Alice e Williams

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Duas mulheres conversavam tranquilamente num café quase vazio. Era pausa para o almoço nas empresas, e as amigas haviam combinado de "colocar o papo em dia". A mais velha delas usava típicas roupas de escritório, seus cabelos negros presos num coque bagunçado e os olhos azuis cobertos por óculos de grau grossos. Já tinha seus 28 anos, porém a aparência dava a entender que mal chegava na casa dos 20.

A outra, que mal chegava a ser uma "mulher", tinha uma aparência completamente oposta a de sua colega: Saia jeans, moletom azul claro, cabelo loiro e perfeitamente arrumado em maria-chiquinha e uma mochila lotada de livros de medicina. Elas eram Alice e Isabelle, e pelo fato de se conhecerem desde pequenas e da mais velha (por questão de 3 anos) ser casada com o primo da mais nova, as duas tinham desenvolvido certa amizade fazia algum tempo.

"Sério Lice, eu tenho uma pergunta mega importante pra fazer." Isabelle falou, tomando um gole de seu descafeínado. "Como você aguenta?" Alice esperou a continuação, estava exausta demais pra joguinhos de pergunta, apesar de saber que eles eram preferência da loira. "O casamento, quero dizer. Lógico, apesar do meu primo mala não ser uma pessoa tão má assim, vocês não cansam sexualmente falando?"

"Indiscreta você, não?" A morena ironizou.

"O que? Todo mundo fica curioso com como as coisas funcionam entre vocês. Já estão casados há quase 8  anos e esse foi o primeiro relacionamento de ambos. Não dá curiosidade de experimentar outras coisas?"

"Infelizmente pra você e todas as pessoas que queriam xeretar isso, meu intervalo acabou, então até mais." Sem dar espaço para "mas", Alice pagou seu café e se dirigiu de volta ao prédio onde trabalhava. Estava completamente ciente de como as pessoas falavam dela e de Williams, seu doce e ao mesmo tempo sarcástico marido. Já tinha ouvido falarem que eles só tinham um casamento de fachada, ou que traíam um ao outro, ou até que eram assexuados. Sinceramente...

"Bando de gente sem mais o que fazer." Completou seu pensamento num murmúrio cansado.

"Ei, em minha defesa já terminei todo o meu trabalho pra hoje, então posso te processar por calúnia." Alice quase caiu da cadeira com a voz conhecida de Williams atrás dela, seguida de uma risadinha enquanto o loiro desfazia o nó da gravata, parecendo um condenado se livrando da forca. Por quanto tempo ela tinha "viajado"? Pela paisagem noturna mostrada pela janela e o escritório vazio com exceção dos dois, mais do que pretendia.

"Estava pensando alto, foi mal." A mulher finalmente respondeu, levantando e abraçando seu único acompanhante no mausoléu que aquele lugar se transformava depois das 17:00.

"Você se distraindo no trabalho, isso é raro." Alice estava prestes a responder, contar o que tinha acontecido mais cedo, porém seu raciocínio foi interrompido quando sentiu a pressão dos lábios grossos de Williams contra os seus. A língua dele passava por cada centímetro de sua boca e se enroscava com a dela própria, e só aquilo era capaz de fazer as pernas dela cederem um pouco. Sabia muito bem o que aquele maldito estava planejando.

"Wil, você sabe que só porque está escuro não quer dizer que estamos sozinhos. Tem os seguranças, inclusive um que deve estar assistindo as câmeras de vigilância nesse momento." A morena tentou argumentar enquanto era colocada sentada em sua mesa de trabalho e sentia os arrepios causados pelas mãos dele em suas coxas.

"Não seria engraçado se eu tivesse coincidentemente dado uma ajuda monetária ao cara das câmeras?" Williams deu um sorrisinho sacana, desabotoando a calça da esposa e a puxando até os tornozelos. O sorriso só aumentou quando ele localizou seu alvo, coberto por uma pequena calcinha de renda preta.

"Você subornou um dos seguranças." Ela apontou, revirando os olhos, mas ao mesmo tempo querendo rir. Aquele tipo de atitude era típico dele.

"Os únicos filmes pornô nossos que preciso são os que temos em casa e os vídeos especiais que você me manda quando tenho viagens do trabalho." Ele riu, aproveitando a distração para introduzir lentamente um dedo em Alice, recebendo um gemido controlado em resposta.

"E quanto aos outros seguranças, hein espertinho?"

"Ah, mas se eu me livrasse de todas as possíveis humilhações qual seria a graça?" Williams moveu seus dedos mais rapidamente, e a morena finalmente se rendeu. Não que estivesse com vontade de lutar, para ínicio de conversa, até porque sua mão direita já havia se dirigido para dentro da blusa, onde brincava com um dos seios, enquanto a outra mão segurava os fios loiros do marido, os puxando sincronizadamente com a intensidade dos gemidos.

"Desse jeito vou sair daqui careca." Ele brincou, adicionando mais um dedo e sentindo o corpo esguio tremer com a diferença. Era impressão dele ou ela estava mais sensível que o normal? "Ah, já entendi! Você estava com vontade de fazer algo assim antes de eu ter a ideia, não?"

"N-Não." Alice gaguejou, tentando negar o óbvio, porém a verdade é que uma vez ou outra se pegava imaginando como seria a sensação de fazer sexo naquele lugar que a deixava tão cansada e estressada. Como poderiam realizar aquilo? O que o loiro falaria, quais seriam seus toques, suas carícias, suas vontades... Aquele tipo de pensamento era quase sempre uma escapatória da rotina irritante de relatórios e colegas invejosos, e agora tinha se transformado em realidade. Com um turbilhão de lembranças e sensações, Alice sentiu o orgasmo se aproximando, puxando mais forte os fios dourados de seu amado e gritando tão alto que provavelmente ia ter alguém ali pra checar o barulho em breve.

"Parece uma sirene de incêndio." Williams riu, lambendo lentamente os dedos molhados para provocar a esposa.

"Como se eu já não estivesse excitada o suficiente." Ela pensou, subindo a calça e tentando levantar.

"Não, não." O loiro mexeu o dedo indicador em negativa, colocando ela nas costas. Antes que a morena pudesse protestar, o elevador se abriu e revelou dois seguranças com caras preocupadas. "Ah, imaginei que iam vir checar por causa do grito. Relaxem, essa aqui só estava tão cansada que acabou tropeçando e caindo de cara no chão. Eu vivo avisando pra ela parar de trabalhar demais, mas parece até que falo pras paredes. Desculpem o incômodo." Depois dos homens dizerem que "estava tudo bem" e que "esse tipo de coisa acontece", o casal pegou o elevador e em poucos minutos estavam no carro, onde ambos caíram na risada e fizeram piadas sobre o ocorrido até chegarem em casa. Realmente Alice nunca ia conseguir entender os motivos de acharem que iam se cansar um do outro.  

Histórias para esconder embaixo da camaOnde histórias criam vida. Descubra agora