Capítulo 16 - Gael Peterson -

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Escutei os barulhos ao meu redor antes de abrir os olhos. O ambiente gelado fazia jus ao bip e a agulha enfiada em meu braço. Eu estava em um hospital.

O que tinha acontecido? Lembro de entrar em uma fábrica em chamas para resgatar funcionários que ficaram presos. Logo depois uma explosão e agora estou aqui, numa cama de hospital dura com o som insistente do bip.

Uma porta se abre e fecha em seguida, julgo ser a porta do meu quarto e segundos depois, reconheço a voz cansada e suave de minha mãe. Eu sabia que ela não iria sair do meu lado. Igual quando peguei catapora aos meus dez anos de idade. Ela passou quinze dias do meu lado, saindo apenas para pegar minha comida. Não que eu fosse o filho predileto, mas eu adorava ter a atenção dela só para mim, então, por que não aproveitar a chance?

— Eu fico com ele David. Leve sua irmã para casa, ela precisa descansar.

— Você também precisa. — minha garganta arranhou e abri meus olhos a tempo de ver os seus arregalados.

— Filho! – ouvi a surpresa em sua voz.

Dona Milena correu para meu lado tomando minha mão e senti David tocar minha perna. O olhei vendo o sorriso enorme em seu rosto.

— Sabia que ia sair dessa! Vou chamar o médico e avisar ao pessoal que você acordou. – ele sai apressado.

Voltei meu olhar para mim mãe que chorava e apertei de leve sua mão. Ainda não tinha forças.

— Não chore mãe, foi só um susto. Pode me trazer um pouco de água?

— Não foi um susto Gael, foi um pesadelo! Pensamos que não iria acordar nunca.

Vinco minha testa com seu comentário, mas minha atenção muda com o alvoroço na porta. Meus irmãos e meu pai com a exceção David, praticamente derrubam a porta e rio diante de tanta comoção.

— Gael! — pulou Rose se acomodando ao meu lado vago e me abraçando.

— Ei minha garota! Também estava com saudades.

— Como se sente? Alguma coisa dói? – perguntou preocupada e sorrio.

— Se quer realmente saber, me sinto cansado, mais que o normal. Acho que o resgate que fiz ontem em uma fábrica sugou minha energia. Podem me dar um pouco de água.

Meu pai pegou seu lugar atrás de minha mãe entregando um copo de água para ela que me ajudou a beber, Noah ficou aos meus pés. Olhei ao redor percebendo a tensão se dissipando entre eles ficando apenas um incômodo depois de minhas palavras. O que havia acontecido?

— Sei que sofri um acidente, mas não precisava todos vocês estarem aqui. – falei em brincadeira.

Estive algumas vezes no hospital. A maioria por queimaduras, às vezes chegava a ficar internado por ingestão de fumaça, mas acordava no dia seguinte apenas com minha mãe e não o batalhão inteiro.

— Esse não foi apenas um acidente. — Noah finalmente falou, mas parecia perdido em uma lembrança não muito boa.

— Não? — indaguei confuso.

— Você teve traumatismo craniano Gael... Passou dias inconscientes. — meu pai explicou a situação com receio e abaixei meus olhos para meu corpo.

Pela primeira vez sinto o peso em minha cabeça. Traumatismo craniano e dias inconscientes. O que eu perdi?

— Quanto tempo eu fiquei dormindo?

— Um pouco mais de uma semana. — respondeu minha mãe.

Um silêncio se apossou do quarto. Mais de uma semana? Isso é muito tempo. Olhei o quarto ao redor e observei minha família calmamente. Rose e minha mãe tinham olheiras e olhos vermelhos que a meu ver era de tanto chorar, os outros traziam marcas profundas e arroxeadas em volta dos olhos, motivo talvez de pouco descanso. Eu não podia imaginar o inferno que foi para eles. Alcancei a mão das mulheres ao meu lado e sorri de modo tranquilo.

Amor em Chamas - Os Petersons - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora