Kill or save her

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Claire Blackwall P.O.V

Acordei assustada escutando gritos de agonia em minha mente. Gritos de pecadores em suas torturas, mas eles se calaram em seguida, me deixando perdida.

Meu corpo em partes parecia dolorido. Examinei o quarto e notei estar sozinha no mesmo, mas me recordava de estar ao lado de Justin quando adormeci. Me levantei como se eu já tivesse um rumo certo. Caminhei para o lado de fora do quarto, indo calmamente pelos corredores escuros e silenciosos. Desci as escadas colocando a mão sobre a parede, mas a retirei ao sentir tocar algo viscoso.

Encarei minha mão vendo-a vermelha, como sangue. Acelerei meus passos entrando em uma sala com um piano, uma poltrona vermelha e uma lareira que estava acesa.

Fechei os olhos e tentei encontrar alguém, até o mais simples ou afastado dos demônios, mas não encontrei ninguém. Senti-me fraca, e cai de joelhos no chão do cômodo.

- Vamos lá, Claire. Levante-se! Merda! - Inclinei o corpo para frente, sentindo dores fortes em meu peito, como se houvesse uma mão em meu coração e o estivesse esmagando com muita força.

Expus minhas asas e fiz um leve movimentando tentando me reerguer, mas elas doeram, arderam de ponta a ponta. Algumas das penas mais brancas que faziam parte das minhas asas foram ao ar com aquele gesto e, com lágrimas nos olhos, as observei descer e parando no chão. Um riso baixo soou perto e eu virei meu rosto vendo Justin sentado na poltrona, com as pernas cruzadas e as mãos juntas em frente ao rosto. Podia ver um sorriso no canto dos seus lábios, ele e outros demônios agora se alimentavam da minha dor, do meu sofrimento.

- Não sentirá nada, Claire. Nada, além de dor. - Ele se levantou com calma e deu alguns passos em minha direção, se abaixando e sentando nos próprios calcanhares, colocou a mão em meu rosto e sorriu. - Eles só estão castigando seus pecados, levando sua alma de paz para quem realmente a mereça. Aguente suas dores, querida, pois ninguém poderá te ajudar.

- Justin...

- Shii. - Ele colocou o polegar em meus lábios e aproximou seu rosto do meu. - Eu nunca serei sua salvação. Posso apenas ser sua perdição. Não poderei mostrar um caminho certo, quando a partir de um pecado ele deixa de existir.

Seus lábios tocaram os meus, mas no mesmo instante virei o rosto e acabei sentindo as garras dele perfurando meu rosto, eu podia sentir a ponta afiada dentro da minha boca, juntamente com o gosto do meu sangue.

Aos poucos ele tirou suas garras da minha pele e segurou meu braço com força. Me colocou de pé e saiu da sala fechando a porta com força. Fechei meus olhos tomando um breve susto por conta do impacto da porta, mas tentei não me mover para frente, pois sentia minhas pernas fracas e se caísse mais uma vez, não conseguiria me levantar novamente.

Abri os olhos e notei espelhos grandes nos cantos de cada parede, e em cada um deles refletia uma coisa diferente, mas nenhum era como eu. Nenhum era anjo; todos eram demônios fortes e poderosos, e em ambos Lúcifer estava ao lado, com uma mão sobre o ombro do ser.

Em um dos espelhos, em minha frente a direita, a imagem do demônio começou a embaçar, sumindo aos poucos, mas o reflexo do rei do inferno continuava ali. Outra imagem começou a se formar no lugar da anterior. Uma garotinha de aparentemente cinco anos, vestindo uma camisola um pouco amarelada que deixava apenas a ponta dos seus dedos descobertas. Em uma das mãos ela segurava um ursinho marrom que acabou caindo e ela o olhou, não fez ao menos questão de junta-lo, então voltou a me encarar. Suas pupilas se dilataram, tomando conta total dos seus olhos.

Ela levantou o braço e deu um passo para frente saindo do espelho, estendeu o braço em minha direção, mas Lúcifer se abaixou ficando da altura da menininha e segurou sua mão a levando de volta para dentro do espelho.

Sins Of An AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora