Capitulo 6 - Caminho e palavras.

468 36 0
                                    

- Daniela vá, vamos limpar-te... - Patricia recolheu uma tolha de uma das gavetas, ajudou a amiga a levantar-se e pô-la enrolada na toalha.

- O vestido está aqui não é? 

- Sim, está ali - apontou.

Daniela sentia a cabeça à roda, não só da bebida mas porque tentava bloquear algo que queria passar. Fez-se forte e secou-se, bem o melhor que pode. O sutien e as cuecas continuavam molhados. Colocou o vestido nela e abriram a porta para o quarto dos pais do anfitrião. 

Um vulto levantou-se da cama.

- Liam? - disseram as duas ao mesmo tempo.

Ele pareceu ficar nervoso.

- Sim, eu tinha de ter a certeza que estavas mesmo bem... - disse ele olhado para ela.

- Pareço-te mal? - revirou os olhos devido ao óbvio que não era dito - Pelo menos agora?

- Agora pareces bem sim - sorriu.

- Sim, estou mesmo. Vou para casa... Já é tarde - disse.

- Eu acompanho-te - ela não gostou daquele tipo de frase, mas a forma com que ele a tinha dito Daniela não pensou em questionar e pela primeira vez na sua vida deixou que fizessem alguma coisa por ela. 

- Daniela vamos? - a voz de Patricia despertou-a, graças a Deus que ela sabia quando falar.

- Sim vamos... - olhou para ele - E a festa?

- Com certeza terei mais festas... 

Sairam dali com o maior cuidado para ninguém o ver. Sim, porque se saissem dali só as duas não havia qualquer problema. Chegaram um quarteirão de distância.

- PAtricia moras onde? - perguntou Liam.

- Ah não, eu vou sozinha - disse rapidamente.

- Não vais nada! É de noite, não vais sozinha, nem penses!! Sou maluca, mas não tanto. - falou rispidamente Daniela.

A amiga disse onde morava e foram andando até lá. Falaram das cenas que viram, do pessoal que namorava por todo o lado e Daniela disse:

- Porquê Liam fofo - agarrou-lhe numa bochecha como as avós fazem - Não viste a tua Leslie fofinha foi? - fazendo beicicnho.

Ele riu e tirou a mão dela da bochecha dele, ele conseguiu perceber que ela tinha a mão gelada.

- Não, a Leslie não é a minha fofinha nem será, e nem quero saber o que ela diz - riu e despiu o casaco pondo-o nos ombros dela e deu-lhe um olhar para ela não o questionar.

Após ele ter dito aquilo eslas olharam uma para a outra.

Ela funcionava por acções. Ele sabia que se lhe perguntasse se ela queria o casaco, ela diria que não, mas no fundo ela estava gelada com o frio e de não ter estado bem seca.

Chegaram à porta da casa de Patricia. Ela despediu-se e pediu por tudo a Daniela quando esta chegasse a casa lhe ligasse para ela ficar mais descansada. O Liam prometeu que ela não se esqueceria de ligar, piscou o olho à rapariga que subia umas escadas para entrar em casa, mal Patricia fechou a porta voltaram a andar.

- Então e onde tu moras? - perguntou ele.

- Huum, acho que num apartamento, a não ser que a minha tia tenha sido despejada e estejamos a viver debaixo da ponte, tudo isto se passou desde que sai de casa para vir até à festa atenção. - Ela fez um ar sério mas via-se que queria rir.

- Opá tu entendeste a ideia - ele fez um olhar desprezado.

Riram os dois.

Ele queria perguntar-lhe porque ela só vivia com a tia, mas sabia que isso só ia fazer com que ela se afastasse dele, e não dissesse nada. Ele não queria estragar o pouco que já tinha conseguido fazer.

- Aquilo que eu disse antes de desmaiar... - apertava mais o casaco contra si como que para se refugiar enquanto insistia no assunto.

- Aquilo foi nada, tal como disseste - assegurou Liam.

