Desentorpecendo

Capítulo 2 - Fugindo

Capítulo 2 – Fugindo

Despertei de forma abrupta e me sentei na cama olhando em volta, completamente atordoada. Uma vaga lembrança, algo meio nebuloso, como um sonho distante, pairava em meus pensamentos, deixando-me tonta. Pisquei algumas vezes tentando espantar essa sensação estranha. Algumas cenas avulsas perpassavam por minha mente e eu não sabia dizer se eram reais ou apenas fruto da minha inconsciência.

De repente, três batidas na porta me sobressaltaram. Respirei fundo e murmurei um "Entre", rouco e desanimado.

A porta se abriu e eu congelei. Meu coração perdeu uma batida e eu esfreguei os olhos com as mãos para ver se estava enxergando direito. Peeta entrava em meu quarto, Grace Sae ao seu lado parecendo meio acanhada. Ele estava com os cabelos louros levemente desgrenhados, como se tivesse acabado de acordar e sua camiseta cinza estava amarrotada. Ele sorriu ao me ver acordada, assim como Grace.

- Se sente melhor? – perguntou ele parando há alguns centímetros da minha cama.

Eu engoli em seco e passei a mão pelos cabelos, os quais estavam bagunçados e olhei para Grace. Ela sorriu um pouco e se virou para olhar Peeta.

- O que aconteceu ? – perguntei ao invés de responder a sua pergunta.

- Bom, - disse Grace antes que Peeta pudesse se pronunciar. – você entrou no quarto de Prim e começou a chorar e depois ficou simplesmente deitada no chão olhando para o teto e não respondia ninguém, nem Haymitch. Então chamamos Peeta e ele a trouxe para o quarto assim que pegou no sono.

- Você ficou um pouco histérica. – acrescentou Peeta baixinho.

- Desculpem-me. – falei sem saber exatamente o porquê. Eu não era de me desculpar, mas não consegui segurar a palavra em meus lábios.

- Não tem porque se desculpar Katniss. – falou Peeta o olhar afável. Olhei-o nos olhos e não disse mais nada. Não consegui desviar o olhar e ele tampouco.

Grace ergueu uma sobrancelha e nos observou por alguns segundos. Então sorriu.

- Bom, vou buscar seu café da manhã, Katniss. – eu assenti, sem nem ao menos prestar atenção no que ela havia dito e então ela saiu do quarto, a porta se fechando atrás de si.

E o silêncio reinou no quarto. Foi Peeta quem o quebrou.

- Se sente melhor? – perguntou ele novamente.

- Sim. – respondi simplesmente.

- Quer falar sobre...

- Não. – interrompi-o de forma rude e cortante.- Obrigada. – acrescentei.

Novamente ficamos em silêncio até Grace aparecer com minha bandeja de café da manhã e se retirar logo em seguida sem dizer uma palavra.

-Peeta, eu queria me desculpar pela madrugada passada. – falei em um só fôlego. – Eu estava um pouco nervosa pelo pesadelo, não queria ter sido tão rude com você.

- Eu entendo, não precisa se desculpar. Eu é quem não devia ter proposto o jogo... Sei que não quer lembrar dos Jogos Vorazes, e...

É claro que não estava bravo, pensei irritada. Ele era sempre bom demais para ficar chateado. Fechei a cara. Ele sempre daria um jeito de colocar a culpa em si mesmo.

Depois de alguns segundos, lembrei-me de meu café da manhã e me ajeitei na cama, colocando a bandeja em meu colo.

- Quer... me acompanhar? – perguntei. Primeiro porque eu me sentia desconfortável em comer com ele olhando e segundo, porque havia comida o suficiente para cinco naquela bandeja. Algo me dizia que Grace Sae fizera isso propositalmente.