-Hey, Jess... – alguém interrompe os meus pensamentos.
-Diz? – viro-me para o Louis.
-Lamento o que aconteceu aos teus pais, a sério... Estou aqui para o que precisares. – ele sussurou e forçou um sorriso.
-Obrigada Lou... – mordi os lábios para esconder o meu sorriso tímido.
-Quando é que eles foram assassinados? – uma voz do outro lado da minha mesa ecoou nos meus ouvidos.
-Há...Há 1 semana atrás... – gaguejei, depois de reparar nos olhos tão intensos do rapaz que estava à minha beira.
Depois de lhe responder, ele vira-me a cara pensativo.
-Sou a Jessica, e tu és...?
-Niall.
-Niall...?
-Horan. – ele completou. – Para perguntares o meu apelido acho que tens que dizer o teu antes. – ele olhou-me sem emoção, um pouco irritado.
-Jessica Sparks.
Ele revirou os olhos. O que há de errado com ele? Prestei atenção à aula, o máximo possível... Mas ele não me saía da cabeça. O Niall. Deu o toque e montes de pessoas vieram ter comigo, dizer que lamentavam... O costume. A única pessoa que não o veio fazer foi o Niall e uma rapariga a quem ele estava colado. A rapariga parecia aquele tipo bastante comum de se encontrar na escola secundária... Eles estavam literalmente a engolir-se dentro da sala de aula.
-Jess, anda connosco, eu pago-te o lanche. – o Louis disse, à frente de um rapaz e da Emily.
-Sou o Harry! – o rapaz com um ar super fofo, com cabelo encaracolado aproximou-se dando-me um abraço.
-Sou a Em, já nos conhecemos! – ela deu-me o braço e eu fui com eles.
O Louis pagou-me um lanche e demos voltas pela escola, para eu a conhecer melhor. Era enorme. O Niall não me saía da cabeça. Não parecia do tipo fácil, mas era lindo. Misterioso. Algo nele chamava a minha atenção. Queria muito saber mais sobre ele e não me contive em perguntar.
-Lou, o que há de errado com o Niall? – ups, as palavras saíram sem pensar.
-Nada, pelo menos eu acho! – ele riu-se. – Ele é apenas um daqueles rapazes “mal-amados” ou “badboys”, como preferires. Aconselho-te a não te envolveres com ele. É uma má influência. Para além disso, é muito frio.
-Porque é que ele é assim? – encarei-o ao longe sentado num banco a escrever num caderno, com os pés por cima do acento.
-Ninguém sabe. Não tentes descobrir, ouvi dizer que a última pessoa que tentou envolver-se com ele, morreu. – a Em acrescentou. Tremi com esta informação, apesar de me parecer ridícula.
-Mas... hoje ele e uma rapariga estavam aos beijos na sala de aula... – eu evidentemente estava confusa.
-A Chloe? Ela é uma puta. – o Harry disse com desprezo. – E o Niall come imensas raparigas, mas nunca passou disso. Nunca teve nenhuma relação, pelo menos que me tenha contado.
-Eu... Tenho que ir à casa de banho...
-Ok, nós esperamos-te aqui! – o Louis sorriu.
Levantei-me com a mochila às costas, e passei pelo banco do Niall. Ele intrigava-me. Quando me sentei ao pé dos seus pés, ele levantou o olhar para mim. Estava habituada a lidar com rapazes como ele, sabia o que fazer e o que dizer.
Ficamos a encarar-nos durante bastantes segundos até que ele chutou.
-Que queres? – ele deu uma risada de gozo.
-Não quero nada, só me sentei aqui. – franzi as sobrancelhas, encolhi os ombros e ele sorriu de canto.
-Ai é? Então não te vais importar se eu me sentar noutro banco, pois não? – ele pousou o caderno no seu colo e aproximou a sua cara da minha.
-Não vais fazer isso. – disse. Ele levantou as sobrancelhas e abriu a boca para falar mas rapidamente sorriu abanado negativamente a cabeça.
Fiquei simplesmente ali a vê-lo escrever no caderno. Ele era um anjo.
-Vais ficar a observar-me por muito tempo? – ele disse um pouco irritado.
-O que é que estás a escrever nesse caderno? – disse ignorando a sua pergunta.
-Rapariga, não é por os teus pais terem sido assassinados que eu vou ter peninha de ti como todos os outros. Acostuma-te. – ele cuspiu.
Auch. Virei-me mais para perto dele aumentando o meu tom de voz.
-Porra quem pensas que és para mencionar os meus pais aqui?
-Caralho, deixa-me em paz! Tu é que vieste aqui ter comigo, agora vai embora! – ele levantou-se enfrentando-me. Não havia pessoas a passarem por aquele banco, o que foi um alívio.
-COM PRAZER! – grito-lhe na cara e dirijo-me para a beira do Louis e dos outros.
-Jess, espera... – ele apareceu por trás de mim agarrando-me a cintura.
-Larga-me Niall, estou a falar a sério.
-Não, não estás. Porque é que a tua pele arrepia quando eu te toco? – ele sussurou enquanto me chupava o pescoço.
Ganho forças e afasto-me dele.
-És bipolar rapaz, se fosse a ti tratava-me. – continuei o meu percurso.
-Só não sei como devo lidar contigo. – ele murmura.
***
Afastei-me o mais rápido possível dele e acabei por perder-me. Óptimo. Deu o toque, tinha aula de Matemática na sala 25.
-Não deve ser difícil de encontrar a sala, basta seguir os números.
Passei por entre a multidão imensa e cheguei à sala antes do professor. Sentei-me e ignorei todos os que falavam comigo. Até que uns olhos azuis e um cabelo loiro entraram no meu campo de visão. Ele sentou-se novamente à minha beira, sem pronunciar uma palavra.
A aula começou e acabou rapidamente. Era a última aula do dia, e eu ia almoçar a casa. Peguei na mochila mal ouvi o toque e saí daquela escola. Tinham acontecido montes de coisas e era só o primeiro dia...
Mal entrei na minha rua vi quem estava do outro lado da estrada. Não podia. O Niall estava a seguir-me?
-Sabes que não gosto de stalkers? – gritei.
-Simplesmente estou a ir para casa. – ele riu-se enquanto entrava na casa à minha frente.
-Tu és meu vizinho? – arregalei os olhos.
-Sim, já te tinha visto aqui, mas tu estavas no teu mundinho. – ele disse enquanto batia à porta. Quem o atendeu foi uma mulher baixa e igualmente loira.
-Vejo-te por aí, Jess. – ele sorriu piscando-me o olho.
-É... por aí... – digo para mim mesma quando ele já tinha entrado em casa.
Peguei nas chaves e larguei a mochila por cima do sofá e foi aí que me apercebi de algo muito mau.
-Merda, não tenho nada para almoçar.
Tinha que ir almoçar fora, não me apetecia muito pedir comida. Saudades da comida caseira da minha mãe... Quando peguei novamente na maçaneta e abri a porta, encontrei o Niall sem camisola nas escadas da sua casa com um ar severo.
-Niall? – forcei-me a dizer. Mal me viu, correu para a minha beira um pouco... aliviado?