Os garotos haviam acabado de chegar e eu aproveitei enquanto comiam alguns bolinhos – os últimos de minha mãe – para colocar água e biscoitos na mochila.
– Temos sorte, hoje o clima está agradável. Vamos subir bastante hoje, pela trilha da caverna – disse Sehun, animado.
– Caverna? – perguntei.
– Sim, é a trilha que dá para a caverna onde meu avô me levava quando criança. Há um lago dentro dela, com a água do rio – disse Luhan – eu e Sehun já acampamos lá dentro uma vez, acima do lago a caverna se abre, como um pequeno vulcão.
– O céu é lindo à noite visto de lá, as paredes da caverna isolam a luz e isso ilumina a água – Sehun completou – Poderíamos até passar a noite ali qualquer dia. Mas acho que ultimamente está muito frio para isso. É preciso esperar o verão.
Eu estava realmente animado para conhecer tudo aquilo. Mas algo ainda me intrigava.
– Tem alguma ponte por aqui? – os dois se olharam.
– Tem uma não muito longe – respondeu o mais velho –mas nunca passamos por ela. Nossos avôs sempre diziam ser perigoso demais. Há animais que não vemos desse lado. No fim do outro lado da ponta há um portão para que nada de lá passe para cá, a não ser humanos, é claro.
– Não há gente morando do outro lado? – eu tinha que saber.
– Talvez tenha, mas não tão próximo daqui e sim mais para perto da divisa.
– E as pessoas da cidade, costumam vir para cá?
– Não muito, só para trilhas mesmo, e isso são nos fim de semana. Pouca gente vem em outros dias. E há várias trilhas pela floresta Baek. Só duas passam por aqui – disse Sehun enquanto se levantava.
– Sim, a da caverna e a do monte. Que tal irmos? – Luhan seguia o namorado, pegando as mochilas.
– Vamos – disse, ainda pensando "então quem deixa aquelas flores?"
No meu sonho não havia nenhum portão do outro lado da ponte. Também não havia animais, não perigosos. O cervo era tão delicado, um animal gentil. De alguma forma, senti que deveria explorar aquela ponte, saber o que tinha do outro lado.
Saímos pela trilha, que começava há alguns quilômetros da cabana. O sol estava alto no céu, mas era coberto pelas copas das árvores. Sehun ia na frente, era curioso e bem ativo. Eu e Luhan íamos atrás, lado a lado.
– O que trouxe você até aqui? – perguntou, observando a paisagem.
– Eu precisava fugir um pouco do mundo real e pelo visto deu certo. Me sinto em um vale encantado – ri.
– Minha avó costuma dizer que essa floresta realmente é encantada.
– Como assim?
– Desde pequeno eu ouço aquela história. Vovó contava que há muitos e muitos anos essa floresta era lar de várias criaturas místicas que viviam em paz umas com as outras com um acordo: as raças não poderiam se misturar. Viveram bem durante séculos, até que as filhas de dois reis, um de cada espécie, se apaixonaram. A forma das garotas sempre muda de acordo com quem conta a história, minha avó diz que uma era criatura do rio, a pele pálida e escamosa, os cabelos escuros e os olhos amarelos como o de grandes crocodilos que habitavam aquelas margens. A outra era criatura da terra, cabelos vermelhos como as folhas secas que caem no inverno, essa tinhas longos chifres e cascos. – os olhos de Luhan brilhavam enquanto contava a história.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Beautiful creature | ChanBaek
Fanfiction|ChanBaek | Romance fantástico | Citação HunHan [...] Por entre os cabelos castanhos, os chifres erguiam-se altos e imponentes. No lugar dos pés, cascos se formavam juntamente com as patas animalescas que se fundiam com as coxas humanas. E os olh...