Work of Art

7- Isabella Payne

- Porque voltaste depois de tanto tempo?

- O quê? Dá para falares sem comida na boca, por favor?

   Esta massa, uma simples massa com carne picada e molho de tomate (Bolonhesa para as pessoas normais) está uma maravilha! Depois de não ter comido nada há uma eternidade atrás, esta simples massa parece um manjar digno da Rainha Isabel!

- Eu disse: Porque voltaste depois de tanto tempo?

   Ele limpou a sua boca com o guardanapo vermelho e deu um grande golo no seu sumo de laranja. Eu parei de comer e preparei-me para ouvir a sua explicação.

- Bem, eu tive de resolver umas coisas pessoais.

- Só isso?

- Eram coisas pessoais bastante grandes e demoradas... coisas do passado.

   Eu assenti. Ok, estava à espera de um discurso enorme e demorado, mas ok, este por enquanto serve. Só por enquanto...

- Como te sentes?

- Bem, não sinto nada. Sabes, quanto tu és atropelado por um comboio ou uma pedra gigante de cai em cima, tu ficas esmagado e destruído, mas no final, sobrevives apenas com as lesões que o tempo não cura, mas tu escondes como se nada tivesse acontecido?

   Estamos agora, depois de discutirmos quem pagava a conta durante 30 minutos na caixa registadora do Nando's e de termos provocado uma fila enorme de gente que, tal como nós, queria pagar a sua refeição e depois de o Harry acabar por pagar depois de eu ter visto que não tinha dinheiro e de ele gozar comigo... chegamos ao parque e sentamo-nos num banco a comer um crepe com chocolate e a olhar para o vazio.

- Tu de arte não percebes patavina! Mas de sentimentos... sim senhora, quem diria!

   Ele ri. Eu sei que ele apenas o fez para aliviar a tensão que se formou quando eu exprimi aquilo que sinto com o que aconteceu com o James. Eu agradeci mentalmente a sua boa disposição, a preocupação depois de ter desaparecido durante 2 meses.

- Eu e o James conhecemo-nos desde crianças. Andamos os dois na primária e ficamos melhores amigos. Mas a "amizade" cresceu assim que fomos para o secundário e começamos a namorar. Ele tornou-se popular, não só entre as raparigas que me matavam todos os dias com os seus olhares mortíferos por eu ser namorada dele, como também com os rapazes a quem ele apresentava todas as raparigas que ele dava nega! E eu, era apenas a nerd que tinha boas notas e não saía da biblioteca. Ele começou a ficar farto de mim e acabou o namoro. Depois conheci o Niall e ficamos colegas, amigos, melhores amigos, irmãos, irmãos melhores amigos colegas e ele pensou que o Niall era o meu novo namorado e quis voltar comigo. E eu aceitei e as coisas ficaram negras para o meu lado: ele começou a controlar tudo o que eu fazia, com quem falava, que roupa vestia, o que comia, só podia estar com ele e ele fez promessas que eu durante tanto tempo quis ouvir. Ele prometeu tudo! Tudo o que uma rapariga quer ouvir de um príncipe encantado. Depois ele quis...

   A cara de assustado do Harry fez com que eu parasse de falar. O meu peito subia e descia com o cansaço de ter falado tanto e tão rápido. Ele tinha um círculo perfeitamente desenhado pelos seus lábios estampado na sua cara mais os olhos demasiadamente arregalados.

- Ele...

   Ele começou a falar, bem devagar e baixo.

- Ele controlava a tua comida?

   Eu suspirei. Que idiota que fui...

- De tudo o que eu disse, foi só isso que conseguiste apanhar?

- Não, mas é estranho...

   Eu levantei-me do banco de jardim público e comecei a andar, sem destino. Ele vinha atrás de mim, com passos lentos e silenciosos. A noite estava fria e arrependo-me de não ter trazido um casaco mais quente. Parei na ponte, como da última vez. O cheiro do rio acalma-me sempre!

- Desculpa se te contei demasiadas coisas seguidas. Quer dizer, porque raio tu te irias interessar por um passado estupido de uma rapariga estupidamente iludida por um par de olhos azuis...

