Capítulo 10

1.3K 117 21
                                    

Elizabeth sentia-se num confuso turbilhão, deitada insone em sua cama naquela noite. Não sabia o que pensar. Seria possível que o sr. Darcy estivesse realmente noivo de sua prima? Não, pois ele lhe havia dito, embora acreditando que ela estivesse dormindo, que ele tinha intenção de pedi-la em casamento. Mas deveria ser verdade, seria impossível que Lady Catherine espalhasse tais rumores sobre a própria filha se não fosse verdade. Talvez o sr. Collins tenha se confundido. Mas era pouco provável que ele confundisse qualquer coisa dita sobre sua nobre patronesse. Contudo, essa era a conclusão mais provável e satisfatória e, por fim, Elizabeth acabou fechando os olhos.

Na manhã seguinte, o sr. Collins propôs casamento a Elizabeth, e se recusou a acreditar em sua clara e inequívoca rejeição. A sra. Bennet insistiu para que ela o aceitasse, mas o sr. Bennet insistiu para que ela mantivesse a recusa. Finalmente, o sr. Collins, indignado, aceitou um convite para jantar em Lucas Lodge, indo-se logo de Longbourn.

Elizabeth, para escapar à ira da mãe, saiu para uma longa caminhada além dos jardins de Longbourn e dos bosques ao seu redor. Andou na direção de uma pequena clareira à beira de um riacho que corria ao longo do limite das terras de seu pai. Ao se aproximar, observou um cavalo atado a um galho, pastando, e no chão, encostado numa árvore, a forma de um homem atirando pedregulhos no riacho. Ela mal teve tempo de assimilar a presença dele quando ele a viu.

"Srta. Bennet," disse o sr. Darcy, sobressaltado, despertando de seu devaneio.

Elizabeth se perguntou no que ele estaria pensando, mas disse apenas, "sr. Darcy."

Ele já se levantara para cumprimentá-la de forma apropriada.

"Como se sente num dia tão agradável?"

"Acredito que já tive dias melhores," ela respondeu rindo. Ela ainda não sabia bem como abordá-lo depois do que ficara sabendo na noite anterior, mas havia decidido não dar crédito a alegações cuja veracidade ela não tivesse verificado, especialmente considerando que a fonte de tal informação era um homem muito estúpido. O sr. Darcy, por sua vez, tinha esperanças que o humor dela tivesse melhorado em vista das atenções dele para com ela na noite anterior.

"O que a preocupa?" ele perguntou com ternura, e imediatamente imaginando se a indagação era apropriada.

"Tenho certeza de que o senhor não vai querer se preocupar com os meus problemas, sr. Darcy."

"Ao contrário, srta. Bennet. Ficarei feliz em ajudá-la da forma que me for possível, mesmo que seja apenas como um bom ouvinte."

"Temo que a minha mãe esteja muito irritada comigo," Elizabeth não podia acreditar que estava fazendo confidências a ele.

"E o que causou tal irritação?"

"É uma questão delicada sobre a qual não me sinto livre para falar."

"Está certo então. Mas acha que os sentimentos dela se justificam?"

"Não, eu não acho que minha conduta tenha sido incorreta, entretanto, posso compreender porque ela se sente assim."

"E por quê? Se é que se sente à vontade para revelar as razões de sua mãe."

"Ela está pensando apenas no meu próprio bem."

"Essa é a melhor razão para qualquer sentimento que ela tenha em relação a uma filha, não é?"

"Eu só discordo de um ponto em particular do que ela considera o melhor para mim."

"E qual é esse ponto em particular?... se estiver livre para falar."

"Meu próprio futuro," respondeu Elizabeth sorrindo com a expressão de profundo interesse do cavalheiro.

Confissões a uma Bela Adormecida Onde histórias criam vida. Descubra agora