Enfrentamos um leão em pele de cordeiro

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Qual e? Nos nem sabíamos que tínhamos um pai, e que muito menos se tratava de um deus grego. Nunca duvidei dos deuses, isso e certo. Afinal, eu nasci em um lugar, onde claramente já fora o berço deles. Mas o que mais me dava raiva, era saber que o rei do inferno, abandonara seus filhos, e que quando resolve aparecer, apenas nos diz que o melhor e ficar longe, nos da uns tapinhas em nossos ombros, e pra completar nos da uns presentinhos para o nosso próprio bem. Que tipo de pai e esse? Eu realmente preferia continuar acreditando que eu era órfão tanto de mãe quanto de pai, porque o meu, nem merecia tal respeito.

E qual era daquela garota? Simples, eu havia ganhado uma nova babá. Primeiro ele mandou seu morcego de estimação, e agora o que ele mandaria? O bicho papão? Enquanto ele falava, mantive meus olhos naquela garota. Sabia que ela também devia ser uma semideusa, como Catherine e eu, afinal, de certo modo, foi o que ela nos afirmara.

- O acampamento meio-sangue e um lugar seguro. E o melhor para vocês. Irei manda-los para este lugar. Lá vocês serão treinados, e preparados para o mundo.

Hades dizia, e enquanto eu escutava, mais revoltado ficava. Primeiro ele abandonou minha mãe, nos abandonou, e quando o conhecemos, ele diz que vai nos mandar para longe? Que ótimo pai.

- E necessário. Só assim estarão seguros. Catherine, você sabe bem do que estou falando, querida. - Hades dizia como se minha irmã soubesse mais do que eu.

- E claro que sei. - Ela respondeu secamente.

- Espero que me entendam um dia.

Ele estendeu ambas as mãos, e massas de sombras se formavam em suas palmas, logo ganhando forma. Na mão direita, havia um colar. Era feito de prata, com um elmo como pingente, e logo reconheci que se tratava do símbolo de Hades. Ele esticou esta mão com o colar a Catherine, e instigou-a a pega-lo. Olhei para ela naquele momento, imaginando que ela não o pegaria, mas me enganei, quando ela pegou o mesmo e o agradeceu.

- Obrigada. - Falou ela, pegando o colar, em seguida o colocando em seu pescoço.

Hades então estendeu sua mão esquerda a mim, onde um canivete negro estava. Olhei fixamente para aquele objeto, e como se ele me chamasse, não consegui evitar, e assim também o pegava.

- Vocês dois, recebam a minha benção. E tudo o que posso fazer por vocês neste momento.

Sombras emanavam do corpo do homem, circulando tanto o meu, quanto o de minha irmã. Hades sorriu brevemente, e a garota que com ele estava, se aproximou.

- Hora de irmos.

Aos poucos Hades se afastava, e nos também. Novamente sombras nos envolviam, também acontecendo com aquela garota estranha. Quando tudo escureceu, senti minha irmã apertando forte meu pulso. Eu havia entendido. Assim como eu, ela também não teve boa resposta de seu estômago com essas viagens nas sombras.

Ao entrarmos em foco, logo de cara me deparei com um daqueles monstros do Scobby Doo. Era horrível. Aquela coisa era enorme, como um urso. Tinha cabeça de leão, com a juba untada de sangue, o corpo e os cascos de um bode gigante e uma serpente no lugar de cauda, losangos de três metros de comprimento brotavam no traseiro peludo.

- Pelo que vejo, Hades preparou outro presente a vocês. Boa sorte. - Ouvi aquela garota falou as minhas costas, e eu tinha certeza de que ela estava mesmo era se divertindo com isso. - Encontro vocês daqui a pouco, ou não...

Pude ouvir seus passos se distanciando atrás de mim, e senti um forte aperto em meu pulso, vindo de Catherine. Pensei em reclamar, mas quando percebi, estávamos a três metros da bocarra sangrenta daquela coisa, e eu sabia que qualquer movimento que fizéssemos, a criatura iria investir.

- E uma Quimera. - Exclamou Catherine. - Tome cuidado com a boca dela. E corr...

Ela não concluiu, a Quimera, como minha irmã chamou, avançou, os dentes de leão rangendo. Conseguimos saltar cada um para um lado, e nos esquivar da mordida. Fui parar batendo minhas costas em um pinheiro, e um pouco tonto, com as vistas embaçadas, vi que o monstro avançava contra Catherine, que parecia estar desacordada.

Não podia deixar que ela fosse ferida. Eu não sabia como me defender do monstro, nem como defender Catherine daquela coisa, mas eu precisava pensar em algo. Senti que o canivete que eu tinha ganhado de Hades, pesava em meu bolso. Me coloquei de pé, e percebi que seu peso era descomunal, pois quase me levou de volta ao chão. Sem pensar duas vezes, tirei o mesmo de lá, e ao encarar o monstro, notei que ele estava pronto para atacar Catherine.

- Ei! - Gritei chamando sua atenção. - Por que o totó não vem brincar comigo?

O monstro rugiu, voltando sua atenção a mim. Abri o canivete, imaginando que iria morrer logo em seguida. O monstro atacou, em um salto, ele iria me abocanhar. Fechei meus olhos esperando a morte, mas me surpreendi, quando um líquido viscoso escorreu pelo meu rosto. Devagar abria meus olhos, e em minha mão não havia mais um canivete, e sim uma espada. Exatamente uma espada negra. Quando percebi que eu tinha o monstro espetado naquela espada, meu corpo cedeu, e eu fui ao chão, por não suportar seu peso.

Ao cair, a Quimera ainda não estava morta. Com seu corpo sobre o meu, eu não conseguia me mexer, e pior ainda, a boca do monstro estava a centímetros de meu rosto. Ela abriu aquela boca enorme, e seu bafo era de matar. Enxerguei o fundo de sua garganta, e por ela fogo subia. Não tive dúvidas, eu iria ser pulverizado.

Tentei sair dali, sem sucesso. Era so esperar virar churrasco. O fogo subiu, e um uivo cortante bem próximo a minha orelha esquerda se passou. " Puff ", um mar de poeira me cobria no lugar do monstro, e sem acreditar, tossia fitando quem me estendia uma mão. Era minha irmã, com uma espada cheia de sangue viscoso, uma serpente morta, enrolada no pescoço, acompanhado de um sorriso nos lábios.

- Não está machucado, está? - Ela perguntou.

Peguei em sua mão, me colocando de pé novamente, enquanto de trás de um pinheiro, o maior que eu via agora naquele bosque, passando a repara-lo melhor, aquela garota estranha saía, batendo palmas.

- Parabéns. Sobreviveram ao primeiro teste. Venham, vamos conhecer Quíron e o novo lar de vocês.

Ela se virou, caminhando na direção do pinheiro em que ela havia se escondido, talvez, nos chamando para acompanha-la.

Demigods: Filho das sombras.Onde histórias criam vida. Descubra agora