Somente depois de alguns segundo é que minha ficha caiu. Um ser híbrido. Ele olhou atentamente para meu rosto espantado. Estava com os olhos lacrimejados e as mãos tremendo.
– Por favor, por favor, não corra, não tenha medo de mim.
Estava prestes a chorar. O foquei novamente. Aquele ser era a criatura mais linda e majestosa que eu poderia ter visto em toda a minha vida.
Continuei parado a sua frente, não me movia, mas não correria; por mais que eu não conseguisse captar, entender e minha ficha não tivesse caído, não sentia medo algum dele. Como poderia temer quem me deixava flores? Quem disse que gostou de mim quando me viu? E além do mais, aquela criatura majestosa, parada a minha frente, com os olhos lacrimejando; era simplesmente lindo. Dei um passo em sua direção um pouco hesitante.
– Não tem medo? – perguntou, fungando. Era realmente tão fofo que eu sorri.
– Não. Você é fofo – disse simplista, ele corou – o que é você? – ele pareceu pensar por um momento.
– Mamãe disse que éramos considerados as criaturas da terra, até vocês aparecerem... Humanos... o que são vocês na verdade? – pareceu ainda mais pensante – nunca precisamos de um nome, são vocês que tem a mania de dar nomes específicos para as coisas. Eu tentei aprender o que vocês dizem, mas é bem difícil – era tão engraçada a maneira que ele falava, sua voz era rouca e contrastava com o rosto angelical. Apesar de seu tamanho, parecia frágil e seus chifres pontudos em forma de galhos não eram nada ameaçadores.
– Então você é uma criatura da terra, como na história... – pensei um pouco alto.
– Que história?
– A da criatura da terra que se apaixonou pela criatura da água – respondi, esperando que ele soubesse. Fez uma careta.
– Eu odeio essa história. Tem um final triste, mamãe disse que não existem barreiras para o amor – eu simplesmente não conseguia desviar meus olhos dos seus, corei com sua resposta.
– Quantos anos você tem? – perguntei.
– Anos? – pareceu entender – ah, primaveras, certo? Dezoito. – então ele tinha a mesma idade que eu.
Ficamos parados, um encarando o outro. Ele me olhava dos pés a cabeça, demorou um tempo para se aproximar, ficando bem pertinho, até que se manifestou em palavras.
– Posso tocar você de novo? – perguntou simplista. Corei feito um tomate, como ele conseguia dizer aquelas coisas da forma mais natural possível? Acenti com a cabeça, logo sentindo suas mãos em meu rosto – você é quentinho – disse rindo. Claro que fiquei mais vermelho.
– Não diga coisas assim! – fiz beicinho – me deixa com vergonha.
– Vergonha? – repetiu, sem entender.
– É quando a gente sente o rosto ficar quente, e quer se esconder para que os outros não nos vejam – tentei explicar de maneira desengonçada.
– Ah, entendi – sorriu doce – não precisa ter vergonha de mim, ta? Eu gosto de tocar você. – de novo queria enfiar minha cabeça em um buraco no chão – por que vocês humanos usam essas coisas? – perguntou, puxando a minha blusa.
– É pra cobrir o corpo, ué! – foi aí que me lembrei que ele estava completamente nu. Me forcei a continuar olhando somente para seu rosto.
– Por que cobrir?
– Pra ninguém ver – eu respondia como se fosse óbvio.
– Por que ninguém pode ver?
– Porque as pessoas têm vergonha.
– Vergonha? Por que ter vergonha de uma coisa que todo mundo tem? – até que fazia sentido tudo aquilo.
– Eu não sei, mas humanos usam roupas – queria acabar com aquela conversa boba, ele pareceu se contentar. Logo sinto algo passar por minhas pernas.
– Oi Foxy – ele se abaixou, pegando a raposinha – esse aqui é o Baek – sorri ao ver que ele sabia meu nome.
– Como você se chama? – perguntei a ele, enquanto fazia carinho naquele pelo fofo da raposa.
– Chanyeol. Eu gosto do seu nome – acabei me conformando que ele tinha o papel de me fazer corar.
– Você faz coisas que me envergonham muito – ri – é fofo – admiti.
– É que eu gosto de você! – o sorriso que deu foi tão lindo que eu poderia desmaiar, até que notei o que ele falou.
– G-gosta? – ele assentiu com a cabeça
– Mamãe diz que a gente precisa falar o que sente para os outros, se não eles nunca vão saber. Não dá pra adivinhar, né? – ele voltou com uma das mãos em meu rosto, fazendo um carinho – então quero que saiba que eu gosto de você – parou pra pensar um pouco – e você, gosta de mim?
Aquilo me pegou de surpresa. Ele era um ser tão puro e magnífico. Seria covardia de minha parte se não dissesse tudo o que se passava comigo.
– E-eu não sei! – respondi nervoso – quer dizer, eu vim aqui por você e... Eu gosto das flores que me dá. E aquele dia você me tocou e eu gostei tanto! Suas mãos são macias – me atropelei todo, era difícil dizer tudo aquilo – e aí você não é um humano e... Ah, não é bem um problema, é um pouco estranho né? Se acostumar com isso... E você mora aqui mesmo? – estava tão afobado que até mudei de assunto sem notar. Ele me olhava com um sorriso muito amor.
– Acho que isso é gostar... – me pegou no flagra – acho que preciso voltar logo. Posso contar pra mamãe que vi você? – me senti receoso, quer dizer, o que aquela espécie achava de nós humanos?
– Ela gosta de humanos?
– Ela gosta de todos. E bem, eu disse pra ela que gosto de você. Mamãe é minha melhor amiga – respondeu fofo. Assenti. – você ainda quer que eu leve flores pra você?
– Claro! Mas sabe... Talvez você possa me chamar da próxima vez – disse tímido. – te mostro minha casa. – ele concordou. Até que me lembrei novamente que ele estava nu – er... Será que você poderia se cobrir um pouco quando for lá? Eu tenho vergonha... – ele sorriu, já se afastando.
– To bom! Vejo você hoje à noite.
Colocou a raposinha no chão e ambos correram para dentro da floresta. Pus-me ao caminho de volta. Só conseguiria pensar em tudo quando chegasse a minha casa.
"Não duvido se eu estiver dormindo. Não duvido se me chamarem de louco"
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Beautiful creature | ChanBaek
Fanfiction|ChanBaek | Romance fantástico | Citação HunHan [...] Por entre os cabelos castanhos, os chifres erguiam-se altos e imponentes. No lugar dos pés, cascos se formavam juntamente com as patas animalescas que se fundiam com as coxas humanas. E os olh...