O pior sentimento

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Luke:

Todo mundo tem um sonho. Este pode ser decidido tanto na infância quanto em qualquer outra fase da vida. Basta apenas acreditar em seu potencial e lutar por isso. Todos estão dispostos a mudar pela necessidade de cada um, o que pode ser um pouco... constrangedor.

Não que eu não aceite, mas, mudar não é o meu estilo. É estranho passar por uma pessoa que, antes, você achava que veria as rugas brotando pelo seu corpo e, agora, nem cumprimentar é algo normal. Talvez eu apenas esteja sendo um adolescente sentimental.

-Você realmente não liga de ficar debruçado nessa janela? - Alguém chegou por trás.

-O que mais eu faria? - Sorri.

Era Lissa, minha melhor amiga do terceiro ano que estava prestes a se mudar para a Capital.

-Poxa. - Ela apoiou em mim. - Quando eu ir, não poderei cuidar de você.

-Você realmente vai? - Minha voz saiu baixa.

-Eu passei na faculdade! Eu não posso perder essa oportunidade..

A família de Lissa era muito pobre e ela se matava de estudar para conseguir passar em medicina para conseguir ter uma vida que os seus pais tanto queriam.

-Entendi.. - Eu estava triste e feliz ao mesmo tempo.

Sou do primeiro ano do ensino médio e hoje é o último dia de aula.

-Ei. - ela me chamou.

-Hm? - me virei.

-Aquela época em que todos brincavam juntos se foi... - ela abaixou a cabeça. - pare de pensar que você pode ser a mesma pessoa de antes que a vida não é assim! Você tem que se acostumar com a vida... Ela virou as costas para mim tampando seu rosto e foi embora.

Podia ver suas lágrimas escorrendo...

-Então é esse seu jeito de me dizer adeus? - Falei baixo e sorrindo.

Eu fiquei feliz por ela ter tentado me mostrar como viver. Me mostrar como sofrer ajuda as pessoas a seguir em frente. Esse adeus foi uma tentativa de me mudar.

-Me desculpe, Li. - Ergui a cabeça. - Não posso me dar ao luxo de mudar desse jeito. Não consigo esquecer de tudo aquilo...

*********

O restante do dia foi tanto quanto monótomo, assim como todos os domingos que a gente tem. O problema é que foi o primeiro dia de férias. Pensar que ainda me restava dois meses sem fazer absolutamente nada me arrepiava. Foi o que eu pensei que seria.

Se você me visse na rua... pode tirar foto que provavelmente será a última vez que você verá esse fenômeno inexplicável. É isso que eu estou pensando neste exato momento. As pessoas estão me encarando como se eu fosse um estrangeiro desorientado.

Sim, minha cidade parece uma vila de tão pequena que é, por isso as pessoas estranham, todos se conhecem.

Enquanto eu caminhava sem um destino indefinido, meu celular começou a tocar. Era minha mãe.

-Mãe?

-Filho, boas notícias!

-Vai ter miojo pra janta? - Me empolguei.

-Não! Melhor! Fui chamada para trabalhar na capital!

-Isso é serio? - Meu coração começou a bater forte. - Quer dizer, isso é o seu sonho!

-Sim! - Ela estava assoando o nariz. - Você vem junto?

Bom, não tinha mais amigos, não tinha lugar para ir, não tinha nada para fazer nessa cidade então...

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