DOS: Uivo

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Para Camilla Jones, o saco de pancadas não era mais suficiente como método de treinamento, nem para descontar sua raiva. Desde que adquiriu um novo estilo de vida – mais especificamente, desde que foi transformada em lobisomem – a morena perdeu a conta da quantidade de sacos de pancada que ela destruiu com sua força excessiva ou até mesmo com suas novas garras letais.

Em vez disso, os troncos das árvores que adornavam seu quintal tornaram-se suas vítimas favoritas. Como consequência, suas mãos estavam sempre cobertas de feridas causadas por lascas de madeira cravadas em sua pele, mas não era como se ela não se regenerasse rapidamente.


Esse foi um dos poucos benefícios que a ex-caçadora encontrou em sua nova condição, mas mesmo assim Camilla não conseguia aceitar totalmente a mudança a que foi forçada.

Internamente, Camilla vivia em constante luta consigo mesma para acabar com o inferno que estava passando, como muitos outros caçadores haviam feito. Não como um ato suicida, mas como um ato de bravura e honra.

No entanto, ela não poderia simplesmente abandonar suas irmãs. Embora seu código de honra fosse de importância significativa, seu dever e amor pela família prevaleciam em sua consciência e moral. Ainda assim, isso não a impediu de se sentir injustiçada e irritada com toda a situação.


Como descendente de Caçadores, ela tinha uma aversão inata a seres sobrenaturais, mas era muito mais do que isso, ela fora criada para caçá-los e exterminá-los. O Instituto de Caçadores, onde viveu quase toda a sua infância e adolescência, garantiu que esta nunca sairia da sua genética, incutindo-lhe as regras fundamentais da Caça e do ser Caçador.

Relembrar o Instituto trazia boas lembranças para a jovem, lembranças das aventuras, da diversão, dos companheiros que ela teve, que ela sabia que dariam a vida por ela, como ela por eles. Mas essas memórias foram rapidamente ofuscadas pelo facto de ela ter passado a ser alvo de muitos daqueles ditos companheiros, que, a partir do momento em que deixou de ser apenas humana, já não retribuíam mais os sentimentos de antes.

Essa percepção da sua nova realidade sempre fazia crescer dentro de Camilla uma onda de raiva e desamparo. Ela não apenas perdeu sua humanidade, mas também perdeu todo o resto, toda a sua vida e futuro.


Num suspiro de raiva, Camilla bateu o punho esquerdo com toda a força contra o tronco da árvore, fazendo-a tremer enquanto uma chuva de folhas caía ao seu redor. Sua mão estava levemente cravada no amassado que ela fez no tronco, e com o impacto, Camilla sentiu uma lasca maior que as outras perfurando seu punho até o pulso, fazendo com que ela perdesse temporariamente a sensação e o movimento da mão.

Ela acreditava que a lasca havia atingido um nervo, então com a ponta de suas unhas animalescas, Jones puxou a lasca fina e longa, sentindo-a rasgar sua pele e músculos com uma dor insuportável. Ela suprimiu a vontade de gritar e engoliu as lágrimas que ameaçavam cair de seus olhos caramelados.

O alívio que sentiu quando finalmente conseguiu retirar o pedaço de madeira não foi suficiente para suprimir a dor que ainda pulsava, mas pelo menos ela conseguia movimentar minimamente os dedos.



No outro canto do quintal estava Amelia, a irmã mais velha das Jones.

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