Capitulo 2 - Uma amiga

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Daniela correu imediatamente para a casa de banho, não pensou duas vezes, apenas correu... Ela tinha vontade de chorar, e sabia que queria chorar, no entanto era mais persistente no ponto de saber que não podia deixar aquelas pessoas influenciarem-na... Deixarem que elas controlassem a sua vida. Olhou para o espelho: Viu uns olhos que aguentavam as lágrimas que tanto ansiavam por deitar. Uma camisa nova suja de molho... Um casaco igualmente sujo. Fechou-se no cubiculo da casa de banho e preferia morrer aí a saber que tinha de voltar a sair para o meio daquelas pessoas... Tirou um livro que tinha começado a ler à pouco tempo, baseava-se em algo que já estava longe da realidade... Onde ela gostava de estar e tudo parecia perfeito. Mas isso... Isso ela sabia, era dificil e não podia ficar por aí. Tinha de sucumbir à realidade e enfrentá-la por mais duro e horrivel que lhe parecesse. Voltou a guardar o livro e pôs a mochila às costas. Fechou os botões do casaco pois a nódoa via-se menos. Saiu para o corredor, ouviam uma banda à qual ela conseguiu perceber que eram os One Direction... Honestamente, aquilo não lhe soava bem no ouvido, gostava mais de Bon Jovi, Scorpions, Metallica... Esse tipo de estilos. Ao andar olhou para o lado e em milésimos de segundos dá-se o que Daniela julga durar anos. Bateu contra alguém, tropeçou mas ele agarrou-a no braço e não a deixou cair. As raparigas olhavam para ela e para o rapaz... O cabelo era castanho claro e os olhos eram castanhos. Era alto. Ela achou-o atraente, tinha um sorriso lindo...

- Estás bem? - Daniela voltou à realidade e viu que ele falava com ela.

- Sim es-estou - Respondeu em português e ele arqueou um uma sobrancelha - Sim estou - disse em inglês.

- De certeza? - Sorriu e ela jurava que nunca tinha visto um sorriso assim.

- Sim - repetiu e sacudiu o braço para que a mão dele a largasse.

As raparigas olhavam e ela não conseguia compreender porquê... Corou ao lembrar-se do estado da sua roupa e baixando a cabeça continuou a andar.

- Não sabes quem era aquele? - estava a por livros no cacifo quando uma rapariga lhe perguntou. Olhou para ela era quase do mesmo tamanho que ela e sorria. - Já agora, sou a Patricia.

- Não, não sei quem era, mas não pretendo saber, vergonha suficiente para um dia... Daniela - Disse.

- Aquele é o Liam Payne dos One Direction - Disse a rapariga destinada a manter uma conversa que a Daniela não queria continuar.

- Ah... - respondeu.

- Eles andam cá, bem só o Liam e o Niall... É o último ano deles - disse.

- Ui, que bom também é o meu - Disse sarcasticamente - Olha, agora tenho de ir, vou ter biologia na D23. 

- Vais? Eu também -disse a rapariga entusiasmada - Eu mostro-te onde é.

Enquanto caminhavam para a sala Patricia não se calava falando sobre a escola, e o quão era bom o colégio e que andava lá.

Daniela assumiu que por muito tempo que a rapariga lá andasse também era excluida da sociedade daquele colégio idiota e só isso fez com que Daniela ficasse mais interessada na rapariga, afinal ela não estava estraga por toda aquela gente.

- Sabes, acho que vamos dar-nos muito bem - comentou.

- Achas? - disse Patricia com um sorriso na cara enquanto se sentava na cadeira.

- Sim - murmurou enquanto se sentava ao lado dela.

A aula começou, o professor era um velhote mal-disposto que se tivesse em casa a ver televisão era mais produtivo na opinião de Daniela. Mesmo assim a Patricia dava uma atenção extrema enquanto ele lia. 

Bateram à porta. Aquele rapaz que tinha batido contra ele, o "Liam" se era assim que o chamavam, chegara atrasado e o professor nada dissera. Aquilo chateou-a se fosse ela, apostava que nem na sala entrava.

- Mr. Bernard, lamento pelo atraso... -disse sem mais qualquer tipo de justificação.

O professor pusera um grande sorriso na cara.

- Ora rapaz, contigo é diferente, entra e senta-te, quase não dei nada.

- Se com quase não deu nada - susurrou a Daniela para a Patricia - ele quer dizer só li tipo quinze páginas e fiz três exerrcicios que não corrigi, então sim não deu nada.

Patricia susteve o riso.

Liam sentara-se mesmo à frente do lugar onde as meninas estavam. As raparigas da turma desviaram os seus olhos dos livros... Não que eles já lá tivessem muito apenas para poder olhar para ele que tirava os livros da mala...

O resto da aula foi uma balburdia, as miudas mandavam-lhe papeis, sorrisos, beijos... Uma lamechice no contexto para Daniela.

O resto do dia fora assim, acabara de descobrir que tinha aulas com ele e uma delas era também educação fisica.

Aquele primeiro dia tinha acabado, e Daniela percebera que fizera uma amiga. E estava com ela em todas as disciplinas o que a fez fazer um ligeiro sorriso. Chegou a casa ainda eram sete da tarde, tomou um banho demorado e depois cozinhou qualquer coisa para o jantar enquanto fazia os trabalhos de casa. Ligou a televisão para comer a sua adorada massa com atum, dava mais coisas sobre aquela banda, chateada pôs um filme e enquanto comia, pensou nos seus pais. Em toda a sua familia. Se nada daquilo tivesse acontecido, talvez ela tivesse uma vida normal, razoável no minimo. Tinha mais uma vez vontade de chorar. O telefone tocou e ela atendeu.

-Querida, estás em casa? - era a voz da tia.

- Tia, ligas para casa, achas que estou onde? - riu.

- Opá tu entendeste! Estás bem? Como foi a escola?

- Bem, estou bem, já fiz jantar para mim. E a escola foi boa - mentiu. - Não podia ter gostado mais.

A tia não entendeu.

- ainda bem, ela agora tenho de desligar que tenho de acabar um trabalho sim? - disse - Não esperes por mim.

- Está bem tia, tem um bom trabalho.

- Unf, de certeza que não - Riu e desligou.

À noite, já depois do jantar, fez uma caneca de chá e foi ao computador, sem saber o que fazer, mas quase que magicamente os seus dedos procuraram no teclado aquele mesmo rapaz com quem ela tinha chocado. Viu fotos dele e concordou mais uma vez consigo própria. Desligou o computador, achando ser uma tonta pelo que procurava, rapidamente desligou o computador e deitou-se na cama, acabando por beber o chá e lendo mais um pouco do livro, como ela queria um amor assim. Apagou a luz e pensou que pelo menos tinha achado um pequeno porto de abrigo na escola. Ela tinha gostado da rapariga. E por fim, acabou por chorar antes de adormecer. E nunca ninguem saberia.

Sorriso InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora