"Sinto que sentindo o vazio
...
Não seria o caos e a total falta de ordem
Sinto que seria liberdade
Sinto que seria qualquer sentido."(Especulação, poema de autoria Thomas Davi C. Araújo)
– Boa tarde meu jovem!
Em meio à rua, cercado por montanhas de terra e próximo à buracos enormes onde iriam ser fincados os postes para passar a tal de fiação elétrica que traria luz as nossas noites escuras, informação as nossas casas, músicas aos nossos ouvidos e mais prazo para comida ser consumida, pois poderíamos usar uma tal de geladeira, estava eu – nos meus aproximados 12 anos –, que pouco ou nada entendia dessas coisas de eletricidade, brincando, em pleno o entardecer, perto de minha casa em um desses "buracos de postes", que pareciam um poço de profundo, quando ouvi uma voz rouca, grossa, alta, dizendo: – BoA tArDe MeU jOvEm! Não sei se já havia lhes contado que na minha Rua Belo Horizonte morou durante um certo espaço de tempo um senhor demasiadamente esquisito e tenebroso de nome ABRÃO CONFIANÇA AMADIO. Era ele quem falava comigo naquele instante. Nunca me lembrara de ter ouvido a voz dele antes, pois não era de falar. Isso talvez se devesse ao fato dele não ter amigos ou parentes e, também, parecer não gostar de comunicação ou contato. Ao ouvir sua voz tremi dos pés a cabeça e me veio um arrepio. Então falei vacilante.
– Bo...bo...boua tata...tarde!
Desda morte de minha mulher e filhos, portanto há muito tempo, não entro em contato íntimo e verbal com ninguém. A partir deste episódio, e devido a forças maiores, acordei comigo que moraria só e recluso pelo resto de mia vita e foi nessa busca por soledade que acabei por aporta nessa cidade chamada Redenzione, agora vivendo num casebre próximo ao córrego do Setor Capuava. Certo dia, todavia, um jovem por nome MATHOS passou em frente a minha casa e não sei a razão me chamou a atenção. Pareceu alguém que eu poderia manter contato e sair um pouco desse mundinho, em parte criado por mim para proteção, noutra parte imposto a mim forçadamente como punição. Então hoje ao vê-lo sozinho achei a oportunidade de puxar conversar para entender o porquê quero tanto falar com ele sobre minha história.
– Sou o senhor ABRÃO! Você é o MATHOS, né mesmo?
– sisi..sim, sou! Falei essa frase com uma dificuldade terrível, após ouvir: – SoU o SenHoR ABRÃO! VoCê É o MATHOS, nÉ mEsMo? Afinal todos temiam esse senhor de barba e cabelos longos, de olhar intimidador, que há pouco se mudara para nosso bairro.
MATHOS tinha medo, pois afinal era só uma criança e minha aparência, bem como minha forma de falar, ficaram estranhas devido a minha vida de reclusão. Então lhe disse: – Não se assuste, pois não irei lhe fazer mal! Você parece ser um menino estudioso e inteligente, então eu queria lhe contar uma história que meu coração tá pedindo para eu lhe dizer. Sou velho, morrerei em breve e quero que alguém saiba desse ocorrido!
Meu coração continuava acelerado ouvindo as palavras daquele homem esquisito. Mas mediante esse seu último argumento algo em mim se alterou. Meu coração passou a pedir para que eu lhe ouvisse, para que lhe desse uma chance. Meu medo em instantes foi virando calma e por fim curiosidade. Eu não estava me entendendo naquele momento, embora eu soubesse que tinha coragem não imaginava que chegasse a tanto.
– Que história é essa senhor ABRÃO?
– A história é um pouco longa mocinho... E já faz um tempo que começou... Ela me fez vim parar aqui in Redenzione, ou como vocês falam: Redenção. Iremos devagar e quero que você me ouça com atenção, combinado?
Agora seu tom de voz me soava comum, chegando mesmo a parecer doce aos meus ouvidos. Sua aparência passou de tenebrosa a resplandecente. Senti que algo importante sairia daquele diálogo e assenti com a cabeça que sim. Daí nos assentamos num monte de areia vinda dum dos buracos e tudo começou.
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Egos em Expansão
RomanceInspirado nas estórias de vida de pessoas incríveis existentes neste pedaço de mundo, mas, cujo conteúdo se desenvolve de forma ficcional, levando o leitor a questionar modelos, ideias e linguagem. Vejamos no que vai dar... Boa Leitura PS: Este é um...