Capítulo 2 - Gael Peterson

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O alarme indica uma ocorrência. Desço pelo cano e corro para minhas roupas de proteção, e em um minuto eu e meus colegas já estamos cortando os carros pelas ruas de Seattle.

— Qual a situação? — pergunto concentrado ao chefe enquanto ele dirige.

— Segundo o relato da moça, uma loja que está pegando fogo.

— Vítimas?

— Sua amiga está presa no segundo andar, em um banheiro. Estava consciente da última vez que se falaram. — informa sério e aceno com a cabeça.

Seguimos calados. Quando decidi me tornar bombeiro foi por um único motivo, salvar pessoas. Sou Gael Peterson e isso está no meu sangue. Desde pequeno o fogo sempre me fascinou. É ardente e apenas uma chama pode mudar o destino, sendo capaz de aproximar pessoas ou afastá-las dependendo de cada situação.

Minha mãe foi contra no começo, não queria que seu filho arriscasse a vida. Não que ela tenha realmente aceitado, mas aprendeu a conviver. Eu evito contar minhas aventuras quando ela está presente, só a deixaria mais preocupada. Meu pai foi um grande apoio, com seu jeito galanteador, conseguiu domar a fera que é minha mãe e mostrar o quanto esta profissão é honrosa e linda. Se você já teve a chance de salvar uma pessoa ou até mesmo um animal indefeso sabe do que estou falando.

Mas não se enganem se acham que eu sou o único que salva vidas. Dentre meus outros três irmãos, David é o que mais arrisca, ele serve ao exército. Ele não está salvando apenas pessoas desconhecidas como também a própria família.

Está certo que as duas profissões são dignas de aplausos e medalhas, mas eu pelo menos vejo minha família sempre que quero.

O caminhão virou a esquina me trazendo de volta e consegui ver o fogo sucumbindo cada célula da loja. A polícia presente facilitava o aglomerado de pessoas curiosas em um canto mais afastado. Com a proximidade avalio o estabelecimento.

A loja de dois andares parecia ter sido reformada há pouco tempo. A parte inferior aparentava estar toda destruída e fiquei aliviado em saber que a pessoa se encontrava na parte superior. Sem perder tempo saímos do caminhão e logo fui surpreendido junto com chefe por uma loira bastante angustiada. Notei seu rosto vermelho de tanto chorar e tive a impressão de já conhecê-la.

— Por favor, vá rápido, ela está lá dentro e eu prometi que ela não iria morrer, por favor... — ela suplicou com a voz embargada e me sensibilizei. Peguei em seu braço de leve fazendo-a me encarar.

— Ninguém vai morrer hoje. — afirmei com um simples sorriso confiante.

Às vezes é preciso isso. Dar um pouco de confiança as pessoas que se encontram com as mãos atadas. Elas precisam acreditar que faremos de tudo para salvar quem está em perigo. Olho para meu chefe e escuto atento como será o início do procedimento. Como a situação está delicada e sou o mais experiente, fico encarregado de tirar a moça.

Com uma equipe de dois, me dirijo à porta e com um chute a derrubo. A mangueira é guiada para dentro, tentando acalmar o fogo. Logo localizo a escada e comprovo ser impossível passar por ali.

— A escada já era. — falo pelo rádio e saio dali com os comandos do chefe. Em poucos segundos chego a ele.

— Há uma segunda entrada pela janela Gael, porém há uma grade. — ele me informa.

— Tudo bem, eu resolvo.

Corro até um segundo caminhão e levo-o ao lado do imóvel. Percebo muita fumaça da janela. Droga!

— JANELA ABERTA! APAGUEM LOGO O FOGO! — grito e me preocupo de ser tarde demais.

Subo a escada do carro de bombeiro com algumas ferramentas e ligo o motor fazendo a escada subir, em um minuto estou de frente para a janela. O fogo já consome a porta e está se espalhando pelo ambiente. Seja lá o que tem aqui dentro está queimando rápido.

Amor em Chamas - Os Petersons - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora