Capítulo 3 - Meg Sanders

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Braços fortes me tiraram de um pesadelo real. Eu não sabia seu nome, mas uma coisa ficou gravada em mim. Seus olhos azuis como o céu de verão limpo.

Acordei com um respirador e uma Liz bastante aliviada em me ver. Tentei tirar o oxigênio que recebia, mas ela impediu.

— Não Meg, precisa ficar com isso, respirou muita fumaça. — me ordena suave e apenas balanço a cabeça. Eu podia sentir o gosto de queimado em minha boca.

— A polícia está lá fora para pegar seu depoimento, mas não se preocupe, pois eles só vão entrar quando eu permitir. — me avisou e sorri de leve, vejo-a suspirar. — O ar condicionado esquentou muito e gerou um pequeno curto, no entanto foi o suficiente para uma faísca, e como a loja é de roupas... O fogo se espalhou rápido.

Vejo seu olhar brilhante de lágrimas contidas e pego sua mão que está descansando sobre a cama.

— Eu fiquei com tanto medo de perder você Meg. Sabe que é uma irmã para mim. — diz chorosa e afasto um pouco o respirador.

— Eu também te amo. — minha voz saiu um pouco estranha e ela sorriu.

— Para com isso sua boba! Descanse. — ela pede e fecho os olhos.

Tento relaxar na minha cama dura de hospital e faço o que ela mandou, eu descanso. Horas depois acordo novamente e dessa vez tiro o oxigênio. Vejo Liz na cadeira ao meu lado lendo uma revista.

— Que horas são? — pergunto e seu olhar levanta.

— Não muito tarde. Se sente melhor? — ela larga a revista e posso ver suas olheiras. Sorrio com sua preocupação.

— Sim Liz, eu só quero ir para minha casa. — peço e ela assente.

— Tudo bem, eu vou chamar o médico e o delegado, ele quer seu depoimento.

Minutos depois entra o delegado, um homem com seus 50 anos de terno e gravata. Pediu que eu relatasse o que aconteceu e o fiz entre várias tosses. Ele ainda me perguntou se eu queria fazer um Boletim de Ocorrência pelo que me aconteceu, que eu receberia até uma indenização. Mas conheço a senhora dona da loja e sei que ela não tem muito dinheiro. Por mais que eu tenha perdido minhas telas, ela perdeu suas roupas, nós duas saímos perdendo. Eu estava viva e isso era o que importava, não era necessário estragar ainda mais a vida da senhora. Então, não fiz nada contra ela. O médico me liberou no mesmo dia e eu finalmente pude ir para casa.

— Tenho uma novidade! — Liz comunicou risonha enquanto dirigia e cerrei meus olhos.

— Qual?

— Seu celular está intacto! — diz e caímos na risada, lembro-me de ter o colocado no bolso da minha calça jeans. Minha felicidade não dura muito, pois acabo tossindo e isso me faz lembrar do incêndio. Olho pela janela e suspiro.

— Isso é tão ruim... Nem acredito que perdi tudo. — desabafo triste.

— Eu sei que você consegue fazer novas telas até o dia da exposição. — Liz me incentiva. — Se não conseguir, eu explico para Noah, tenho certeza que ele vai entender.

— Eu espero que sim. Expor as telas é tudo que eu mais quero. — admito.

Ao chegar à frente ao apartamento, noto Liz mais ansiosa e divertida do que o momento permite, no entanto eu compreendo quando entro na casa. Um cavalete com uma tela em branco, pincel e algumas tintas se encontram próximos à grande janela da sala.

— Você fez isso? — indago emocionada sem acreditar.

— Fiz. Eu sei que pintar é sua vida e que provavelmente você quer fazer isso neste exato momento. — sorrio e lhe dou um abraço.

Amor em Chamas - Os Petersons - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora