Capítulo 35 - Idiota

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   Dessa vez eu tomei muito cuidado antes de ir para o inferno. Tirando pelo fato de que eu consegui conversar com meu pai, eu fui me despedir das meninas.

   -Eu vou ter que ficar fora por uns dias... 

   -Como assim? - disse a Elisa, quase chorando. Ela bebeu pra estar assim, chorando a toa? 

   -Minha mãe precisa de mim no Brasil novamente. Preciso ajuda-la. 

   -Você vai voltar? - perguntou a Sarah.

   -Mas é claro! Eu nunca deixaria vocês! - então, elas começaram a chorar. - O que...? Por que vocês estão chorando? - perguntei preocupada.

   -Você assusta a gente com isso! Você sumiu do nada na outra vez, pensamos que você não ia voltar mais! - disse a Beatriz. - E se você não voltar?

   -Sem contar pelo fato de que você não nos explica, com todas as letras, o porque de você ter que viajar. - disse a Elisa, meio nervosa. Estavam começando a me deixar emocionada.

   -Não precisa chorar! Eu juro que eu volto. - Será mesmo?, pensei. - Um dia, vocês vão saber o porque dessa minha... viagem. Mas esse dia não será hoje. - abracei uma por uma, peguei minha mala e sai.

   -Se cuida amiga! - disse a Sarah. - Fica com Deus.



   Ashton já estava a caminho de Miami, o que me deixou um pouco mais nervosa. Nervosa por ter que voltar para aquele lugar, nervosa por ter que ver o James, nervosa porque não sei se vai dar certo. E se eu não ver mais ninguém que eu ame? Nunca mais?

   Fui até o outro lado da rua, onde tinha uma pracinha cheia de árvores altas. Um lugar meio sombrio de madrugada. Como estava bem escuro, daria para voltarmos para o inferno por lá, sem ninguém ver. Daria, também, para mim descontar minha raiva.

   Quando eu cheguei lá, infelizmente ele já estava lá. Só porque eu queria socar umas árvores até elas caírem...

   A tristeza e o arrependimento eram visíveis em seu rosto. Dava para ver o quanto que ele queria chorar, gritar que ele se arrepende e se bater por ser burro demais por ter feito tamanho absurdo na vida de alguém. 

   Depois de tudo que ele me fez... Ele quis que eu virasse sua princesa, ele me deu casa, comida, um "povo", roupas, mas me aprisionou em um lugar da qual eu não queria ficar e me afastou das pessoas que eu amo. Ele escondeu de mim várias verdades, não só quando conheci ele, mas também antes. Ele tirou meu pai de mim, eu tive que crescer sem ele, por sua culpa. Só porque esse louco queria que o destino acontecesse exatamente como era pra ser, mas acabou sendo nada natural e estragando tudo. Porque eu estava esperando tanto de um... demônio? Esperar mais das pessoas pode se tornar um defeito, e eu aprendi isso hoje.

   -Eu tenho nojo de você. - eu disse com desprezo aparente em minha voz. - Quem você acha que é para querer controlar o destino do seu jeito? Se estava lá "O pai dela vai ir embora", isso não podia acontecer naturalmente? Isso ia doer bem menos! Eu devia ter continuado no Brasil, por que ai eu não conheceria a pessoa que acabou com a minha vida! Mas por outro lado, eu virei um anjo, eu aprendi o que é amizade e o que é amor. Coisa que você nunca saberá o que é, por que você é um demônio, sem sentimentos e sem ninguém que goste de você de verdade! - disparei.

   Ele ficou calado depois disso. Ainda bem, porque se ele me tirasse mais do sério, eu não responderia pelos meus atos! Ainda em silêncio, deixando uma lágrima rolar por seu rosto, ele fez um gesto com sua mão, o que abriu um portal no chão. Eu não tenho escolha. Pulei lá, de má vontade e ele pulou em seguida, calado.



   -Eu queria infernizar sua vida, tá bom? - ele disse, zangado, quando já estávamos no "meu" quarto. - Eu NUNCA pensei que iria me apaixonar por você, nunca imaginei que ia sentir esse desejo por você... - Se ele pensa que me elogiando, as coisas vão melhorar, ele está muito enganado. - Eu queria você pra mim, entende? E agora você não vai querer nada comigo, por que agora você sabe que eu acabei com seus sentimentos, eu fiz você sentir falta de alguém e eu sei como a saudade dói, Grazy... O fato de você e seu pai terem se encontrado, foi uma puta coincidência! EU estraguei tudo... - ele disse chorando muito, enquanto eu permanecia séria.

   -Olha... eu não vou sentir dó de você! Mas eu sinto que você se arrepende. Por que você não me deixa ir, e me dá outra chance para ser feliz com minha família? - eu disse, sincera. Se ele está tão mal, por que não me deixa ir? Então, ele levantou o rosto e olhou bem em meus olhos.

   -Porque eu te amo, Grazielly. Eu sei que tem um... garoto ai fora que te ama e vai fazer de tudo pra te ter de volta, mas eu não vou desistir do meu sonho, e meu sonho é você! Me desculpa!

   -Tá James. Eu te perdoo. Nunca deixei de perdoar ninguém, você sabe. Mas eu nunca vou esquecer o que você me fez! Só de pensar tudo que eu passei por não ter meu pai...  Agora você pode me dar licença? Eu to com muita dor de cabeça. - e era verdade. Devia ser umas 5 horas da manhã e parecia que minha cabeça ia explodir. Além do meu estresse evidente.

   -Ah, ok... - ele disse meio triste. - Melhoras. De manhã eu mando alguém pra cuidar de você. - então ele saiu do quarto e eu dormi feito pedra.




   Eu acordei só de langerie - eu dormi assim? - e me sentindo muito mal. E tinha alguém no meu quarto.

   -Oi? Quem está ai? - perguntei meio fraca e uma mocinha fofa apareceu.

   -Olá! Eu vou te ajudar daqui em diante. Meu nome é Natasha. - ela disse sorrindo. Porque uma moça dessas está aqui?

   -Oh, então está bem. - eu disse meio desconfiada. - Por que eu estou assim?

   -Você está com uma febre muito alta, deve ser por causa do stress. - É, faz sentido. - Vossa Graça precisa de um banho? Eu posso preparar agora? - eu ri.

   -Vossa Graça?  Vou ficar mal acostumada assim. - disse sorrindo - Eu aceito sim, muito obrigada Nat. - e, com uma reverencia, ela foi preparar meu banho.

   Quando eu ia tirar minhas roupas íntimas, James abre a porta sem avisar.

   -Oh, desculpe. Eu... não sabia. - ele disse envergonhado.

   -Ah, imagina. Vou casar com você mesmo né? - eu disse, indiferente e ainda com muita raiva.

   -To doido pra colocar minhas mãos nesse corpinho... - ele disse, e parecia estar ficando excitado.

   -Chega! Pode parar. Sai. Deixa eu me arrumar - eu disse empurrando ele para fora enquanto ele ria. Idiota, desgraçado.

   -A água está pronta Vossa Graça. Pode entrar. - disse a Nat e eu fui me banhar.


   Enquanto tomava meu banho, comecei a refletir e decidi que não contaria ao Ashton que meu destino foi escrito.






WOOOOW, UM CAPÍTULO GRANDE PARA VOCÊS. ESPERO QUE GOSTEM.

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