Nunca imaginei que aquela conversa, com Dionisio, fosse me deixar tão perturbado. Catherine e eu ouvíamos a tudo com atenção, digerindo cada palavra proferida pelo diretor do acampamento. A irritação e indiferença, era notoria em sua voz, a cada vez que se referia a um " Auditore ". Em algum momento, minha irmã decidiu perguntar, quais motivos faziam com que ele não gostasse, e claro, do sobrenome que carregávamos, e confesso, que sua resposta me deixara intrigado.
- São vingativos, assassinos, insolentes... Fortes demais.
Dissera ele mal-humorado. Eu não sabia praticamente nada, sobre meus antepassados, e também não imaginava que minha irmã soubesse. Em mais ou menos uma hora de conversa, decidi apenas escutar, pois não tinha argumentos para debater nem perguntar nada. Diferente de Catherine, que passara a fazer inúmeras perguntas, sem receber respostas concretas.
Quando a conversa acabou, já era tarde. A maioria dos chalés já haviam decretado o apagar das luzes, e consequentemente todos deveriam estar dormindo. Ao chegarmos ao chalé 13, uma onda de tranquilidade me dominou, coisa que eu não tinha desde sempre. Deitei-me em minha beliche, tendo a certeza de aquela não seria uma noite fácil para dormir. Catherine devia ter percebido, como sempre, e assim, se deitou comigo, me passando a sensação que eu mais gostava. Proteção.
O dia mal amanheceu, e acordamos com batidas frenéticas, na porta do chalé. Resolvi levantar, e ver quem era. Ao abrir a porta, me deparei com Ana, vestida em um pijama rosa, calçando pantufas de um panda, além do cabelo ruivo bagunçado.
- O que está fazendo aqui? - Perguntei em um sussurro, notando que Catherine voltara a dormir.
Ana bufou, como esperasse que eu já soubesse.
- Para vermos o sol nascer! Vamos.
Disse ela me puxando, so tive tempo de fechar a porta, pois quando percebi estávamos na praia, andando pela areia ainda gélida, por conta da maré. Ana escolheu um lugar, e nós sentamos de frente para o mar, onde no horizonte, os primeiros raios de sol começavam a surgir.
- Eu adoro isso.
Disse ela abraçando suas pernas, juntando-as ao seu corpo. Tinha um sorriso discreto nós lábios, fitando o nascer do sol.
- E porque me trouxe aqui? - Perguntei, percebendo minha indelicadeza apenas quando ela me fitou, com um olhar de " eu te mato. "
- Você e o mais perto que tenho de um amigo. E amigos compartilham coisas.
Por um momento, repeti a frase de Ana em minha mente, por repetidas vezes, procurando entender o que ela queria realmente dizer com " amigo ". Passei então a fitar o sol nascendo aos poucos, trazendo luz a Long Island, e todo o ocidente.
- Ana... Me considera um amigo? - Perguntei, e percebi que ela estava distraída. - Ana..?
Ela me olhou, como se não tivesse me escutado, então repeti a pergunta, a espera de sua resposta. Ana sorriu para mim, um sorriso simples, mas demonstrando carinho, assim como minha irmã, quando sorria para mim.
- E claro, garoto zumbi - brincou ela - você e mesmo o mais próximo que tenho de um amigo.
Garoto zumbi? De certa forma, havia ficado irritado com o apelido, mas não havia demonstrado, imaginando que seria isto, o que diziam ser intimidade. Esperei para dizer as palavras certas a ela, mas uma trombeta soou direto do acampamento, fazendo com que Ana se levantasse apressada me puxando com ela.
- Vamos, não podemos nos atrasar. A academia nos espera.
No café da manhã, o assunto na mesa 5 não era outro: " Leonardo, o eterno idiota. " Sentado a força, com os campistas de Ares, o menino era ofendido e humilhado pelos garotos maiores, e ninguém, fazia nada para ajuda-lo. Isso me irritava, mas Catherine sempre estava um paso a frente, e era capaz de me decifrar apenas com um olhar.
- Sei o que está pensando, mas você não pode fazer nada. Fique longe de confusões...
Ao terminamos o café da manhã, Ana se aproximou, me informando sobre as aulas na academia. Despedi-me de minha irmã, e a segui em direção a academia.
