Beautiful travel

2.3K 178 37
                                    



Depois de tantas brigas e estresse, finalmente eu estava dando um tempo para eu mesmo. Fazia tempo que eu queria passar um momento sozinho, pensando sobre meus sonhos, todos os meus desejos, fossem eles conhecidos ou íntimos.

Fazia alguns anos que eu me sentia preso demais, afobado demais. A pressão daquela transição para a vida adulta me apavorada da maneira mais profunda e verdadeira e por mais que eu não admitisse, só queria fugir de tudo aquilo. E foi quando meu avô, como uma luz divina, resolveu me dar o passe para algum tempo de tranquilidade.

– Baek, por que não passa um tempinho na minha cabana? – disse ele, já velhinho, porém tão agradável e bem disposto como qualquer jovem – você parece bem cansado, garanto que em menos de uma semana já estará bem mais leve e feliz – duvidei daquilo, e ele pareceu ler minha mente. – acredite, as criaturas dali nos fazem ter paz e mais alguns dos sentimentos que todos precisamos. – Não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas mesmo assim concordei.

 – Como é por lá?

– Uma cabana bem aconchegante, foi feita pelo meu pai, ele mesmo cortou as árvores da floresta, construindo as paredes e tudo mais dela. Eu mobilhei novamente há alguns anos, ainda de forma rústica, tenho certeza de que você vai gostar de tudo.

Fazia uma semana que eu planejava a tal viagem, a cabana ficava em uma pequena floresta, no interior. Meu avô disse que havia um lago bem perto e que por isso eu aproveitaria muito bem o clima, que era quente durante o dia e frio durante a noite. Comecei a fazer as malas, uma com roupas de cama e coisas que usaria na casa, a outra com minhas roupas, livros e coisas para passar o tempo. Vovô havia dito que não havia outras cabanas por perto, mas não muito longe, uma cidadezinha poderia ser encontrada, assim eu poderia me abastecer de alimentos.

Em uma sexta-feira, saí bem cedo, guiando o jipe – presente de meu pai – esperava encontrar o lugar sozinho. Foram muitas horas dirigindo e eu ainda não acreditava que meus pais haviam deixado que eu viajasse sozinho, ainda mais estando no volante. Mas meu avô era o responsável por isso, meu pai jamais poderia falar não depois daquelas palavras, "Se hoje você é o homem que é, foi porque eu te deixei comandar a própria vida" foi a frase que definitivamente me deu passei livre. Minha mãe, completamente apavorada com minha partida, me encheu de avisos e mimos. Aproveitava a viagem enquanto comia as guloseimas que tinha preparado – eram tantas que durariam por alguns dias – a estrada havia chegado na beira da floresta, os pinheiros formavam uma paisagem linda e eu fazia questão de respirar fundo, sentindo os efeitos terapêuticos daquele ambiente. Depois de muito dirigir, cheguei a pequena cidade, parando em um posto de gasolina. Vovô havia dito que haviam trilhas para se subir com o jipe e é claro que eu gostaria muito de me aventurar por elas, mas precisaria abastecer para isso.

– Olá faz tempo que não vejo visitantes por aqui. – fui abordado por um rapaz muito simpático, era o frentista. Nos poucos minutos de conversa, enquanto ele abastecia o carro, descobri que seu nome era Sehun, tinha 16 anos e morava ali desde quando nasceu.

– Para onde vai? – perguntou simpático.

– Vou para a cabana de meu avô.

– Oh! Aquela linda cabana entre os pinheiros. Ela é tão bonita. Já passei por lá enquanto fazia trilha com meu namorado – as bochechas dele coraram

– Bem, vocês podem me visitar por lá qualquer dia desses, vou ficar por uns dias. Como ele se chama? – perguntei, a fim de fazer seu constrangimento ir embora

– Luhan. Ele trabalha aqui perto, no café do centro. – disse ainda tímido.

– Bem, estava planejando passar em algum lugar para comer, talvez eu o conheça – ele sorriu – bem, preciso ir. Se eu não comer rapidinho, vou ter que dirigir a noite pela floresta e como nunca vim para cá, certeza que me perco. – ele concordou, agradecendo pelo convite, que fiz questão de repetir.

Sai procurando o tal café, não que eu realmente estivesse com fome, é que na verdade, para mim, fazia parte da nova experiência conversar com as pessoas daquele lugar. Depois de parar pedindo informações, acabei chegando. Era uma fachada agradável, com as paredes principais de vidro, não estava muito cheio. Entrei, me sentando no balcão. Logo um rapaz veio me atender. Descobri que aquele era Luhan, que me contou um pouco sobre a cidade que não era tão pequena assim. Tinha 20 anos e ficou bem corado quando mencionei que havia conhecido seu namorado. Fiz questão de dizer sobre meu convite, e ele garantiu que me visitaria, e que poderíamos fazer uma trilha. Acabei passando em mais alguns lugares depois, sendo um deles o mercado. A farmácia foi a última parada antes de voltar para a estranha, me preparando para dirigir por mais 20 minutos.

Até aquele momento tudo havia me agradado. A paisagem, o clima, as pessoas; tudo me deixava extremamente em paz. Os pinheiros pelo caminho deixavam tudo ainda mais mágico. Depois de dez minutos de estrada, precisei seguir uma trilha, esta que seguia diretamente para o chalé. Logo após o pequeno rio, avistei meu destino, ficando extremamente maravilhado com a visão. Estacionei, descendo para observar antes de levar as coisas para dentro.

A cabana era feita inteiramente de madeira. Me surpreendi, pois achei que seria bem menor do que realmente era. Ao entrar, nada estava muito sujo – vovô deixou tudo aos cuidados de uma senhora da cidade, grande amiga dele, a qual eu acabei encontrando no mercado – a sala era bem grande, tudo revestido com tábuas mais finas do que as exteriores, havia uma lareira e posta em frente a ela um espaçoso sofá de couro preto. O chão era coberto por um tapete felpudo cinza, vários objetos enfeitavam as paredes, fotos da família estavam espalhadas pela estante, vasos com flores completavam o ambiente. Fui para o quarto, vendo uma grande cama bem no centro, acima, uma grande janela com vista para o lago. Aquilo me pareceu sofisticado demais, comparado à minha imaginação, mas o restante da casa era bem mais simples, como se o foco principal fosse ter dado toques requintados somente aos locais de descanso e o melhor de tudo era que como não estava tão longe da cidade, havia sinal de telefone.

Resolvi pegar as coisas do jipe, já estava anoitecendo e tudo o que eu queria era deixar tudo arrumado para começar o meu tempo de reflexão e relaxamento. Ao pegar a última mala do carro, ouvi um barulho; foi como um galho de árvore se mexendo com certa agressividade. Olhei para trás assustado, fitando ao redor atentamente. Até que percebi que provavelmente era meu receio por ficar sozinho pela primeira vez.

Mal sabia que estava um pouco enganado.

Beautiful creature | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora