Já era de manhã. A noite havia sido ainda mais fria. Eu havia me deitado cedo, logo após um longo banho de ofurô, estava cansado pela caminhada, mas acordei disposto o suficiente para o que eu mais queria fazer; atravessar aquela ponte. Mas primeiro eu precisava achar a tal ponte.Retirei a blusa de frio e as meias que vesti para dormir, ficando apenas de calça moletom, descalço. Antes de tudo eu precisava de uma confirmação, a prova de que eu não estava completamente louco. Parei em frente à porta, com a mão na maçaneta.
– Por favor, esteja aqui. Por favor, por esteja aqui – e estava. Ao abrir a porta, exatamente em cima do pequeno tapete havia uma orquídea. A peguei com cuidado, o sorriso em meu rosto não poderia ser maior. Me vesti adequadamente para a caminhada que viria, enchi a mochila com garrafas de água e biscoitos. Tomei um café da manhã rápido; chá e torradas. Antes de sair, olhei para o pequeno vaso na penteadeira do meu quarto. Sua transparência contrastava com as cores das flores, uma rosa, um lírio, um girassol e uma orquídea.
O sol ainda estava baixo por ser bem cedo, me coloquei na mesma trilha do dia anterior, andando por cerca de vinte minutos até a bifurcação. No dia anterior havia seguido os rapazes pela trilha da direita, mas naquela manhã segui a da esquerda. A mata era um pouco mais fechada por ali, mas era possível uma pessoa sozinha passar por lá tranquilamente. O som a água ficava mais alto a cada passo, depois de mais dez minutos andando, achei a ponte. Era incrivelmente igual a do meu sonho; um pouco arqueada para cima, feita de toras grossas e com corrimãos largos dos dois lados. Era velha, porém parecia bem segura. Passo a passo fui subindo lentamente até perder totalmente o medo. Me permiti parar bem no meio, aproveitando a visão privilegiada. O rio corria lento e a brisa bagunçava meus cabelos. Pus-me a pensar; eu realmente nem ao menos sabia o que estava procurando. Eu só queria sentir aquele toque mais uma vez, ver as flores coloridas em suas mãos e ouvir aquela voz novamente. Quem seria aquela pessoa? Poderia ser somente um sonho, isso se aquelas lindas flores não estivessem lá, provando que eu não estava louco.
Continuei andando pela ponte até chegar ao outro lado. Realmente havia um portão, feito de uma madeira aparentemente não tão velha quanto a ponte. Era baixo e não estava trancado, o mecanismo de fecho não poderia ser aberto por animais, mas pude abrir facilmente. Um frio correu por minha espinha; se o portão existia, os animais perigosos também. Pensei em voltar, desistir, mas havia prometido a mim mesmo que não voltaria atrás.
"Você é tão lindo...lindo como uma flor" Aquela voz grave ressoava em minha mente. Eu tinha que encontrá-lo.
– Estou mesmo entrando em uma grande encrenca – ri sozinho. Talvez eu fosse louco.
Fechei o portão atrás de mim e prossegui, andando lentamente para me lembrar do caminho, teria que correr para a direção certa caso algo acontecesse. Atravessei o trecho rochoso, passei pela camada de areia nas margens e logo adentrei na mata. Diferente do que eu havia pensado, a floresta não era fechada. Entre as árvores havia espaço suficiente para circular sem nenhum impedimento, mas isso só até poucos momentos. Adentrando mais a vegetação ia se fechando. Lá estava mais úmido, notei a presença de pequenos animais; pássaros coloridos, insetos, pequenas rãs. Caminhei por longos minutos, estava cansado, porém continuei até encontrar uma clareira. Era um grande espaço entre as árvores, mais arejado e bonito, no meio havia uma majestosa árvore, em seu galhos haviam pequenas flores cor de rosa. Me sentei encostado a ela, abrindo a mochila e pegando biscoitos e água. Olhando para cima notei um ninho de pássaros, havia também alguns beija-flores. Fiquei ali em silêncio, um pouco triste por não ter achado nada. Estava quase cochilando, até que ouvi um barulho; parecia alguém se caindo ao chão.
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Beautiful creature | ChanBaek
Fanfiction|ChanBaek | Romance fantástico | Citação HunHan [...] Por entre os cabelos castanhos, os chifres erguiam-se altos e imponentes. No lugar dos pés, cascos se formavam juntamente com as patas animalescas que se fundiam com as coxas humanas. E os olh...