06.Chuva de sangue.

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O último gole foi dado em uma cerveja já quente e com um gosto nem um pouco agradável, Thomas ainda se mantinha em pé mesmo tendo bebido muito até o momento. Um anão tropeçou ao seu lado e despencou de bruços no chão despertando risos nos demais.

Lá nos fundos uma mulher beijava intensamente um homem de pele esverdeada e cabelos espetados, sentada em seu colo e acariciando seu rosto, seu peitoral e recebendo em troca carícias mais maliciosas, direcionadas aos seus peitos não tão fartos e bunda magra. Thomas sorriu vendo a cena de relance e ao virar seu rosto acabou batendo a testa em uma bandeja que um garçom carregava, derrubando-o no chão e quebrando os vários pratos e copos que estavam encima da bandeja.

-Desculpe. -ele diz com a voz meio grogue e solta um arroto, então se levanta do banco de madeira para ajudar o pobre garoto e nota que se trata de um adolescente.

-Você não é muito novo para trabalhar aqui?

O garoto desvia o olhar e diz:

-Nem tanto.

-É sim, deve ter uns -Thomas leva a mão ao estômago sentindo um refluxo provavelmente causado pela grande quantidade de bebida ingerida- Uns quinze anos. Estou errado?

Alguém grita o nome do garoto na cozinha, ele rapidamente se retira sem responder a pergunta de Thomas, que balança sua cabeça algumas vezes tentando ao menos manter o equilíbrio de seu corpo. Ele caminha pelo chão grudento da taverna em direção ao palco onde acontece ainda a apresentação musical de uma dupla desconhecida.

Então chega à conclusão que aquilo tudo é uma merda.

O fim da madrugada, homens jogados pelos chãos desmaiados e tendo seus bolsos revirados por aproveitadores, garrafas, canecos e restos de comida espalhados sobre as mesas. Poucos estão dançando ainda, deixaram as espadas, machados e pistolas no chão e soltaram seus corpos aos poucos movimentos que seus corpos lhe concedem na situação deplorável que se encontram.

Thomas sorri ao ver Luna, ele ao menos a reconhece, talvez seja seu famigerado instinto, como diz.

-Então... -ele balança a cabeça levemente- Ia me mostrar o que mesmo?

-Cadê seus amigos? -a garota retira o avental manchado de gordura e o joga de lado, solta os cabelos.

-Bem... Não sei. -ele dá de ombros e sorri.

-Me siga, consegue andar?

-Claro gata.

Eles deixam a taverna.

Do lado de fora faz muito frio, Thomas não notara, mas uma leve chuva caia, ele passa as mãos no peitoral tentando encontrar os bolsos de sua jaqueta mas acaba notando que está sem ela.

Merda de jaqueta.

Ele segue conversando com Luna, ela está a um metro de distância o guiando, com os braços encolhidos e tremendo muito.

Algumas horas atrás ele estava bebendo, bebendo muito, mal consegue ficar em pé agora. Cada passo é como um quilômetro, seu corpo está dormente, não consegue nem sentir a água molhando seu corpo desprovido de roupas (está vestido apenas com uma calça e botas) e evitar que o cabelo encharcado caia sobre seus olhos prejudicando sua visão.
Beba mais Thomas, é por minha conta.
Dizia Luna por trás do balcão da taverna. Com um sorriso tão belo que alimenta mais ainda sua jovialidade. Que bela moça, ele não chegou a perguntar sua idade, deve ter 17, ou 19, talvez 16. Quem se importa? Ela apenas é linda, lembra um antigo romance de Thomas August, uma mulher, não uma adolescente, em um lindo bosque cheio de borboletas e tinha o vinho, ah o vinho... Foi ali que ele conheceu os prazeres da bebida alcoólica e como aquilo afeta a relação, como desperta uma chama no sexo feminino e masculino.

As Crônicas Estelares - A Espada RebeldeOnde histórias criam vida. Descubra agora