capítulo 3

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Acordei com o sol batendo ao meu rosto,já que o meu celular esteve de encontro com a parede à algumas horas devido atrapalhar o meu sono.

São 5:15,graças a meu bom Deus,eu não estou atrasado.

Decido tomar um banho rápido,e comer alguma coisa,não confio muito em comida de hospital,com aquela aparência pastosa...

Quando desci já pronto pra ir pra o trabalho,encontrei com minha tia e com minha prima,que estavam sentadas à mesa e imersas em uma conversa que mal notaram quando me aproximei,dizendo:

-Bom dia para as duas mulheres da minha vida.

-Ai meu Jesus Cristo!-exclamou Luiza,me olhando de forma acusadora.

-Não,não.Meu nome é Pedro.-respondi com um sorriso cínico.

Apesar de os meus primos não serem muito chegados a socializar,quando interagiamos um com o outro,fazíamos a minha querida tia ficar de cabelos em pé.

-Bom dia,Pedro.-respondeu minha tia,que estava fritando uns ovos.

-Mas que cara é essa?-pergunto olhando para a Luiza,que parecia que tinha sofrido a maior desilusão da sua vida.

-Ah,Pê!-suspirou ela-Você não soube? A Melissa vai embora.

-Embora?-não sei,mas senti algo se mexer lá no meu íntimo,tudo bem,não gostava muito da Melissa,mas a notícia de que não ia mais ter nenhuma maluca me perseguindo mexeu mais comigo do que eu esperava.-Como assim ela vai embora?porque?

-Os pais dela estão se divorciando,o pai dela vai continuar morando aqui,mas a mãe dela quer ir pra outro lugar,e...a Melissa não quer ficar longe da mãe,então...-ela parou de falar,pela expressão que minha prima continha,percebi que ela tentava,sem sucesso,segurar o choro.

Saí do pé da escada onde me encontrava e fui abraça-la,não suportava ver pessoas chorando,principalmente mulheres.

-Oh,Luy!Não fique assim,vocês ainda vão continuar se falando,eu sei que não é a mesma coisa,mas as vezes é melhor ter o pouco com alguém do que não ter nada,e...-parei de falar devido às lembranças que me vieram.A todo momento,todos os dias,eu sufocava essas lembranças,mas tinha dias como esses que não era assim tão fácil.

Enquanto rebatia com força física e mental às lembranças de meu pai,me lembrei de algo que as vezes o meu pai cantarolava.:

-"As vezes,você precisa queimar algumas pontes pra mater o equilíbrio entre a loucura e a sanidade."

-O que você quer dizer com isso?-perguntou ela cuja voz saiu abafada por ela estar com o rosto encostado em meu ombro.

-Era uma coisa que o meu pai dizia as vezes,não sei bem o que ele queria dizer mas eu criei meu próprio entendimento...

-Oh,Pê....-começou ela.

-Tudo bem,bom...continuando,eu acho que ele queria dizer que algumas vezes,tudo bem chorar e sentir tudo isso,faz bem.-respirei fundo.-Não sei bem se é isso que a frase quer dizer,mas...,se você quiser chorar,chore,mas quando você tiver com ela,quando você estiver conversando com ela,mesmo que ela esteja a 450 km daqui,por favor ,não desperdice esse tempo e esse seu sorriso lindo por coisas que não vão te fazer bem.

-Obrigada.

-De nada.

-Bom...-falou minha tia manifestando-se pela primeira vez.-Que tal tomarmos café?

Olhei para o relógio,e vi para a motivação de meu breve desespero que já estava quase em cima da hora,eu não podia e nem ia chegar atrasado no meu primeiro dia de trabalho .

Os Contos De ElizabethOnde histórias criam vida. Descubra agora