24 capitulo: quatro passos para o abismo da morte

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   "no segundo estágio, desmaios e fraqueza"  

Eu estava agora há quatro passos do abismo escuro e profundo que a morte é.

Acordo no chão gelado do quarto com uma dor terrível em todo o corpo, principalmente nas costas, provavelmente caí da cama.

-droga - me sento com dificuldade limpando uma pequena gota de sangue, estava terrivelmente mal - menos um dia de vida - murmuro para mim mesma.

Já faz um dia que estou doente, ou seja, o tempo que tinha para me curar acabou, agora é só esperar, esperar os braços aconchegantes da morte me buscarem. Olho á minha volta. 

-Carl? - começo a cambalear para fora do quarto pouco iluminado - Carl?! - agora grito tonta, meu mundo girava e me jogava de um lado para outro - alguém? - pergunto a ponto de desmaiar, sinto o chão abaixo de meus pés se inclinar me fazendo cair.

-Melanie! - Carl aparece correndo e me pondo de pé - não devia estar aqui fora.

-não me abandone, por favor! - digo me apoiando em seu ombro sem forças.

-nunca - ele me abraça.

-quando chegar a hora...

-não fale assim.

-você sabe a verdade, sabe que eu tenho dias, horas ou até minutos de vida - digo assustada comigo mesma - então... Quando chegar, por favor, quero estar com você. A ultima coisa que desejo ver é você e Judith.

Ele me olha com medo, apesar de dizer que eu iria sobreviver, ambos sabíamos da verdade, a pura e dolorosa verdade.

-eu... - diz segurando lagrimas na garganta - vá para seu quarto, vou buscar minha irmã - diz indo atrás da menina

Volto a cambalear para meu quarto. Algo que me intriga muito é: Imagine... Se estivesse em seu ultimo dia de vida e soubesse disso, você obviamente faria tudo o que quisesse, realizaria todos os seus sonhos e por fim dormiria em paz. Não posso nem ao menos me mover direito, mesmo se pudesse, qual é? Estamos em pleno apocalipse zumbi. A unica coisa que posso fazer é chorar, agradecer por cada minuto em que não estou morta e contar meus últimos segundos de vida. Como eu digo: "menos um segundo de vida, um segundo mais próxima da morte".

Assisto a Carl e sua irmãzinha se aproximarem cabisbaixos pelo corredor, são estes momentos, estas cenas, estes sentimentos, que nos dizem que o fim está próximo. Judith corre até mim e me abraça forte.

-Mel... por favor, não nos deixe - diz chorando, limpo as primeiras lagrimas derramada pela menina fazendo a olhar nos meus olhos - para onde você vai?

-não sei, eu realmente não sei, Judy - seguro o choro com um sorriso melancólico - mas sempre estarei com você... bem aqui - ponho a mão sob seu coração.

-mas... Quando vai voltar? - se deixa levar pelo derrame de lágrimas densas.

-não chore - digo permitindo que uma unica lagrima atravessasse minha bochecha - eu vou ficar bem, vou rever o tio Gary talvez.

-mas eu não quero que vá - ela me abraça forte permitindo que suas lagrimas caíssem sobre meu ombro.

Levanto meus olhos para Carl, que aparentava usar todas as suas forças para manter o choro dentro de si. Ele se junta á nós no abraço envolvendo ambas em seus sentimentos mais profundos e deprimentes.

*****

Pela tarde, olhei me no espelho, e não me reconheci, assim como havia visto em Carl, meus olhos estava leitosos.Estavam vagarosamente se preenchendo de um branco denso, como a neve que caía  la fora.

"No terceiro estágio, temos o esbranquiçamento dos olhos".

Carl e Judith tentavam se acalmar um nos braços do outro, isto tudo mesmo que a menina não fazia ideia do que iria acontecer, Carl algum dia teria de apresenta-la para a  morte, faria isso sozinho. A pequena pensava que eu iria viajar, viver, sair do apocalipse  para um bom lugar simplesmente abandonando-os ali. Odeio o fato de que vou embora e deixar aqui a menininha esperançosa á me aguardar. Como eu diria para ela o que aconteceria comigo? Nem eu mesma sei... Será que simplesmente deixarei de existir? 

-Melanie? - Carl me acorda de meus devaneios.

-o que..? - estava deitada na cama - desmaiei de novo?

-sim - ele tira uma mecha castanha de meu rosto e se aproxima.

-não Carl - viro meu rosto - você pode ficar doente também.

-eu não ligo - diz tomando mais proximidade.

-mas eu ligo - afasto o rosto deixando uma lagrima me escapar.

É, parece que partirei sem um ultimo beijo, nunca mais. Uma gota de sangue escorre pelo canto de minha boca.

-Judy dormiu? - me sento na cama. 

-sim - sorri desanimado olhando a criança - como está se sentindo?

-como se estivesse grávida de um unicórnio gigante - sorrio.

-não é hora para fazer piadas - ele solta uma risadinha leve e se senta ao meu lado na cama.

***** 

"E depois..."

Algumas horas se passaram, e conversávamos baixo na mesma posição até que ouço soluços e lagrimas se derramando no lençol.

-Carl?

-você... - ele me abraça forte soluçando intensamente - seus olhos estão quase inteiramente cobertos.

Derramo uma lágrima com um sorriso melancólico no rosto.

-Carl... Me prometa... - enterro meu rosto em seu ombro agora me deixando levar pelas lágrimas - prometa que não vai me deixar cair no esquecimento?

-prometo - ele aperta mais o abraço.

-Eu... - sinto meus olhos pesarem e o meu corpo amolecer com uma dor intensa - eu te amo...

Meu corpo se derrama sobre Carl, fecho meus olhos lentamente. A hora chegou. Tudo fica escuro finalmente e caio em sono profundo.

Continua...

Eai? O que acham que acontecerá em seguida? Deixem sua opinião nos comentários e depois morram de curiosidade hahah. Não abandonem a história ainda, ainda há muuita coisa para acontecer.

Bia

O Recomeço // Carl Grimes #2 TWD Onde histórias criam vida. Descubra agora