Capítulo 17

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Capítulo 17

Françoah

Mirna estava curada. Eu poderia descrever isso como um milagre. Ela saiu de casa adormecida e agora ela estava diante de mim, sem febre e também sem o sinal da picada.

Nós paramos diante da porta da cabana de Mezek, tínhamos que partir imediatamente e assim nós chegaríamos a casa antes do anoitecer.

-Eu não vou colocar essa capa!

Mirna exclamou. Parada diante de mim, e vendo Mezek me dando a capa amarela para eu tentar abrigá-la.

-Qual o problema? Você veio com ela.

Eu informei e acomodei a capa sobre os seus ombros. Mirna emburrou e eu acomodei o capuz na sua cabeça. Assim ela estaria mais segura.

-Ok.

Ela concordou. - Mas não olhe para mim.

Ela virou-se de costas.

-Eu não quero ser confundida com uma moça chamada Cassarola.

Eu fiz uma careta e Mezek percebeu que havia alguma coisa errada nisso.

-Quem é Cassarola?

Mirna respondeu rapidamente e de costas para nós.

-Cassarola é a amada dele.

Eu sacudi a cabeça para os lados e Mezek piscou para mim. O curandeiro percebeu a implicância da parte de Mirna e ele enxergou isso como uma palavra chamada 'Ciúme'.

Despedimos-nos de Mezek e retornamos pela floresta.

A viagem agora era mais atrativa. Mirna estava salva e tudo estava bem com ela. Mas uma coisa me atormentava, e por isso eu seguia a viagem, sério e calado.

-Eu gostei do Senhor Mezek.

Mirna confessou quase sorrindo. O cavalo estava andando vagarosamente pelo bosque. Por alguns instantes ela relaxou o seu corpo e deixou que a suas costas entrasse em contato com o meu tórax. Eu senti o seu calor e ela sentiu o meu. Porém, esses foram breves instantes, logo ela se acomodou sentada em cima do cavalo e o seu corpo se afastou do meu novamente.

-Você está tão calado, depois que nós deixamos a cabana do senhor Mezek.

Ela percebeu o meu emudeço.

-Precisamos conversar seriamente.

Respondi com severidade.

-Há algo muito importante que eu descobri sobre a sua origem.

Os olhos dela brilharam. Mirna pareceu feliz.

-Conte-me agora!

-Não Mirna! - Eu disse com um olhar vago. - Em casa nós conversamos. Essas coisas não devem ser ditas durante a viagem. E o que eu tenho a dizer é muito sério, as pessoas não podem ouvir isso.

Mirna enrugou a testa.

-Tudo bem. - Ela se conformou rapidamente. - Apesar de que eu estou curiosa.

Ela cruzou as mãos em seu peito, implorando como uma santa.

-Você poderia começar a falar um pouquinho sobre o assunto?

-Em- casa- nós- conversamos.

Eu pronunciei entre os dentes. Mirna encolheu os ombros e calou-se por um tempo. Ela percebeu que eu não queria falar sobre o assunto durante a nossa viagem. Eu desejava contar-lhe tudo o que Mezek havia me dito e também lhe entregar o amuleto.

-Eu me esqueci de dizê-la. - Eu mudei o assunto.

-Dizer-me o que?

-Essa capa amarela lhe caiu muito bem.

Mirna enrubesceu. Agora eu não sabia se era de raiva ou por pura timidez, ela encolheu os ombros e comprimiu os seus olhos cor mel.

-Eu devo interpretar isso como um elogio ou como uma chacota?

Olhei para os lados, guiando calmamente o meu cavalo negro. A capa amarela cobria todo o corpo de Mirna diante de mim, eu apenas sentia e sabia que ela estava ali, dentro dela. Resguardada como uma tiara de diamantes.

-Interprete como queira alteza.

-Alteza?

Mirna se irritou novamente, a minha voz pareceu tão sarcástica e isso roubou toda a sua tranquilidade.

-Por que você me chamou de alteza?

Nesse momento, Mirna se calou e olhou lentamente para os lados, ela havia se recordado do príncipe Adônis, afirmando que ela era uma princesa, ela também se recordou de uma imagem onde ela viu uma tiara de diamantes e uma lágrima cristalina caindo abaixo.

-O que houve?

Eu perguntei, percebendo que Mirna havia se calado tão rápido, não persistindo em falar mais comigo.

Desde então, nós seguimos o resto da viagem sem falarmos sobre alguma coisa a respeito dela ou de mim.

O assunto estava over.


O feitiço (Lágrima de Princesa,#1) Onde histórias criam vida. Descubra agora