20- Pain

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   As minhas pernas esticam-se sobre a cama. Sinto um leve cheio a bolinhos caseiros e café. Sorrio e levanto o meu corpo. Ele está lá, apenas com os seus boxers vestidos e a cantar alegremente ao som do pequeno aparelho que tem ao lado da mesa. Levanto-me devagar e vou para a casa de banho, onde lavo a cara com um pouco de sabão e penteio o meu longo cabelo, fazendo um rabo-de-cavalo. Quando saio, vejo-o o Deus Grego agarrado à almofada na qual a minha cabeça dormiu, inalando o seu odor.

- O que estás a fazer?

Ele olha para trás de mim, com um sorriso meio tímido nos seus lábios.

- Queria sentir o teu cheiro, só isso. Tens fome?

Assento, sendo levada depois para a cozinha.

- Fiz panquecas. Tens chocolate, mel, frutos vermelhos e natas... o que queres?

- Chocolate!

Ele ri, colocando numa das panquecas um monte de chocolate. Ele coloca na sua a mesma coisa e serve-me café quente.

- Dormiste bem?

- Sim, e tu?

Ele assente, reclamando que eu dei-lhe pelo menos 4 chapadas. Rimos os dois, fazendo o meu coração se alertar para estar atenta.

- Vais trabalhar?

- Não, hoje estou de folga... e tu vais?

- Vou... mas só vou à tarde. Queres avisar a tua família que estas aqui?

Nego. Tenho quase a certeza que a minha mãe já sabe onde eu estou. Porque desde que ele apareceu eu desapareço.

E houve um silêncio demasiado constrangedor. Eu acabei por comer apenas duas panquecas e ele outras duas. Será que ele vai falar o que raio se passa connosco?

- Então, queres fazer alguma coisa?

Respiro fundo. Provavelmente, nós estamos a ir por um caminho demasiado perigoso, mas se é assim que o destino quer, assim terá de ser. Nós não nos conhecemos apenas por conhecer, algo nos uniu. Algo que envolve as pessoas mais importantes do nosso passado. Algo que quer que os nossos corações partidos voltem a bater normalmente, sentido a paixão e o desejo do amor a correr nas nossas veias.

- Eu quero falar. Sobre nós. Sobre ti e aquela miúda chamada Melody. Quero saber a verdade de tudo: e de hoje, a verdade não escapa, Harry.

Ele respira fundo, libertando demasiada tensão do seu corpo belo.

- Tens a certeza que queres saber?

- Sim, eu quero saber tudo. Não quero mais mentiras e mais mistérios. Tudo isso está a destruir-me. Tudo isso está a provocar dor em mim.

Ele levanta-se e vai direto ao seu armário. Os meus olhos seguem todos os seus movimentos até ele parar à minha frente com uma caixa velha e cheia de pó.

- Há muito tempo que não mexia nela.

Ele senta-se ao meu lado, abrindo a caixa de seguida. Existem papéis e fotografias dentro desta.

- Há muito tempo atrás, esta criança conheceu um anjo.

Ele mostra-me uma fotografia: duas crianças estão abraçadas, pousando numa vista de um parque.

- Ele pensava que nunca iria conhecer alguém tão belo em toda a sua vida. Ela era meiga, doce, linda de mais para ser real e dizia que o amava. Que ele era o seu príncipe encantado.

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