The Fourty Clue.

24 1 0
                                    

Mountain Monster, 02/08/2015, 19h23 P.M.
- Chegamos. - diz Liam, girando a chave do carro e desligando-o. O frio estava intenso, e eu o amenizava com um cigarro entre meus dedos. O vento calmo batia em meu rosto, fazendo meu cabelo bagunçar-se ainda mais.  Respiro fundo. Sim, eu estou com medo. Harry só pode estar fazendo um jogo comigo, só pode. Droga de estômago vazio, droga de palidez, droga de fim da vida. Por que precisou ser assim pra ele? Quer dizer, eu acredito que existe um tempo de existência para cada um de nós. Harry não esperou o tempo dele acabar, mas por quê? Se matar foi um ato de coragem ou covardia?
Segundo a minha mãe, na sua época, suicídio era um ato de covardia, pois se suicidar é uma forma de acabar com os problemas em um estalo de dedos. Mas muitas pessoas tem medo da morte. Não seria um ato de tremenda coragem acabar com sua vida com suas próprias mãos?
Preciso parar de pensar, meus pensamentos um dia vão me matar.
- Vamos entrar. - eu digo, jogando o cigarro pela janela. Abro a porta do quarto, mas uma mão me segura.
- Você tem certeza do que esta fazendo, Louis? - pergunta-me Liam, olhando fundo em meus olhos.
- Claro. Deixa de ser medroso, vamos. - eu digo, me sentindo culpado, pois aposto que estou com mais medo do que ele e Niall juntos.
- Não é medo, Louis. - e diz, soltando meu pulso. - É ansiedade. Só Deus sabe o que você vai encontrar dentro dessa merda. - ele diz, fazendo eu sentir ainda mais medo.
- Você não quer saber o que Harry deixou para nós? - eu pergunto.
- Não. É VOCÊ que quer saber o que ele deixou para VOCÊ. - ele diz, e eu desço com raiva do carro, batendo a porta com força.
- Então eu vou sozinho. Fiquem ai, então. - eu digo, virando as costas, dando de cara com um prédio tão grande que me fez ficar tonto. Tinha tantas janelas, para só uma porta de entrada e saída. No que eu fui me meter?
"Anda, Louis. Deixa de ser um medroso de merda, e entra logo aí."
"Vai você, então!"
"Eu não! Vai, Louis. Chegou até aqui, agora termina o que começou."
"Ah, cale a boca."
"Como você me manda calar a boca? Eu sou você."
Minha mente discutia enquanto um Louis sóbrio decidia se iria entrar no prédio sozinho.
"Vá, Louis. Pelo Harry."
Assim que o nome "Harry" foi mencionado, minhas pernas saíram do lugar rapidamente. Subi as escadas da varanda do lugar, ainda inseguro sobre o que estara fazendo.
- Você consegue. - eu digo pra mim mesmo, abrindo a porta do local abandonado. Me deparei com uma poeira tão alta que me fez ficar cego. Começo a tossir. Droga de alergia à ácaros. Assim que a poeira baixou, consegui ver o lugar por dentro.
Uma escadaria enorme ocupava o lugar bem no meio do ambiente escuro, junto das portas e corredores que tampavam o teto gigantesco acima de mim. Vejo que, pelo jeito, vou precisar escolher por qual lugar vou explorar primeiro, pois o lugar é imenso. Com passos curtos, lentos e silenciosos, subo a escadaria gigante. Minhas mãos tremem e minhas pernas estão bambas. Porra, onde eu me meti? Droga. Subo as escadas devagar, até chegar em um corredor comprido, com várias portas. Percebo que cada porta tem um numero. Passo pelo corredor andando lentamente, e avisto apenas uma porta aberta. Observo o número.
"1994"
Merda, essa data de novo? Droga, isso esta me assustando. Entro no quarto (ou seja lá o que for isso) com a porta entre aberta, com as mãos trêmulas. O quarto tem paredes beges, apenas com uma cama sem colchão e um espelho quebrado, no chão, junto de uma cômoda com as gavetas escancaradas. As paredes estavam rabiscadas com varias escritas em uma lingua desconhecida por mim, mas tinha várias escritas em inglês também. Chego mais perto, para ler o que está escrito.
"A vida valoriza a verdade, destruindo as ilusões."
A frase sublinhada no livro. Harry esteve aqui antes de morrer. Passo os dedos na parede em cima das escritas, e vejo que foi escrito a mão.
Encosto-me na parede, e escorrego de costas até o chão. Uma lagrima idiota que insistiu em cair rola pelo meu rosto. Sera que eu estou ficando obcecado? Quer dizer, louco, sei lá? É tanta coisas aparecendo assim, do nada, que estão me deixando maluco.
