Já faz 1 semana desde que os meus pais foram assassinados. Tenho 18 anos e vivo num apartamento em Londres sozinha. Acordei com a luz do sol a bater-me na cara. Aquele silêncio era constrangedor, ainda não estava habituada.
-Merda! – olhei para o relógio e só tinha meia hora para me arranjar para a escola.
Tomei um banho de 5 minutos enquanto o leite aquecia. Desci com a toalha à volta do meu corpo e tomei o pequeno-almoço. A minha vida estava a ir muito mal, e tudo começou naquela noite...
*FLASHBACK ON*
Estava a voltar para casa depois de dar um passeio de noite com as minhas amigas e encontrei um carro preto desconhecido parado na minha rua. Abri o portão da frente da minha casa e agarrei nas chaves para abrir a porta.
Fui apanhada de surpresa quando a minha mãe tapou a minha boca e indicou-me para fazer silêncio. Ela parecia assustada.
-Vai esconder-te naquele armário! – a minha mãe sussurou apressada.
-O... – estava prestes a perguntar-lhe o porquê de eu fazer isso quando ela me empurrou para dentro de um armário que tinha na sala e fechou a porta cuidadosamente.
Ouvi estrondos, o meu pai a gritar e pessoas a correrem dentro da minha casa. Espreitei pela porta do armário e mal podia acreditar no que estava a ver. Um homem e uma mulher com um gorro preto na cabeça com armas nas mãos. Vi o meu pai a colocar-se em frente da minha mãe para protegê-la, mas rapidamente caiu no chão logo que uma bala atingiu a sua cabeça. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, estava demasiado assustada para acreditar que aquilo fosse verdade. Vi a minha mãe chorar e a implorar que não lhe fizessem mal, e os dois seres que estavam presentes agarraram-lhe o pescoço. Eu não podia sair dali. Queria muito ajudar, mas se saísse, só ia pior as coisas.
Procurei rapidamente o telemóvel nos meus bolsos. Concluí que o tinha deixado dentro da minha mala que tinha ficado do lado de fora do armário. Chorei desesperadamente enquanto tentava engolir os meus soluços. Ouvi alguém disparar, não tive coragem de ver qual dos dois tinha sido, mas na minha cabeça vi perfeitamente a minha mãe a cair no chão.
Tudo estava mais calmo agora. Excepto eu. Os dois assassinos já tinham ido embora, estranhamente, sem roubar nada. Apenas a vida dos meus pais. Os pais que eu tanto amava. Corri do armário e caí nos braços deles. Liguei imediatamente para a ambulância, apesar de saber que eles já tinham falecido. A minha vida mudou completamente desde aí.
*FLASHBACK OFF*
Quando reparei, estava a chorar na mesa da cozinha. Não era justo o que tinha acontecido com eles, e a culpada era eu. Eu fui a culpada da morte dos meus pais. Devia ter saído de lá e ajuda-los, talvez assim ainda os tivesse aqui comigo.
Enxaguei as lágrimas, já estava farta de chorar. Só tinha feito isso durante esta semana. Mas eu amo-os. E se um dia eu descobrir quem os assassinou, mato-os com as minhas próprias mãos, foi uma promessa que fiz aos meus pais. Sei que isso vai fazer de mim uma assassina, mas é algo que tenho que fazer.
Subi as escadas para me arranjar. Vesti-me [http://www.polyvore.com/cgi/set?id=95319017], passei um bocado de lápis nos olhos e rímel para destacar os olhos azuis, sequei o meu longo cabelo e saí de casa com a mochila às costas. Não estava com a mínima vontade de começar um ano novo longe dos meus amigos, da minha família, numa escola nova.
No caminho para a escola pus os phones nos ouvidos e ouvi música. Tentei não chorar, tudo me trazia más lembranças.
***
Quando cheguei à escola, faltavam 3 minutos para dar o primeiro toque. Decidi dar uma vista de olhos no meu cacifo.
-Olá, deves ser a nova aluna! – disse-me uma rapariga com um sorriso simpático. Ela era linda, morena de olhos escuros, e era provavelmente a minha colega de cacifo.
-Sim, chamo-me Jessica.
-Sê bem vinda Jess, sou a Emily, podes-me tratar por Em!
Forcei um sorriso e peguei nos meus livros de Biologia. De repente tocou e fui com a Emily até à sala, pelos vistos ela era da minha turma.
-PESSOAL, ESTA É A JESS, A NOVA ALUNA! – ela gritou à turma toda, parecia do tipo popular.
Sorri e acenei com a cabeça e procurei um lugar vazio no fundo. Sentei-me e felizmente, as mesas eram individuais. Peguei no material e pu-lo em cima da mesa. Nunca fui do tipo que tirava muito boas notas, mas lá conseguia safar-me. Agora só queria deixar os meus pais orgulhosos.
-Então Jess, a que é devido esta mudança de escola? – um rapaz moreno perguntou-me.
-Problemas, prefiro não falar disso. Sabes o meu nome, posso saber o teu? – sorri para ele, ele até era bonito.
-Louis. Louis Tomlinson. – ele estendeu-me a mão e eu aceitei o gesto. – És linda, és daqui de Londres?
-Agora vivo em Londres, mas nasci e vivi em Nova York. – disse um pouco envergonhada com o elogio. – E obrigada...
-És americana? – ele sorriu um pouco surpreso.
Acenei com a cabeça. O Louis parecia simpático, e para além disso era lindo. Moreno de olhos azuis, o cabelo dele meio despenteado e um sorriso adorável. Nesse momento o professor entra na sala.
-Sentem-se meninos! Bem-vindos a mais um novo ano lectivo. Sou o professor Ryan, o vosso professor de Biologia. Parece que temos uma aluna nova... Ahm... Jessica Sparks?
-Sou eu. – disse com a voz rouca, e rapidamente recebi os olhares de todos.
-Bem, de onde és?
-Nova York, atualmente vivo aqui em Londres. – todos pareceram animados com a minha resposta.
-Uma americana? Interessante, porque te mudaste para Londres? – senti o meu mundo desabar. Arregalei um pouco os olhos e senti-me desconfortável.
Para meu alívio, antes de ter tempo de dar a resposta, um rapaz loiro entra na sala.
-Desculpe o atraso, stôr. – ele senta-se numa das cadeiras de trás, ao pé da minha.
-Bem, onde é que íamos? Ah, menina Jessica, porque se mudou para Londres então? – senti o meu estômago andar às voltas, mas puxei todas as minhas forças cá para cima.
-Os meus pais foram assassinados. – disse sem falhas na voz.
Consegui ver toda a turma a arregalar os olhos para mim, tal como o professor.
-Bem... Ahm... Os meus pêsames... Se precisares de alguma coisa...
-Estou bem professor, obrigada. – sorri amavelmente. Mentir tornou-se um hábito, mas já estava um pouco melhor... A vida continua não é verdade?
-Hey, Jess... - alguém interrompe os meus pensamentos.