Demigods: Filho das sombras.

Meu duelo termina em uvas

A notícia de um duelo se espalhou na mesma hora. Aonde quer que eu fosse, os campistas apontavam para mim e murmuravam algo sobre uma luta de de perdedores. Ou talvez olhassem para Ana, que não se desgrudou de mim um minuto sequer.

Ela mostrou outros lugares: A sala de artes e ofícios ( onde crianças pareciam polir uma estátua gigante de Zeus ), um campo de treinamento especializado em poderes, algo que fiquei curioso em descobrir de como funcionava, mas não tive tempo. Nosso tour pelo acampamento devia ter durado no mínimo umas três horas, pois quando paramos, eu já respirava ofegante.

Ana me acompanhou até o chalé de Hades, ao fim do passeio. Estava um tanto preocupado com o desafio daquele garoto, mas era como nos filmes que eu havia assistido, novatos sempre eram recebidos assim. Seria isso algo bom?

- Não se preocupe. Leo e o único semideus, filho de um dos três grandes, que consegue ser o pior entre todos os campistas. O coitado nem mesmo conseguiu passar na academia este ano. - Ela deu uma risadinha, como se aquilo fosse engraçado.

- Mas por que ele me desafiaria?

- Leo não e bem aceito pelos demais campistas, então ele está sempre arrumando confusão, para que o notem. Ele e um idiota.

- Então eu posso acabar como ele por aqui... - Abaixei meu olhar, entendendo o que ela queria dizer com castigo. - Filhos dos três grandes são rejeitados. Não e?

- Nem sempre foi assim por aqui, bem... Mas não se preocupe. Tenho certeza de que você vai ser aceito. - Ela dizia com uma certa animação na voz. - Mas agora tenho que ir filho de Hades, o jantar e servido as 19h, quando a trombeta tocar. Boa sorte.

A fitei enquanto ela corria, me deixando sozinho. Encarei meu " novo lar ", e suspirei adentrando o mesmo. Catherine estava lá. Quando entrei, notei que ela já havia feito uma faxina ali, mas a escuridão ainda era presente no recinto, algo que eu poderia me acostumar.

- Então, como foi? - Ela me perguntou, acenando para que eu me sentasse com ela na beliche.

- Eu gostei - contei a ela sobre meu passeio, deixando para dar os detalhes daquele garoto ao final. - E ai ele chegou, me desafiando.

Catherine riu baixinho, e me abraçou.

- Já arrumando confusão maninho? Estou torcendo por você!

- Mas Cath, eu não quero e nem sei lutar - murmurei sendo apertado.

- Oras, qual e garoto? Sei que você consegue. - Ela me beijou na bochecha, ainda sorridente. - Agora vá descansar. Não pode perder este duelo.

Acordei com o barulho de uma trombeta, minha irmã já me esperava, escorada na porta do chalé, um tanto impaciente pelo meu atraso em me arrumar. Mas o fato e que eu não tinha nada para me arrumar, apenas baguncei mais meu cabelo, que insistia em cair como uma franja sobre meus olhos, me incomodando bastante.

- Vamos, depois dou um jeito nesse seu cabelo.

Catherine me puxou, enquanto seguíamos uma fila única de crianças, em direção ao que deveria ser o refeitório. Notei que estávamos enfileirados por ordem de antiguidade, portanto e claro que Catherine e eu éramos os últimos. Marchamos colina acima até o pavilhão so refeitório. Homens-bodes, quer dizer, sátiros ( acreditem, isso pra mim ainda e estranho ), vieram dos bosques e se juntaram a nós.

Ao todo, havia talvez quase duzentos campistas, algumas dúzias de sátiros, ninfas, e náiades de forma variada.

No pavilhão, tochas ardiam em volta das colunas de mármore. Um fogo central queimava em um braseiro de bronze, do tamanho de uma banheira. Cada chalé tinha sua própria mesa, coberta com toalhas em detalhes e cores variadas.