- Hey! Não digas isso!

   Ele virou-me para ele, fazendo com que os meus olhos encontrassem as esmeraldas perfeitas. As suas mãos estavam nos meus pulsos, apertando-os levemente.

- Não te prendas a um passado que não correu bem. Cada erro que tu cometes-te foi por paixão, ilusão a uma fantasia que todas as pessoas criam na sua cabeça! Todas! O James foi só um idiota que teve a sorte de ter encontrado alguém que o amou tanto e que se desvaloriza depois de tanto tempo... ele é que é o culpado de tu estares assim! Presa a um passado que não devia de estar presente no futuro. Não deixes que esse filho da puta continue a fazer parte dos teus pensamentos. Não deixes.

   Uau! Deus do céu! Quem diria que só com essas palavras eu iria-me sentir melhor?

- Uau, obrigada. Acho que estou a sentir-me melhor. Obrigada, Harry.

- De nada,...

- Óh Meu Deus! Tu ainda, ainda não sabes o meu nome? Quando tiveste em minha casa alguém te deve de ter dito!

   Ele riu e colocou um braço em volta dos meus ombros, empurrando-me levemente pelas ruas povoadas e alegres de Londres.

- Eu disse para ninguém prenunciar o teu nome. Os teus pais chamavam-te filha e o teu irmão de " a maluca"... a tua família é muito fixe. Eles estavam demasiado preocupados contigo...

- Eu sei. Eu já tinha feito... aquilo antes. Depois do James me convencer que eu tinha...

   Não lhe vou contar! Tenho vergonha de mais. Quer dizer, não se diz isso a um estranho! Será o Harry um estranho? Ou um amigo? Ou um anjo da guarda.

- Harry, para. Vamos conversar.

- Pensei que era o que tivemos a fazer nestes minutos.

   Eu sorri e empurrei-o para outro banco do mesmo jardim. Nós só tivemos a andar às voltas.

- O que tu queres?

- Agora? Apetecia-me comer um gelado. Mesmo estando frio.

- Harry, por favor. Agora é a sério. O que queres de mim?

    Ele percebeu. Ele vai falar o que realmente quer de mim. E eu estou mais que pronta para saber.

- Eu não sei. Mas sabes uma coisa? Nós temos mais em comum do que tu pensas... mas se queres a verdade eu digo-te a verdade. Mas não hoje. Nem amanha. Vamos deixar as coisas como estão, por enquanto. Acho que se esperares, vais ter uma agradável surpresa. Ok?

   Poker Face! Mas eu concordei. Porque estou demasiado curiosa e não quero que ele saía já da minha vida. Eu quero que ele fique só mais um grande gigante enorme bocado. Para o resto da vida é pedir muito?

- Ok, mas vamos fazer uma promessa?

- Tens a certeza? Já não estás farta de promessas que não se vão cumprir?

   Estendo o meu dedo pequeno da mão direita e ele sorri, imitando a minha ação. Entrelaço ambos os dedos e movo-os devagar.

- Vamos sempre dizer a verdade um ou outro. E tu nunca mais me vais deixar!

- E tu vais deixar de ser teimosa e deixar-me pagar sempre a conta do restaurante!

- Combinado!

   Dissemos os dois em conjunto. Sorrimos e fomos até ao seu carro. Entramos, ele ligou o rádio e a música preencheu o espaço com um ambiente agradável. Nenhum de nós falou. Por hoje já chega!

- Amanhã volto ao trabalho. Se quiseres, podemos ir almoçar. Ou podes trazer de casa e comemos na galeria.

- Tenho uma ideia melhor: tu fazes o almoço para mim!

   Revirei os olhos. Mas por mim, tudo bem. Saímos do carro e despedimo-nos com um beijo na face.

- Hey, quando chegar na galeria, por quem eu pergunto?

- Por Isabella. Isabella Payne. Bella para os amigos!

Hey! Tudo bem? Algumas quase de férias :D e outras já de férias por causa dos exames -.-... Vida! Espero que gostem e já agora, BOM FERIADO DIA DE PORTUGAL!!!!!! :D Kisses <3