- Exacto, nada... - olhou para baixo. Pensou na tal aposta que tinha feito, ela não fazia dessas coisas, podia não mostrar os seus sentimentos, mas mentir sobre eles é algo que ela não faria. É demasiado mau.

Lembrou-se das brigas dos pais e de a mãe exteriormente demonstrar que está tudo bem.

- Que se passa? - os olhos de Liam encontravam-se focados nos dela que aguentavam as lágrimas que queriam sair. E ali, no meio daquela rua, no meio de todos os olhares possíveis ela fez algo que não conseguiu não fazer. Abraçou-o. Pôs os braços rodeando o corpo dele e deixou a cabeça cair no peito dele. Fechou os olhos e sentiu que os braços dele a agarravam, a protegiam, coisa que ela queria. 

Deixaram-se ficar assim por um tempo. Ele tinha os lábios encostados ao topo da cabeça dela. Ao fim do que pareceu segundos aos olhos de Liam, ela voltou a esconder todos aqueles sentimentos, aquela angustia recolheu-a para si e pegando num braço dele, fazendo com que ele voltasse a andar, conduziu-o por entre uns prédios, chegando a uma porta onde ela procurou no bolso do vestido umas chaves.

- Queres entrar? - fez um sorriso enquanto desviava o cabelo da frente da cara. - Tens é de falar baixo, a minha tia já deve estar a dormir, ela anda cansada.

Ele aceitou. Ela tirou os sapatos e subiu as escadas descalça. Ele seguia-. Naquele momento seria capaz de a seguir por todo o lado que fosse possível.

Ela parou em frente a uma porta, fez-lhe sinal para que fizesse silêncio e entraram.As luzes estavam apagadas e ela guiou-o para uma cozinha. Na mesa estavam papéis de uma empresa espalhados e um telefone colocado ao lado. 

- Desculpa, a minha tia deve ter andado a trabalhar... Volto já sim? - ele acenou - Senta-te à vontade, eu já ajeito isso.

Ela encostou a porta da cozinha e foi ao seu quarto, vestir o pijama, precisava de aquecer.Mandou uma mensagem a Patrica a dizer que estava em casa. O pijama era azul escuro e felpudo. Ele ia rir dela, ela sabia disso. Voltou à cozinha. Ele olhou para ela e sorriu.

- Se te estás a rir do meu pijama, lamento. Eu gosto dele e é quentinho - disse com um ar seco. Passou o casaco dele para a mão dele e pôs a roupa que tinha usado na máquina de lavar.

- Nã, só nunca pensei que fosse muito a tua cena - Riu baixo.

- Queres chá? 

- Sim pode ser - sorriu. Ela pôs uma cafeteira com água a aquecer e juntou os papéis espalhados em cima da mesa.

- Então, moras aqui só com a tua tia? - perguntou a medo da reação dela.

- Sim, os meus pais ficaram a viver em Portugal, nasci lá - fez um sorriso fraco.

- E isso deixa-te triste? - Enquanto ele falava ela punha o chá numas canecas e trazia-as consigo para a mesa.

- Um pouco, é complicado - sussurrou - Estou longe de ter a familia e os pais ideais... Para ti parece tudo tão fácil...

Ele limpou-lhe a lágrima que esperava por cair no rosto dela e sorriu-lhe.

Ele sentia que ela não tinha dito aquilo a mais ninguém. Apertou a mão dela.

- Os meus pais são complicados, eles brigavam por tudo e o meu pai... - Ela calou-se percebendo que já falara demais.

Beberam o chá e ela não se permitiu falar mais do que umas banalidades.

Ele despediu-se dela com um beijo na testa, sorriram e ele fora embora, não sem antes lhe prometer que mandava mensagem a dizer que estava bem em casa.

Daniela já estava deitada quando recebera a mensagem e após receber a mensagem caíra num sono profundo, e estranhamente não tinha acordado.

Sorriso InesperadoOnde histórias criam vida. Descubra agora