Já era fim de tarde embora num quarto de hospital todas as horas sejam iguais. Cíntia entrou acompanhada de um outro médico e um enfermeiro. Felizmente os resultados dos exames foram satisfatórios e Isabela não estava tendo nenhuma infecção.
- Então podemos ir pra casa?
- É aconselhável que fique pelo menos mais um dia. - Respondeu o médico.
- Doutor, o senhor não entende. Já passei tanto tempo aqui, e além do mais tenho a melhor médica do mundo em casa.
- Ah! - Cíntia revirou os olhos.
- Só mais um dia Isabela. - Insistiu o médico.
- Mamãe!
- É, acho que posso dar conta dessa paciente teimosinha, mas tenho uma condição. - levantou um dedo indicador e fez uma cara de arteira.
- Qualquer coisa mamãe!
- Precisa me prometer que vai se alimentar!
- E tomar banho né?!
- Isac!
Seu irmão acabara de entrar no quarto.
- Então tudo bem. Se a doutora disse que da conta. - O médico sorriu e levantou as mãos abertas como indicativo de rendição. - MELHORAS Isabela, espero demorar a te ver aqui de novo. - Piscou antes de sair.
Isabela estava aliviada por poder voltar pra casa.
- Filha, meu plantão termina daqui a pouco, pode esperar na recepção de quiser. Isac, use essa cadeira de rodas tá? - Terminou a frase já do lado de fora, tinha muito trabalho ainda.
- E você viu a vovó Isac?
- Sim, almocei em casa, ela estava lá.
- E ele?
- Ele quem?
Isac a pegou no colo e pôs na cadeira de rodas.
- Eduardo.
- Não. Não vi.
- Como assim?
Isac abriu a porta para levá-la pra fora.
- Pare de brincadeiras!- Isabela estava muito nervosa. - Onde está o Eduardo?
- Estou aqui.
Isabela ouviu sua voz logo que saiu na porta, ele estava se levantando do mesmo banco em que se sentara ao sair do seu quarto.
- Então esse é o Eduardo?
Isac o olhou de cima a baixo.
- Sim. - Respondeu Isabela chateada pela voz indiferente do irmão. - Eduardo, esse é meu irmão, Isac.
- Olá, Isac.
- Olá.
- Eu tive alta, estamos indo pra recepção esperar minha mãe. Onde estão a vovó e o papai?
- Estão em casa mana. - respondeu Isac.
- Então você ficou aqui sozinho Eduardo? Você comeu alguma coisa hoje?
- Eu estou bem.
- Tá. Quer me dar a mão pra gente ir?
Eduardo deu mais dois passos pra frente e encontrou a cadeira dela com a ponta do bastão. Então esticou a mão esquerda a qual Isabela recebeu. Seus dedos de entrelaçaram. Isac os conduziu até a recepção. Eduardo soltou a mão dela e continuou ao seu lado.
- Isabela, porque você não vem comigo, a mamãe pode demorar as vezes.
- Você já está indo?
- É, tenho um compromisso. - respondeu coçando a cabeça.
- Uau! Desde quando?
- É um primeiro encontro. - as bochechas dele ficaram levemente rosadas.
- Tá tudo bem, vai lá. A gente espera a mamãe.
- Tem certeza? Posso falar com ela.
- Vai perder tempo. Ela tá obcecada por mim. - Brincou Isabela.
- Tá certo. Fica bem mana. - beijou sua testa e assanhou seus cabelos. - Até logo Eduardo. - Deu um tapinha no ombro dele.
- Você poderia ir com ele Eduardo. - Isabela sugeriu antes que seu irmão desses as costas.
- Por mim tranquilo. - concordou Isac.
- Vou ficar. Obrigado.
Eduardo estava com uma fisionomia impassível, embora a voz fosse mansa como sempre.
- Senta um pouco. - ela sugeriu. - Aqui do outro lado da minha cadeira tem uma poltrona.
- Estou bem.
- Mas eu não. Se as pessoas virem um homem de preto com óculos escuros de pé ao meu lado vão pensar que é meu guarda-costas e que eu sou uma pessoa importante.
"Você é importante!" Ele pensou.
Atendeu o "pedido dela e a contornou pela frente até alcançar a poltrona.
- Eu não esperava te ver aqui.
Ele apenas virou o rosto na direção dela. Inexpressivo.
- Não vai dizer nada?
Esperou alguns segundos em vão.
- Você... Falou sério quando disse que eu sou a culpada de...
Eduardo ergueu a mão num gesto simbólico de que ela calasse.
- Eu preciso saber o que você pensa! Estou agonizando desde que acordei sem saber porque você me deixou!
- Fale mais baixo. - Ele pediu quase sussurrando. Ela havia alterado levemente a voz, mas alguém próximo poderia acabar ouvindo.
- Você me deve uma resposta!
- Eu não tenho resposta pra te dar Isabela.
- Então o que faz aqui?
- Eu não sei!
- A vovó está em casa enquanto você passou o dia plantado na minha porta. Não teve nem coragem de entrar e conversar comigo.
- Não, eu não tive. E ainda não tenho ok?
- Agora é você que tá falando alto.
- Você estava na minha casa, saiu de lá quase morta, é natural que eu me preocupe.
- Tanto ao ponto de rejeitar minhas tentativas de entrar em contato.
- Eu só queria saber que estava bem.
- Não haja como se eu fosse uma garota qualquer, porque eu não sou!
- Foi um erro eu ter vindo! - Eduardo levantou-se.
- Espere! - Isabela o segurou pela mão. - Minha mãe está vindo ao nosso encontro.
Eduardo estava no banco de trás, enquanto Isabela estava ao lado da mãe que dirigia o carro.
- Não acredito que a senhora está levando essa cadeira de rodas mamãe!
- Você lembra o trabalhão que deu pra gente entrar em casa da outra vez? Por pouco seu pai não acabava de te quebrar nas passagens das portas!
- Valeu! - Isabela se fez de ofendida pela parte "quebrar".
- E você Eduardo? Já se recuperou da queda do cavalo?
- Totalmente. Obrigado por perguntar.
- Que bom! Fico feliz que tenha vindo. Pena que num momento como esses, mas Isabela ficará bem logo.
- Tenho certeza que sim. - Eduardo parecia otimista e gentil embora não exibisse o menor sorriso.
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Teu Amor Me Guia
RomanceEla é apenas uma menina chegando a idade adulta, mas com sentimentos ainda desconhecidos aflorando. De uma maneira toda errada acaba conhecendo outra parte de sua família até então desconhecida. Esperava encontrar tudo, menos alguém que mudasse os r...