Capítulo 5 - Leave Out All The Rest

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Dedicado a ela ^ por me fazer uma pessoa mais feliz com comentários

"Quando minha hora chegar, esqueça o que eu fiz de errado. Ajude-me a deixar para trás algo de que sentir falta"

Título por: Linkin Park

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Stella

Descobri enquanto nos preparávamos para partir, ainda em meu apartamento, que Lucian estava longe de ter tantos problemas financeiros quanto eu. Aparentemente, a mesma ‘ordem’ de que estávamos fugindo enviava dinheiro mensalmente para que ele ‘tivesse uma vida confortável’. Em termos mais claros, ele era rico. Senti-me de certa forma traída por ele ter mantido essa informação em segredo, mas logo afastei esse pensamento. Nós éramos praticamente desconhecidos, o que significava que ele não tinha obrigação de me contar coisa alguma, mesmo que eu não quisesse aceitar a verdade.

Não fui a única a ser surpreendida, no entanto. Lucian passou claramente preocupado o tempo que levamos para colocar o essencial em minha mala, até que resolvi questionar o motivo de tanta tensão. Ele suspirou. “Não é nada muito grave. Só estou pensando no que teremos que fazer para sair do país.”

Encarei-o, confusa. “Por quê? A não ser que você ache que o velho vai nos seguir, ou que estejamos indo a algum lugar que exija visto, não vejo qual o grande problema. Você não é procurado pela polícia ou coisa assim, é?”

Ele riu e balançou a cabeça. “Não, claro que não. Mas vamos precisar apresentar o passaporte para viajar.”

Sua justificativa só aumentou minha confusão. “E? Não acredito que você não tenha um. Eu tenho, e nem sonho em ter dinheiro para viajar. Claro que é só porque foi uma das últimas coisas que meus pais fizeram por mim, mas ainda assim.”

Sua incredulidade ficou clara em seu rosto. “Você tem passaporte.” Soou quase como uma pergunta, então assenti. “Não acredito que passei esse tempo todo me preocupando por nada. Vamos, nosso voo sai em duas horas.”

A partir daquele momento de alívio, tudo correu muito mais tranquilamente. Foi assim que acabei a bordo de um avião com destino a Paris, adormecendo ao lado de Lucian, nossos dedos entrelaçados. Jesse provavelmente estava enlouquecendo no compartimento de carga, mas eu estava cansada demais para realmente me importar.

Uma escuridão profunda e inescapável me cercava, mas eu podia distinguir os ecos de uma voz. Era a voz de minha mãe que eu ouvia, e isso foi o suficiente para que eu soubesse que era um sonho.

“Grandes eventos a aguardam, minha filha. Você pode mudar o futuro. Mas agora não é o momento. Logo, Stella, logo. Lembre-se... Reddite Caesari quae sunt Caesaris. A lei é clara. Animan pro anima.

Acordei assustada. Assim como o sonho da batalha, sabia que aquilo não era somente fruto de minha imaginação. Lucian levantou as sobrancelhas em uma pergunta silenciosa, fazendo-me suspirar. “Você fala, ou pelo menos entende, latim. Estou certa?” Ele assentiu. “Pode traduzir duas frases para mim? ‘Reddite Caesari quae sunt Caesaris’e ‘Animan pro anima’.”

Ele franziu o cenho. “Quer dizer ‘dai a Cézar o que é de Cézar’ e ‘Uma vida por uma vida’. De onde surgiu isso, Stella?” Era óbvio que meu súbito interesse nas frases em uma língua morta o perturbava.

Mordi o lábio. Ainda havia a possibilidade dele achar que eu era louca. “Acabei de sonhar.” Respirei fundo antes de continuar. “Quem falou foi minha mãe, e eu sei que não foi só um sonho, Lucian. Assim como o primeiro sonho que tive com você. Eu não sei o que eles significam, mas acho que você sabe, mesmo que não queira me falar. Ela me disse que eu posso mudar o futuro, aliás... O que quer que isso signifique.”

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