para sempre seus olhos

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A campainha toca. Quando abro a porta, meu pai é quem está na entrada, olhando para mim com aqueles olhos verdes, daquele tom que a grama fica na Primavera.
Quando o vi ali parado sorrindo para mim, não me aguentei,a alegria era tanta em vê-lo, ali,de novo junto a mim, depois de quase duas semanas. Corri em direção a ele e pulei em seus braços ao mesmo tempo em que ele me segurou.

-Pai,você voltou!-falei meio rindo,meio soluçando.

-oh rapaz!claro que voltei.-disse
ele,entrando dentro de casa comigo ainda em seus braços.

-Pensei que você não fosse voltar.-disse baixinho-achei que você tivesse se cansado de mim,e ido embora....Como a mamãe fez.-assim que acabei de falar,eu vi o rosto do meu pai mudar,uma careta que expressava dor,e então sem dizer nada,me abraçou novamente,e falou baixinho:

-Eu nunca ,escuta bem,nunca te deixaria,ou me cansaria de você!-respirou fundo-você é meu filho,e...eu te amo!

Ficamos abraçados ali por um tempo,até meu pai sugerir que deveríamos sair,ingerir alguma gordura trans por ai,então eu fui pra o meu quarto tomar um banho e me trocar.
Eu coloquei minha melhor roupa,era uma camisa pólo azul cobalto,jeans escuros e um sapa-tenis.Tinha ganhado essa roupa do meu pai fazia um ano,então as mangas da camisa estavam um pouco curtas,não imaginei que fossem ficar curtas agora,mais crianças também crescem!
Quando desci ele já estava me esperando na frente do carro,andei mais depressa em direção a ele e então...parei,não tinha tido tempo de observar meu pai,olhando assim pude perceber,o meu pai mudou,ele parecia mais velho,tinha mais alguns cabelos brancos que eu poderia jurar ,a duas semanas eles não estavam ali,tinha uma aparência doente e preocupada...Como eu pude não perceber que meu pai parecia tão doente?!como fui tão cego a esse ponto!meu Deus.
Parei de encarar,e continuei meu percurso em direção ao carro,assim que ele me viu abriu aquele sorriso que transformava seu rosto,não sei porque mas senti um aperto se formar dentro do meu peito.

Nós fomos ao shopping,comemos,assistimos a um filme,entramos em algumas lojas,e decidimos ir pra casa antes que
meu pai resolvesse dormir em algum banco daquele.Na ida ao shopping,não falamos muito,mas na volta conversamos sobre tudo,escola,filmes,futebol,livros,mamãe e até sobre a Helena.

-Helena?quem é Helena?-soou um pouco confuso.

-Helena-falei com aquele ar de quem está citando alguma poesia,ou um segredo revelado-Helena é uma amiga.

-ah.Uma amiga,sei.-senti que ele estava tentando segurar o riso mais não estava tendo muito sucesso.-então,onde a conheceu?

-conheci ela em um sonho,na estrada para o caminho do paraíso proibido.

-filho,filho..

-é sério pai.- imterrompi ele e expliquei quem era,e onde havia conhecido Helena,contei como ela era,como sempre prometia uma visita.

A Helena era a única amiga que eu tinha,tirando meu pai.Era ela que me fazia compahia quando ele estava viajando,era ela que me abraçava quando eu chorava e me perguntava porque minha mãe tinha me deixado,coisa que eu não podia fazer com meu pai,pois só de ouvir o nome da mamãe ele já se fechava.
Ela me fazia sorrir,ela via o mundo de um jeito único,ela parecia enxergar a alma das pessoas com grande facilidade.

O meu pai me olhou preocupado,examinou meu rosto,como se quisesse guardar cada traço meu,depois desviou os olhos e esboçou um sorriso.

-você é uma figura,Pedro!-foi tudo o que disse.

Passaram-se os dias,e meu pai começou a trabalhar,e mais uma vez eu tive que ficar"sozinho"em casa,mas pelo menos o via de noite,e também tinha a Helena...

Os Contos De ElizabethOnde histórias criam vida. Descubra agora