São tantas coisas, tantos problemas empilhados em uma pessoa como eu.
Uma mente tão nova, com problemas tão pequenos. Minha mãe já me disse que preciso sair, socializar, fazer amigos. Eu não sou tudo isso. Eu não sou assim, esse não sou eu. Minha mente pede socorro, mas meu rosto sorri. Eu preciso aprender muitas coisas, por exemplo, que as pessoas nunca vão fazer por você o que você faz por elas. Sem o Harry, meu mundo perdeu totalmente a cor que ainda lhe restava. Eu perdi tudo junto com ele. Perdi minha vida, pois minha vida era ele. Perdi meu coração, pois estava com ele. Perdi tudo. Eu estou tão cansado de tudo, de sair por ai como se nada tivesse acontecido, mas chorar sozinho todas as noites em minha cama. Eu aprendi que é assim mesmo que funciona. Você precisa se ferir por fora, para mostrar que esta ferido por dentro. Vivemos sozinhos, morremos sozinhos, e todo o resto é ilusão. Eu aprendi isso com a vida, aprendi que se você não aceitar as coisas numa boa, a vida faz você aceitar da forma mais dolorida.
Uma dor, não emocional. Uma dor que dói como uma surra. Assim como existe dois lados de uma historia, existe dois lados de uma pessoa. Um lado que revelamos ao mundo, e outro que escondemos dele. Eu tentei segurar o mundo de todos, enquanto o meu desabava. Eu custumo guardar as coisas para mim, enquanto morro por dentro.
Eu me sinto idiota, por que mais uma vez eu estava me afogando sozinho. 
Eu estava ali, em silêncio, quando um barulho de passos se aproximaram, e me fizeram despertar de meus pensamentos.
Calma, Louis. Você esta sozinho em um manicômio considerado assombrado, e ouve um barulho. Ele é antigo, deve fazer barulhos toda hora. Levanto-me do chão, limpando minha calça. Ando lentamente até a porta, com medo outra vez. Hoje o mundo esta me desafiando, meu Deus.
Coloco minha mão na maçaneta, a puxando devagar.
Em uma fração de segundos, a porta é jogada para trás, e um barulho estonteante cercou o ambiente. Eu dou um grito gigante de susto, e meu coração quase sai pela boca. Até que eu vejo duas figuras na entrada do quarto.
- Mas que droga, meninos! - eu grito, colocando a mão no peito, sentindo meus batimentos acelerados e minha respiração pesada.
- O que estava fazendo aqui? Encontrou algo? - pergunta Niall, enquanto Liam entrava no quarto para ver o que tem nele.
- Não encontrei nada. - eu digo, apoiando minhas mãos em meu joelho, recuperando a respiração.
- Então vamos embora. - Niall diz, me fazendo perder as esperanças de que há mais uma pista. - Esse lugar fede. - ele fala, fazendo uma careta. Concordo com a cabeça, dando passos longos para sair do quarto junto de Niall.
- Hey, esperem. - Liam nos chama, e eu me viro. Ele segura um documento, um papel, em sua mão.
- Olhem isso. - ele diz, estendendo o papel para mim. O pego imediatamente, fazendo força para conseguir ler no escuro.
"Não desista. Não deixe a tristeza tomar sua vida. Não acabou. Ainda. Tente se olhar no espelho."
É um bilhete. Leio ele várias e várias vezes, tentando entender.
- O que acha que quer dizer? - Niall diz, se inclinando para ler o que estava escrito no pequeno papel.
- Não faço a mínima ideia. - eu digo, indo até a cômoda. Acho vários papeis em uma gaveta aberta, mas nada que me leve até mais uma pista.
"Tente se olhar no espelho."
Mas é claro, o espelho quebrado. Vou devagar até ele, e me abaixo para conseguir olhar meu reflexo. Olho atentamente meu reflexo embaçado devido às partes quebradas. Olho mais perto, e vejo o reflexo da porta, com um papel colado na parede ao lado dela. Me viro, e vejo realmente, um papel colado na parede. Vou andando até ele, e os meninos me olham sem entender. Há algo escrito no papel, mas não consigo ler devido à estar na parte mais escura do quarto. Tiro o papel da parede, e o levo aonde consegui ler o bilhete. Tinha um número, em uma ordem estranha. Seria um código, ou algo do tipo?
"9671"
Mas que droga.

Clues For You || L.S. ||Onde histórias criam vida. Descubra agora