Já havia anoitecido e eu simplesmente tinha perdido a noção de quanto tempo fazia que eu estava naquele ofurô. Ele não saia da minha mente, nem por um segundo sequer, suas palavras, seu toque, era tudo tão esplêndido e confuso ao mesmo tempo.
Eu jamais poderia esperar tudo aquilo, mesmo que fosse certo de que não haveria outra possibilidade para explicar tudo o que aconteceu. Pensando bem, eu sonhava com ele, eu ouvi sua voz durante meu sono, eu senti o seu toque. As vibrações nos ligavam de alguma forma estranha e não natural. Era óbvio que o que eu procurava não fosse tão normal, sonhar com um lugar que nunca havia visitado e nem ao menos eu sabia que existia; ir a esse lugar procurando algo dos meus sonhos e encontrá-lo. Chanyeol estava ali e ele era real, ele me trazia flores porque gostava de mim, era uma criatura sensível e verdadeira, ele expôs seus sentimentos a mim. "Eu quero abraçá-lo" Era tudo tão surreal que me surpreendi por não estar achando uma loucura infinita, mas aquela imagem e mais tudo o que aconteceu entraram na minha mente como uma verdade absoluta e irredutível, sem perguntas ou explicações. A verdade é que eu não via a hora de vê-lo novamente. Ele disse que viria, ele não mentiria e eu sabia disso.
Sai da água quando a mesma já não estava tão quente, o clima havia esfriado e vesti-me com roupas quentes e macias. Eu queria vê-lo chegar, queria ter certeza de que ele ficaria e não apenas deixaria uma flor. Fui até a porta, a abrindo lentamente e logo sentindo a brisa em meu rosto.
– Oi.
Ele estava lá. Sentando ao lado de minha porta, com uma linda flor azul ao qual eu não sabia o nome. Meu sorriso foi tão imenso que o fez rir também. Seu corpo estava parcialmente coberto por um tipo de pele de animal, o que ainda deixava a mostra seu abdome, mas é claro que eu estava bem satisfeito.
– Há quanto tempo está aí? – disse, me agachando em sua frente.
– Não sei. Quando cheguei você estava tomando banho – corei com o que ele disse. Era fato que eu não tinha notado que diferente do meu antigo pensamento, havia seres que poderiam me ver pela grande janela do banheiro.
– Eu prometi que mostraria minha casa – me levantei, estendendo a mão, ele rapidamente a agarrou e eu pude sentir novamente o toque quente e macio de sua pele. Corei com a sensação e ele se levantou. O puxei para dentro e ri quando precisou se abaixar para que os chifres não batessem na porta.
Ele olhava tudo com um brilho bonito nos olhos, andava devagar e bem atento. Mostrei tudo à ele e perguntei se ele gostava de doces. Para minha surpresa, ele respondeu que nunca tinha provado muito das coisas humanas e que se alimentava dos frutos das árvores e do que pescava.
– Vou fazer bolo pra você – propus sorridente.
– O que é bolo? – ele ficava extremamente adorável quando perguntava coisas.
– Você vai ver.
Chanyeol ficou sentado, enquanto me olhava cozinhar. Conversava animadamente, contando histórias – as felizes, ele não gostava de coisas tristes – e isso deixou o ambiente tão leve que nem vimos o tempo passar.
– Você vai morar aqui pra sempre?
Sua pergunta me surpreendeu. Aquilo tudo era para durar apenas alguns dias, mas eu já enxergava tudo ali como meu, era a minha casa, minhas coisas, meu Chanyeol. Porque para mim aquilo tudo era tão certo que eu simplesmente não poderia abandonar.
– O plano não era esse – sorri – mas acho que não consigo mais ir embora. Essa casa é do meu avô, quero ligar pra ele e dizer que vou ficar mais, vou para a cidade, tentar arrumar trabalho. Papai vai ficar uma fera, ele quer que eu arrume uma profissão que dê orgulho a ele.
– Seu pai não sente orgulho de você? – perguntou chocado.
– Acho que não nasci pra dar orgulho a ninguém.
Fora sempre assim e continuaria sendo, a diferença era que eu planejava ser feliz. O bolo estava assando, então fomos até a sala. Sentei no sofá e vi Chanyeol se sentando no tapete felpudo. Olhei questionador e ele sorriu.
– É macio
Me movi, sentando ao sei lado no chão.
– Como é o nome da flor que me deu hoje? – perguntei, me achegando a ele.
– É uma tulipa azul. Você gostou? – perguntou, me encarando.
– Sim, como todas as outras.
Meu coração batia cada vez mais rápido quando nos encarávamos. Seu rosto esboçava felicidade e timidez. Por impulso, levei minhas mãos a seus chifres, percorrendo a extensão que eu alcançava.
– Precisa tomar cuidado quando está perto de mim – disse baixinho, talvez envergonhado – se nos chocarmos, você pode se machucar – a forma com que se preocupava era extremamente doce.
– Não se preocupe. Você vai sempre saber quando eu estiver perto, sei que não vai me machucar.
Prestando atenção, seus chifres não eram assim tão grandes, eram bonitos e delicados. Nos encarávamos sem constrangimento, ele se aproximou, tocando meu rosto com as mãos.
– Meu coração bate tão forte quando olho pra você – me disse, deixando-me com um grande sorriso no rosto e com as bochechas coradas – e eu não consigo só ficar olhando, sem sentir sua pele – sua mão passou para seu pescoço, acariciando minha nuca. Senti cócegas e ri um pouquinho.
– Chanyeol... – sussurrei enquanto me aproximava. Seu corpo me chamava, eu queria me jogar em seus braços, queria que me agarrasse forte e não soltasse nunca mais, queria poder ficar ali pra sempre. Eu o queria. Passei a mão por sua cintura e aproximei meus lábios de seu rosto. Selei sua bochecha, sentindo sua respiração, meu coração poderia saltar da minha por minha boca. Me afastei um pouco, seus olhos estavam fechados, mas logo me encararam docemente.
– Gostei disso – disse sorrindo. Foquei em seus lábios, eram tão bonitos e rosados. Passei meu dedo sobre eles, sentindo Chanyeol arfar baixinho e fechar os olhos novamente. Ele era tão maravilhosamente perfeito.
– Chanyeol... Eu quero te beijar.
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Beautiful creature | ChanBaek
Fanfiction|ChanBaek | Romance fantástico | Citação HunHan [...] Por entre os cabelos castanhos, os chifres erguiam-se altos e imponentes. No lugar dos pés, cascos se formavam juntamente com as patas animalescas que se fundiam com as coxas humanas. E os olh...