capítulo 9

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Acordei à base de almofadadas.

Por incrível que pareça, o Carlos já estava acordado, e estava prestes a jogar um jarro de água em minha cabeça ,na tentativa miseravelmente falha de me acordar.

À todos os gritos dados por ele a minha única resposta era um simples.:

Hummhum.

E me virava para o outro lado.

Até que o Carlos disse uma coisa que me fez prestar atenção nele.:

- Pedro,meu amigo! Se você não levantar agora ,eu juro,vou te acordar à base do beijo.

Não,realmente,eu não queria um beijo do Carlos.

Definitivamente,não.

Levantei-me com um mortal duplo.
Fiz minhas higienes, coloquei o uniforme e desci.

Graças ao Carlos me levantei a tempo de tomar um bom café-da-manhã,junto com todos da minha família.

Terminamos de tomar café e fomos cada um pra o seu lado específico .

Seguimos, eu e o Carlos em direção ao hospital. Quando estávamos quase na porta,o Carlos dobrou a esquina,em direção à escola.

E mais uma vez,como sempre,a Nádia estava parada na porta,me esperando.

Acho que ela já não tinha mais que me esperar,não de verdade,mas esperava mesmo assim.

E eu gostava disso.

De pessoas me esperando,se preocupando comigo.

Isso me fazia sentir ,que eu era de alguma forma,importante.

Entramos e cada um foi fazer suas tarefas,depois de combinarmos de nos encontrar na cafeteria do hospital.

A Nádia estava até que empolgada com a Juniin. Era pra isso que íamos nos encontrar na cafeteria,para falar sobre ela,discutir ideias,fazer listas de compras,planejar um modo de fazer a vida dela melhor.

Eu sei que ela só estava em coma,também sei que isso não é tão pouca coisa. Talvez eu estivesse desperdiçando chances e dinheiro,dinheiro que eu poderia usar pra qualquer outra coisa,mas eu não me importava.
Eu só queria fazer a vida dela um pouco melhor,fazer a diferença.

Queria ser os seus olhos,enquanto esses mesmos ainda não estavam abertos.

Queria fazer ser especial.

Queria...que mesmo quando ela acordasse e talvez fosse embora,ela levasse alguma lembrança boa de tudo isso.

Queria que se lembrasse de mim.

E aqui estava eu, em meio à esses corredores que já me são familiares,tendo pensamentos autodestrutivos.

Sim,pensamentos autodestrutivos. Porque mesmo fazendo tão pouco tempo,eu já tinha me apegado à ela,já estava acostumado à conversar com ela,ler com ela....

Acostumado a levantar de manhã e vim ao hospital fazer o meu trabalho e depois ir estar com ela...

Ela tinha me dado responsabilidade. Tinha me dado motivação...

Tinha me dado mais um motivo para continuar respirando.

E a verdade,mesmo eu sabendo que isso iria acontecer um dia,é que eu não queria que ela fosse embora.

Talvez se eu dissesse isso à qualquer outra pessoa,ela não entenderia.

Talvez até eu mesmo não entendesse se não estivesse acontecendo comigo.

Os Contos De ElizabethOnde histórias criam vida. Descubra agora