Editorial

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A Ecos 6 é uma nova Ecos.

Chegamos a nossa sexta edição cientes de que era hora de mudar. As mudanças foram pequenas, imperceptíveis para o leitor, mas para nós, jovens escritores, fizeram todo o sentido.

Emprego "Jovens" no sentido mais abstrato possível, por­que durante os dois anos de sua existência, a Ecos viu escrito­res emergirem pouco a pouco por detrás de suas narrativas desconexas e de seus personagens inertes, para se tornarem contadores de histórias competentes. Talvez não sejam jovens, mas sim escritores "recém-nascidos". Independentemente disso, se existe uma coisa que pode atrair um grupo de mentes criativas em torno da organização de uma mostra literária, é a capacidade ou a necessidade de contar histórias.

Suas mentes conservam a inocência e a imaginação que muitos já perderam e são capazes de enxergar nos aconteci­mentos mais banais as histórias mais impressionantes. E fazem isso com a maior naturalidade do mundo, porque se sentem livres para se abrirem e contarem suas histórias da maneira que nasceram em suas mentes.

Por isso mudamos, porque diante do talento que se revelou aos poucos, percebemos que quanto menos regras tivéssemos, mais liberdade o escritor teria para criar. Não impomos mais limites ou exigências quanto ao tema. Aceitamos textos de qualquer gênero ou tamanho. Pedimos apenas que os escrito­res sejam honestos com seus leitores e respeitem as próprias limitações. Por consequência disso, montamos a maior edição da Ecos desde o seu nascimento, em 2014. Você, leitor, está diante de uma coletânea de onze contos que, coincidentemen­te, tratam de mudança (o que, na verdade, não é coincidência nenhuma). Em um universo de entropia crescente, a mudança é quase o seu elemento mais fundamental e é na literatura em que seu papel fica evidente. Afinal, o que são histórias se não contos sobre a capacidade humana de mudar e se adaptar ao mundo? Por meio da consciência humana com seus constantes debates internos, ilustrados perfeitamente pelo conto Fluxo, das batalhas em que a ordem do mundo parece depender unicamente do fato de poder haver um único vencedor, tão bem representadas pelo conto Sombras e Relâmpagos, e dos acontecimentos capazes de tirar o planeta ou uma vida dos seus eixos, seja pela força destruidora de um meteoro ou de uma memória, como em Abalos de Final do Ano, o mundo procura atingir o seu equilíbrio máximo e, no processo, acaba forne­cendo material infinito para que nós, escritores, criemos.

Então convidamos você a ler nossas histórias e a acompa­nhar as mudanças pelas quais passam não só nossos persona­gens, mas nós mesmos, "jovens escritores". Porque afinal, já dizia Thomas Pynchon que "o mais interessante nos jovens são as mudanças, não a fotografia estática do caráter acabado, mas o filme, a alma em fluxo.".

E. Reuss

Mostra Ecos 6ª ediçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora