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BOLETIM ALTERNATIVO[1]
Literatura
Sonhos
Sabe aquela assertiva que comumente ouvimos por aí de que "Se existisse algum meio de voltar atrás, seria tudo diferente". Foi essa a situação vivida inexplicavelmente por Mathos. Ele teve a oportunidade única de voltar atrás, de viver de novo o já vivido, e foi isso que fez. Viveu o que queria e no ponto que queria. Todos os melhores momentos – amor, festa, amizade, viagens, família – de novo. Aquele passeio, que você e eu provavelmente vivemos e fora divertidíssimo, num local dez e num momento inesquecível, Mathos também teve; mas diferente de nós, o passeio dele se repetiu novamente, da mesma forma e com ele consciente de tudo que poderia ou iria acontecer. Ele de posse do poder de explorar as várias possibilidades ao extremo e sempre repetir e reformular ações já realizadas. Pense nas nossas ações diante de um cenário de possibilidades infindáveis. Imagine agora como nosso protagonista se maravilhava com o que estava vivendo. E após muitas idas e vindas veio-lhe a primeira ampliação da ideia inicial e a consumação de outra assertiva dita por aí: "Se existisse algum meio de voltar atrás, para que seguir em frente".
Essa afirmativa lhe parecia natural, afinal para que ir em frente se posso viver eternamente os momentos felizes que já tive. Então o que quero é viver para sempre meu passado glorioso, viver para todo sempre aqueles instantes felizes que já haviam passado. Seu desejo de ficar para sempre no passado, tal qual acontecera com seu desejo de voltar ao passado, se realizou de forma inexplicável. Lá estava ele vivendo o passado, mas agora em caráter definitivo. Era só diversão e curtição, prazer indo e voltando. Dia após dia ele já sabia o que viria pela frente, o que iria ou não ocorrer. Não havia novidades, pois essa deusa da incerteza havia morrido. Reinava imperiosamente a deusa Certeza coladinha à deusa Felicidade. Tudo transcorria na mais perfeita ordem para nosso herói. Passara-se o tempo e tudo na mesma felicidade, alegria e satisfação.
Mas algo lhe passou a incomodar o juízo. Ele já não se sentia imensamente realizado como no início de sua aventura surreal. O tédio, passageiro desconhecido de sua aventura, lhe invadiu a alma e impregnou seu coração. No seu olhar já não se via mais o brilho da felicidade. A certeza da felicidade e do prazer constante, cotidiano e eterno, agora o assombrava; pois lhe tirava a emoção do novo, daquilo que acontecia independentemente do seu controle e saber, ainda que isso implicasse acontecer algo não bom. Portanto, o que ele queria, agora, em sua mais intima vontade, era poder sentir aquela sensação de arrepio nos pelos e frio na barriga ante uma situação que não lhe daria certeza da vitória doce da felicidade. Temos Mathos envolto no surgimento de outro pensamento – "Se existisse algum meio de voltar atrás, o passado não teria interesse algum". Para Mathos o interessante em voltar atrás era a possibilidade que isso proporcionaria, o que tal fato por si só poderia fazer com sua forma de ver, viver e entender sua vida. Isso foi o que ele percebeu haver por trás de sua vontade aparente de voltar ao passado, o desejo de experimentar e viver. Era o que ele estava a pensar quando surgi uma luz que lhe cega para os sonhos, trazendo-lhe de volta ao mundo dos acordados. Sentado na cama ele percebe que a luz não era fruto do sonho ou algo sobrenatural, mas apenas um raio de sol que passava pela fresta da janela e o acertava bem no olho direito. Dos sonhos, Mathos manteve uma assertiva: "A impossibilidade nos atrai por que nos leva a imaginar como seria e é tão animador viver num mundo imensurável, aberto a aventuras e surpresas" ...
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Egos em Expansão
RomanceInspirado nas estórias de vida de pessoas incríveis existentes neste pedaço de mundo, mas, cujo conteúdo se desenvolve de forma ficcional, levando o leitor a questionar modelos, ideias e linguagem. Vejamos no que vai dar... Boa Leitura PS: Este é um...