Saída do Hospital

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- Mas não tem remetente. - Falo olhando para o cartão, de todos os ângulos.

- Agora come o cartão. - Manu fala e eu faço jesto de por na boca. Rimos.

- Será que você não sabe mesmo quem mandou? - Manoela pergunta deixando uma dúvida no ar. - Sério isso Ana Lú? Até eu sei. - Ela ri.

- Acho que sei quem é sim. - Sorrio, me sentando no chão gelado do quarto hospitalar.

- E...Então?

- E então...O QUÊ? - Pergunto arregalando os olhos.

- Não vai ligar pra ele, não?

Olho para o meu celular na mesinha ao lado.

- Tem créditos? Se não tiver, pode falar que te empresto.

Rimos.

- Tenho sim. Mas, não sei se tenho coragem de ligar. - Falo ficando vermelha.

- Não venha me falar que tá com vergonha né. Por favor né Ana Lú.

- Okay, vou ligar.

- Liga!

- Mas, espera, espera. Deixa eu parar de rir.

- Para com isso. - Manu fala rindo também.

- Espera. Vou ligar daqui a pouco.

- Sei, para de enrolar.

- Sério, vou ligar sim. Daqui a pouco ligo. Juro. - Falo e ela me olha desconfiada.

- Jura?

- Jurar é pecado!

- Quando é mentira Ana Lú.

- Tá bom. Juro. - Falo colocando minha língua pra fora, e mostro meus pés e mãos.

- Aah agora sim. - Fala e rimos.

- Nossa, quando vou sair daqui? - Manoela pergunta revirando os olhos.

- Acho que hoje. Calma Manoela.

Ouvimos alguém bater na porta.

- Oie, tudo bem? - Era Matheus.

Eu e Manu nos entre olhamos.

- Quer que eu saio? Para vocês conversarem? - Pergunto me levantando do pequeno sofá.

- Não. Só vim ver a Manoela mesmo. E falar que eu destraí nossos pais lá.

- Já prevejo chantagens. - Falei rindo.

- Que nada...Só algumas coisinhas bobas. Né maninha. - Matheus fala à abraçando.

- Sai pra lá Matheus. - Fala o empurrando e ele à abraça mais forte para irritá-la.

- É amor demais. Eu já disse isso? Aah, Já. Já sim.

- Que amor o quê, Manoela é muito chata. - Diz Matheus a soltando.

- Mas quando você precisa é Manuzinha pra cá, Manuzinha pra lá, amorzinho pra cá, vidinha pra lá. - Resmunga Manoela.

- Oie. Esse é o quarto da paciência Manoela, não é? - O Doutor Thiago fala entrando.

- Sim. Sou eu, a própria. E aí Doutor, quando vou sair daqui? Vai demorar? Já tô bem? Eu acho que sim, me sinto bem na verdade... - Desparou a falar nervosa.

- Calma. Notícia boa, você já recebeu alta, já pode ir. - Responde ele. Já podia perceber a felicidade no rosto de Manoela.

- Tá vendo. Falei que não ia demorar.

- Coisa boa maninha. Vai preparando, porque já sabe, né?

- Credo, mal saí, e já tá me ameaçando. Que irmão esse hein. - Bateu palmas, e Matheus riu.

Arrumamos as coisas da Manoela, e algumas coisas que eu havia levado.

Saímos do quarto.

- Ei, ei. - Ouvi alguém me chamar.

- Kath!

- Aonde está indo? - Perguntou me observando.

- An, bem...Vou embora agora. - Falei me ajoelhando perto dela.

- Mas, já?

- Preciso ir, se não a minha mãe vai me matar. - Falo e ela sorri.

- Você... - Faz uma pausa. - Volta, não é?

- Claro que volto. Aliás, na próxima te levo na minha casa para você conhecer minha irmãzinha. Ela vai gostar de você também, tenho certeza. Combinado?

- Sim. - Sorriu me abraçando.

Me despedi dela, e caminhei até a saída.

- Cadê o Matheus? - Perguntou Manoela olhando para os lados.

- Não faço ideia.

- Tô aqui, vamos? - Disse abrindo a porta do carro com um sorriso.
Entramos, e seguimos.

Após alguns minutos.
Saí do carro chegando em casa.

- Tchau Manu, Tchau Matheus.

- Tchau Lú. - Matheus fala me  lançando um sorriso.

Sorrio sem graça e entro.

(...)

- MÃE? - Grito entrando em casa.

Sem respostas.

- JULY? - Grito.

Sem respostas novamente.

Pra onde esse povo sai tanto? - Me pergunto em pensamentos.

Subo, e entro no meu quarto.
Tomo um banho quente, e coloco um pijama, com um moletom, e pantufas.
E deito na minha cama me cobrindo com uma coberta.

Me levanto novamente, me lembrando das flores. Vou até a cozinha, pego um jarro, encho de água e coloco - às.

Não recebo flores desde quando? Aah é mesmo...Nunca recebi não.

Sento em um banco na cozinha e observo o meu celular em cima da bancada.

Ligo ou não? Mas...E se não tiver sido ele? Aí vai ser que nem aquelas personagens de filmes iludidas que agradecem a alguém por algo, e em seguida descobrem que foi outra pessoa. E aí pronto. Morro de vergonha. Morta. Definhada. Passada. Assada. Aai isso me lembrou churrasco.

Peguei meu celular e disquei o número de Murilo.
Nossa, eu sei de có. De tanto ficar olhando o perfil do garoto. Okay, ninguém sabe. Ninguém viu que eu faço isso.

Ri sozinha.

Logo a ligação começou a chamar.

Alguém atende.

- Alô? Quem é?

Ue. Como assim? Ele não tem meu número salvo não? Aaah burra! Tu ligou no confidencial.

Permaneci intacta, não saía uma palavra da minha boca. Nada. Nadinha mesmo.

Ele esperava por algo, alguma palavra, alguma reação, qualquer coisa.

- Ana? É você?

(...)

Ironia Do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora