capítulo 10

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Dois dias atrás,
eu tinha combinado com a Nádia de ajeitar o quarto dos fundos do hospital pra Juniin.

Hoje,dia de sábado,estou eu,em uma loja de decoração de quartos com a Nádia,uma enfermeira do hospital que eu trabalho,e o meu amigo,Carlos,de quem eu já estou começando a duvidar da sexualidade.

Pelo menos,as pessoas presentes na loja não estão nos olhando torto,porque se não essa seria mais uma loja que não poderíamos entrar.

Hoje era a folga da Nádia, então viemos hoje ,e ela deu a ideia de chamar o Carlos.

Já escolhemos a cor do quarto.

Iria ser azul bebê. Quem escolheu foi o Carlos,que estava com cara de idiota por ajudar a escolher as cores do quarto dela .

Ele me lembrava um pai que acabara de receber a notícia de que seu filho seria um menino.

Era engraçado de se ver.

Chegou a vez de escolher um papel de parede.

Depois de muita discussão entre o Carlos e a Nádia,optamos por um florido azulado.

Minha barriga ainda estava dolorida por causa das gargalhadas que eu dei devido a briga daqueles dois.

Depois das cores,fomos para os móveis.
Não comprariamos uma cama,iria continuar sendo a do hospital.

Compramos um abajur,uma cômoda e um baú.

O baú fui eu que escolhi,para guardar os livros que eu já tinha comprado para ela.

Nós três dividimos o pagamento.

Uma parte minha.
Outra do Carlos.
Outra da Nádia.

Ao sairmos da loja,depois de ter comprado tudo,fomos à uma sorveteria.

Ficamos lá por uns minutos,jogando conversa fora,até....

-E ai Pedro!,você já decidiu o que vai fazer semana que vem?! No domingo?-perguntou Carlos,me atingindo em cheio.

Domingo.Semana que vem.

Era meu aniversário.

Lembrar disso acabou com qualquer ânimo que eu sentia naquele momento. Eu sei que o Carlos não fez por mal,mas eu não comemoro mais meu aniversário desde a morte do meu pai.

E ouvir que semana que vem eu iria completar 17,não me animava como poderia animar qualquer um.

Para mim,era mais um ano de uma vida em que meu pai não estava presente.

Senti um aperto no peito,e meu semblante fechar.

Para não magoar o Carlos ,coisa que era bem possível,considerando como meu humor ficava devido esse dia, simplesmente levantei da cadeira ,coloquei o dinheiro do meu sorvete na mesa e fui embora.

Enquanto dobrava a esquina escutava um Carlos desesperadamente culpado e uma Nádia estática,gritando por mim.

Eu sabia que eles não tinham feito nada,sabia que devia parar e explicar tudo,mas eu não ia fazer isso.

Então simplesmente continuei andando.

Até sentir minhas pernas cederem ao chão,devido ao meu estado emocional.

Caí de joelhos em um beco qualquer. Ofegante,e com os olhos marejados.

Sentei-me e respirei fundo,esperando aquela vertigem passar.

Não sei por quanto tempo fiquei ali ,parado,olhando para o nada,mas em algum momento, o Carlos e a Nádia me encontraram.

O Carlos se sentou ao meu lado,como uma forma de apoio silencioso.

Os Contos De ElizabethOnde histórias criam vida. Descubra agora