Ano de 2016 — entre 2 e 3 meses
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Uma sensação estranha preenchia os minutos antes das aulas. Não havia reparado que estava tão acostumado com a presença da Violet, a carteira vazia ao meu lado ficava incompleta sem ela.
— E aí, Gustavo? — Maurício apertou rapidamente o meu ombro e seguiu para o seu lugar.
— Onde está a Violet, Gustavo? — Robin perguntou ao meu lado.
— Não se sentiu bem e resolveu ficar em casa.
— São essas viroses. Hoje em dia tudo é virose. — A cadeira do Maurício foi arrastada sobre o chão às minhas costas.
— Uuuuhhh! Então hoje vou ser a Violet. — Robin tentou passar por trás da minha cadeira como a Violet fazia, mas acabou preso entre ela e a mesa às suas costas.
— Vai um pouquinho para a frente, Gu! — ele me pediu com uma pobre imitação da voz dela.
Maurício e eu rimos.
— A Violet nunca me pediu isso. — Eu me prensei contra a mesa para que ele pudesse terminar de passar.
— Isso porque ela é magrela — ele rebateu sem nova imitação.
O som de saltos contra o chão ecoou em nossa direção. Os passos firmes e espaçados, como quem não tem pressa, insinuavam a sensualidade da sua dona, e não precisei sentir o perfume floral para descobrir que era Sheila quem chegava.
— Oi, rapazes. — Sheila segurou meu rosto com firmeza, comprimiu os lábios finos contra a minha bochecha em um forte beijo e seguiu para o seu lugar no fim da sala, sem aguardar por uma resposta.
— Filho da mãe! — Robin deu um peteleco em minha cabeça. — A Sheila está caidinha por você.
— Ela só está sendo simpática — discordei.
— Não mesmo. — Maurício riu. — Aposto que ela não fez nada ainda porque não sabe como chegar em você.
— Você tem sorte, a Sheila é uma tremenda gostosa. Só curvas — Robin contou.
— Realmente — Maurício concordou. — A Sheila é gata mesmo.
— Ela também não conseguiria passar por trás da sua cadeira, tem um traseiro de responsa. Já a Violet, ela passa com folga. — Robin riu.
— Que isso, cara, elas são diferentes — Maurício protestou. — A Violet também tem o seu próprio tipo de beleza.
— Isso é verdade. A Violet pode não ter muitas curvas, mas tem uma voz... — Robin fez cócegas em minha orelha. — Imagine sussurrando em seu ouvido.
Estiquei o meu braço e dei um leve soco em seu abdômen.
— Au! — ele gemeu.
— Mais respeito com a Violet — exigi.
— O que foi isso? Eu só elogiei a voz dela, cara — ele voltou a reclamar. — Tem certeza que é só tutoria que tá rolando aí?
Tornei a bater nele.
— Ou! Tá agressivo hoje. — Ele riu sem realmente se importar com aquilo.
<Próximo dia>
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Além De Ver, Sentir -- AMOSTRA
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