduardo?
Isac o olhou de cima a baixo.
- Sim. - Respondeu Isabela chateada pela voz indiferente do irmão. - Eduardo, esse é meu irmão, Isac.
- Olá, Isac.
- Olá.
- Eu tive alta, estamos indo pra recepção esperar minha mãe. Onde estão a vovó e o papai?
- Estão em casa mana. - respondeu Isac.
- Então você ficou aqui sozinho Eduardo? Você comeu alguma coisa hoje?
- Eu estou bem.
- Tá. Quer me dar a mão pra gente ir?
Eduardo deu mais dois passos pra frente e encontrou a cadeira dela com a ponta do bastão. Então esticou a mão esquerda a qual Isabela recebeu. Seus dedos de entrelaçaram. Isac os conduziu até a recepção. Eduardo soltou a mão dela e continuou ao seu lado.
- Isabela, porque você não vem comigo, a mamãe pode demorar as vezes.
- Você já está indo?
- É, tenho um compromisso. - respondeu coçando a cabeça.
- Uau! Desde quando?
- É um primeiro encontro. - as bochechas dele ficaram levemente rosadas.
- Tá tudo bem, vai lá. A gente espera a mamãe.
- Tem certeza? Posso falar com ela.
- Vai perder tempo. Ela tá obcecada por mim. - Brincou Isabela.
- Tá certo. Fica bem mana. - beijou sua testa e assanhou seus cabelos. - Até logo Eduardo. - Deu um tapinha no ombro dele.
- Você poderia ir com ele Eduardo. - Isabela sugeriu antes que seu irmão desses as costas.
- Por mim tranquilo. - concordou Isac.
- Vou ficar. Obrigado.
Eduardo estava com uma fisionomia impassível, embora a voz fosse mansa como sempre.
- Senta um pouco. - ela sugeriu. - Aqui do outro lado da minha cadeira tem uma poltrona.
- Estou bem.
- Mas eu não. Se as pessoas virem um homem de preto com óculos escuros de pé ao meu lado vão pensar que é meu guarda-costas e que eu sou uma pessoa importante.
"Você é importante!" Ele pensou.
Atendeu o "pedido dela e a contornou pela frente até alcançar a poltrona.
- Eu não esperava te ver aqui.
Ele apenas virou o rosto na direção dela. Inexpressivo.
- Não vai dizer nada?
Esperou alguns segundos em vão.
- Você... Falou sério quando disse que eu sou a culpada de...
Eduardo ergueu a mão num gesto simbólico de que ela calasse.
- Eu preciso saber o que você pensa! Estou agonizando desde que acordei sem saber porque você me deixou!
- Fale mais baixo. - Ele pediu quase sussurrando. Ela havia alterado levemente a voz, mas alguém próximo poderia acabar ouvindo.
- Você me deve uma resposta!
- Eu não tenho resposta pra te dar Isabela.
- Então o que faz aqui?
- Eu não sei!
- A vovó está em casa enquanto você passou o dia plantado na minha porta. Não teve nem coragem de entrar e conversar comigo.
- Não, eu não tive. E ainda não tenho ok?
- Agora é você que tá falando alto.
- Você estava na minha casa, saiu de lá quase morta, é natural que eu me preocupe.
- Tanto ao ponto de rejeitar minhas tentativas de entrar em contato.
- Eu só queria saber que estava bem.
- Não haja como se eu fosse uma garota qualquer, porque eu não sou!
- Foi um erro eu ter vindo! - Eduardo levantou-se.
- Espere! - Isabela o segurou pela mão. - Minha mãe está vindo ao nosso encontro.
Eduardo estava no banco de trás, enquanto Isabela estava ao lado da mãe que dirigia o carro.
- Não acredito que a senhora está levando essa cadeira de rodas mamãe!
- Você lembra o trabalhão que deu pra gente entrar em casa da outra vez? Por pouco seu pai não acabava de te quebrar nas passagens das portas!
- Valeu! - Isabela se fez de ofendida pela parte "quebrar".
- E você Eduardo? Já se recuperou da queda do cavalo?
- Totalmente. Obrigado por perguntar.
- Que bom! Fico feliz que tenha vindo. Pena que num momento como esses, mas Isabela ficará bem logo.
- Tenho certeza que sim. - Eduardo parecia otimista e gentil embora não exibisse o menor sorriso.

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