Minha turma, se encaixava com crianças da mesma idade, e algumas da mesma altura. Ana me explicara que está era a turma menos eficiente de toda a academia, e por isso, novatos e filhos de deuses menores a compunham. Na mesma turma que eu, pude ver alguns rostos conhecidos, como o de Ana, e do próprio Leonardo, que se encontrava isolado dos demais, cabisbaixo no canto da sala. Havia também algumas crianças, da noite passada, que assistiram a minha luta forçada, e não falavam de outra coisa, a não ser do ocorrido.
Um homem-bode, ou melhor, sátiro, como Ana o chamara, era nosso professor. Seu nome era Grover. Usava uma camisa laranjada, com a estampa de um pégaso, e o nome do acampamento. Assim como ele, todas as crianças, com exceção a mim, usavam a mesma camisa, sendo o uniforme do lugar. Grover não vestia roupas de baixo, revelando um traseiro peludo, e cascos de bode, o que de certa forma, seria incrível para um filme sem precisar de efeitos especiais.
Aprender sobre monstros, grego antigo, e também sobre deuses, não era algo incomum. Me lembrando de minha tutora, a qual seria uma fúria, recordava sobre as aulas, que ela nos forçava a praticar todos os dias.
O professor perguntava, e eu respondia, sempre corretamente o que me fez ter destaque, para um aluno novato. No fim das aulas, algumas alunas me parabenizavam, fazendo perguntas sobre mim, e até mesmo me chamavam para tomar sorvete com elas.
Os dias iam passando, e minha rotina no acampamento era a mesma todos os dias. Em mais ou menos dois meses, Catherine e eu éramos considerados destaques, em tudo que fazíamos, o que de certa forma era legal. Chamávamos a atenção de Quíron e do Sr. D, que faziam questão de nos observar, e até mesmo conceder treinos especiais a minha irmã. A formatura na academia, aconteceria naquela noite, e assim, nos tornaríamos enfim, campistas oficiais. Ana estava empolgada, com a idéia de que finalmente poderia sair em missões, e assim talvez, conhecer sua mãe. E acredite, isso era nostálgico até pra mim.
O anfiteatro estava todo decorado, e preenchido com todos os campistas nas arquibancadas. Formandos se encontravam no centro, todos enfileirados. Trajávamos armaduras de verdade, com detalhes especiais de cada chalé, um presente das crias de Hefesto. No palco, Quíron juntamente do Sr. D, premiavam a cada formando, um por um, com coroa de louros, e um colar, com um pégaso de pingente, representando ao símbolo dos campistas.
Quando todos foram premiados, fomos divididos por turmas. Grover sorria, falando sem parar, para o Sr. D, de como a turma fora bem, e de que mereciam tal titulo. Mas não era o tipo de assunto, que parecia interessar, o diretor do acampamento.
Pelas turmas divididas, Quíron anunciava a chegada de semideuses experientes, anunciando que estes, seriam encarregados de treinarem equipes, de três semideuses, no intuito de prepara-lo para o mundo. Nossa turma, ficara por último. Grover se adiantou, apresentando a cada um de nós, ao restante dos semideuses, que aguardavam por suas equipes.
- Muito bem, por fim, a turma de Grover, que particularmente, merece uma salva de palmas. Foram um grande destaque, meus parabéns. - Exclamou o centauro. - Vamos a divisão de equipes...
- Perry Johnson, equipe um - anunciou o Sr. D - Ana Perrish, Daniel Steel e Caius Newton.
Ana me deu um sorriso fraco, e pude perceber que ela não gostara muito de sua equipe. Daniel era um cara brincalhão, mas suas brincadeiras eram sempre de mal gosto, fazendo com que poucos fossem seus amigos. Caius era tímido, e se parecia sempre mais preocupado com o cabelo, do que com qualquer outra coisa. O lider designado a eles, pigarreou, se aproximando dos escolhidos de sua equipe.
- E Percy Jackson, senhor.
Corrigiu ele, ao Sr. D, que deu de ombros. A escolha de equipes continuou, e a cada membro anunciado, meu nome nunca era escolhido, até que percebi que havia ficado por último. Encarei os colegas de turma restantes, e me surpreendi por Leonardo ser um deles.
- Thalia Grace, oras... O que faz aqui? - Perguntou Dionísio, automaticamente ignorando sua pergunta. - Equipe 7: Leonardo Granger, Gabriela Sammer e Luke Auditore.
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Demigods: Filho das sombras.
Hayran KurguAntes de qualquer coisa, assim como meu amigo, Percy Jackson, os alertou, creio que e uma boa idéia eu alerta-los também. Para que depois não saiam por ai dizendo que não avisei. Bem... Se você ai, que está lendo isso, e acha que isso e mera ficção...