Apenas Bons Amigos

Capítulo XX

Os raios de sol batiam na janela de Lya e o celular tocava na beira da cama. Estendeu a mão para ver que ligava, atendeu ao telefone e escutou a voz doce de Beto.
-Bom dia minha linda! Dormiu bem? Como está você e o nosso bebê? Já estou morrendo de saudades. Que horas posso ir aí ver vocês?

-Calma meu bem, eu acabei de acordar. São muitas perguntas para uma hora dessas, não acha?

- Tudo bem meu amor, eu já tinha ouvido falar que mulheres grávidas sentem muito sono e por isso dorme bastante, mas não consegui esperar para falar com você, ouvir sua voz é saber como está nosso bebê.

-Nós estamos bem, dormimos bem também. Quanto a você vir aqui, acho que a tarde, quando meus pais chegarem do trabalho. Precisamos muito conversar com eles. Ontem tive uma conversa com minha mãe, não foi nada amigável. Ela acha que não devo me envolver enquanto a memória não voltar.

- Não se preocupe meu bem, ela só está preocupada com seu bem-estar, isso é normal, é perfeitamente aceitável. Mas não acho que ela irá colocar barreiras entre a gente não existe mas onde colocar barreira, já estamos bem resolvidos , não acha.

Lya levantou da cama seguiu ate a cozinha pegou um copo de café com leite e algumas torradas, estava faminta, de repente sentiu fome por 2. Imaginou sua barriga crescendo, como estaria dali a alguns dias. Sentiu-se estranha, mas feliz. Não era o que ela desejava, mas naquele momento se sentia completa, começou a imaginar um futuro ao lado de Beto.

A campainha tocou, lhe roubando de seus pensamentos. Ainda estava de babydoll. Olhou pelo olho mágico da porta e viu o rosto de Mike. Queria não atender, mas precisava resolver aquela situação o quanto antes. Tinha raiva, mas às vezes dó. Talvez Mike não tivesse feito por mal apenas queria estar do lado dela e dessa maneira aceitaria criar o filho de outro como se fosse seu.

-Porque você sumiu? Eu te procurei ontem, você não estava. Aonde você foi? Acha certo ficar andando por aí grávida como está? Acho que tá na hora de contar para seus pais. Ontem tive uma conversa com sua mãe e acho que ela aceitaria numa boa. Senti que ela ficou feliz em saber que voltamos e ficaria mais feliz ainda de saber que vamos lhe dar um neto.

- Mike me escuta, precisamos conversar. Eu já sei que esse filho não é seu. Você não precisa tentar se responsabilizar por uma coisa que você não fez. Eu nunca te pediria para assumir isso. Até vejo com bons olhos o que fez, mas já pode parar.

- Como assim Lya? O que você está dizendo? Você lembra de alguma coisa? O que que você está lembrando, por que está falando isso?

- Ainda não estou lembrando Mike, mas eu já sei que não é seu, você não é o pai.

- Como tem certeza então? Eu lembro e eu tenho certeza do contrário. Sou eu sim e ponto final. Hoje mesmo contaremos para seus pais.

- Sim Mike, eu contarei. Mas não com você e sim com o verdadeiro pai.

-Então vamos. Me fale, quem você acha que é ele então, é porque tem certeza de que é ele não eu?

-Mike, essa conversa termina aqui. Por favor vá embora. Isso não interessa voce.

-Lya, eu te amo. É ainda que eu não seja o pai, estou disposto a assumir e criar-lo como se fosse meu.

-Mike, agradeço, mas eu vou ficar bem.

-Lya, por favor. Eu já fiz planos pra nós.

Muito contra vontade Mike vai embora. Lya fecha a porta e caminha ate o quarto. Toma um caprichado banho e se sentindo exausta deita na cama e tirar mais um cochilo.

Já era tarde quando a sua mãe bate na porta e fala que Mike deixou um recado. Ela entrega um bilhetinho que Lya nem sente vontade de ler.

"Me perdoe Lya. Tudo que fiz foi pra vê-la feliz. Sempre te amei, embora talvez não tenha sabido demonstrar isso pra você. Estou indo viajar hoje, a trabalho. Nao sei quando retorno, mas gostaria de poder me despedir de você. Em nome de tudo que ja vivemos não falte. Só quero poder ver seu rosto mais uma vez. O endereço da estação está no verso. Te espero na escadaria. Até logo."