I

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Estava à noite lá fora.

Eu tentava ler um livro, mas não conseguia. Estava frenético.

Eles me observavam, me vigiavam.

Eu não estava a salvo. Londres se tornou perigoso, tanto para mim, quanto para meu primo. Eu sentia olhos fulminando minha nuca. Olhei para trás só para garantir, nada, voltei a encarar as letras do livro. Elas saltavam das páginas, pisquei e apertei a ponte do nariz, fechando os olhos com força.

Fazia três dias que eu não dormia. Não depois de ter visto Beatrice na estação de metrô, me encarando, avaliando minha alma. Eu não posso ficar mais em Londres.

- Christian, larga esse livro e vai dormir, pelo amor de Deus. - Jorge resmungou, enquanto saía do banheiro.

- Não consigo. Beatrice... Ela estava lá.

- Não estava. Por Deus, Beatrice ainda está em Maplecreek! - Jorge balançou a cabeça.

- Ela sequestrou Ayla, você sabe disso. - Encarei meu primo - Ela está em Londres. Vai nos matar.

- Não vai. Não, se não nos encontrar. - Ele olhou discretamente pela janela.

Estávamos no terceiro andar de um hotel no subúrbio de Londres. A ajuda que teríamos aqui quase nos matou, então tivemos que nos virar. Mas o que me preocupa é que não consegui avisar Ayla, pedir ajuda por Lilith. E isso já faz um ano.

- Chris, vem cá. - Meu primo sussurrou, me chamando com a cabeça.

Fui até ele e encarei a calçada, havia uma mulher e dois homens conversando, lançando olhares de soslaio para nossa janela. Reconheci os cabelos ruivos da mulher. A raiva subiu por minhas veias.

- O que ela faz aqui?!

- Beatrice está mesmo em Londres. Está atrás de nós. - Jorge se afastou da janela e correu as mãos nos cabelos, preocupado - Temos que ir embora daqui. Vamos para seu apartamento em Paris.

- Como vamos conseguir passar por eles? - Me virei para meu primo, que já juntava suas roupas na mala.

- Beatrice nos subestimou novamente. - Ele fechou a mala e abriu o armário, era lá que guardávamos nossas armas - Vai ser fácil, a garota dará mais trabalho, mas vai ser fácil.

Peguei duas armas carregadas e uma faca. Enfiei minhas roupas dentro da minha mala e encarei meu primo.

- É agora ou nunca?

- É agora ou nunca.

Saímos de nosso quarto e demos de cara com uma muralha no corredor. Eu conhecia ele, Travis, um dos melhores caçadores de Beatrice. Lancei um olhar para meu primo.

Vai ser bem fácil, né.

- Aonde pensam que vão? - Travis cruzou os braços, sua voz era lenta e grutural.

- Nosso tempo de estadia aqui acabou, sabe como é, né. - Jorge riu nervoso - Se nos dá licença...

Travis agarrou o braço de Jorge e, numa velocidade sobre-humana, eu enfiei minha faca em seu pescoço. Ele cambaleou pelo susto, segurando o machucado, o sangue jorrava entre seus dedos. Puxei meu primo e disse em seu ouvido:

- Corre.

Corremos como se não houvesse amanhã. Saímos na rua e os dois caçadores e a mulher ruiva já nos esperavam.

- Não vão fugir. - Ally sacou uma adaga e avançou.

Segurei sua mão armada antes que a faca chegasse ao meu rosto, sua outra mão desferiu dois socos em minha barriga e se soltou de mim, mas sem sua faca. Tentei atingir seu rosto, mas ela era muito ágil, desferi um chute em sua canela e Ally foi ao chão, desferi outro chute em sua barriga e ela cuspiu sangue, guardei a adaga dentro de meu casaco.

- Jorge! - Chamei meu primo, ele tinha acabado de desacordar o último dos dois caçadores - Vamos!

Íamos começar a correr, quando ouvi um som de tiro. Jorge caiu agonizando no chão, segurando seu ombro, enquanto Ally apontava uma arma para nós.

- Você adora atirar em pessoas, não é? - Rosnei, cuspindo as palavras, enquanto agachava ao lado de Jorge.

- E você é um babaca. - Ela cuspiu de volta.

- Não ligo para o que pensa de mim.

- Não comecem, pombinhos. - Aquela voz fez até minha alma gelar - Temos assuntos mais importantes.

Virei meu rosto e encarei os olhos castanhos claros de Beatrice, ela se aproximava lentamente, como uma cobra pronta para dar o bote. Seu sorriso era ácido.

- Christian e Jorge, os Judas dos caçadores. - Ela riu baixo - Preferem os lobisomens do que os de sua própria espécie. Você matou Travis, Christian!

Não respondi, apenas encarei as duas mulheres com ódio no olhar.

- Vocês serão julgados e sentenciados quando chegarmos à Mansão. - Ela estalou os dedos e Ally se aproximou de nós, com as algemas prontas.

Não.
Eu não ia deixar.

- Me desculpe. - Sussurrei para Jorge - Eu volto para te salvar.

Jorge apenas me encarou por alguns segundo, apertando o ombro ferido. Ele balançou a cabeça.

- Faça o que for preciso.

Me levantei e esperei Ally chegar perto o bastante. Com toda a agilidade e rapidez que consegui reunir em mim mesmo, saquei uma arma e dei dois tirou na perna de Ally e dois tiros na perna de Beatrice.

- NÃO! - A líder dos caçadores urrou de dor, assim como a outra.

Dei um último olhar para meu primo e saí correndo rua abaixo, me misturando na escuridão.

- A GUERRA ESTÁ CHEGANDO, CHRISTIAN. - Ouvi os gritos de Beatrice - E NEM MESMO SUA LOBISOMEM VAI CONSEGUIR TE SALVAR.

Ela tinha razão, o Grande Combate está se aproximando. Decidi não pegar o vôo para Paris.

Estava na hora de voltar para Maplecreek.

                            •••

Olaaaa
E aqui estamos com a segunda temporada de Wolf \o/
Espero que gostem dessa :D. Se sim, comentem, deixem seu voto e divulguem ❤️
Esse primeiro capitulo só foi para dar umas pitada de mistério sabe •^•.
Até o próximo! ;*

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